8 contribuições dos microrganismos que você nem imaginava – Parte 1

Microrganismos são bem mais legais do que dizem por aí. Confira algumas de suas contribuições à nossa vida - eu aposto que você vai se surpreender!

Os microrganismos são formas de vida microscópicas e unicelulares, encontrados na natureza como células isoladas ou agregados celulares. Eles abrangem diferentes grupos taxonômicos, como o das bactérias, dos fungos e das microalgas.

A existência de seres vivos invisíveis a olho nu foi abordada primeiramente no final do século XVII por Anton van Leeuwenhoek. Nessa ocasião, o cientista holandês atribuiu a esses seres os processos de fermentação de vinhos, por exemplo, algo já conhecido e apreciado pelos humanos séculos antes dessa observação de Leeuwenhoek. 

Anos mais tarde, outros cientistas, incluindo Louis Pasteur e Robert Koch, estudaram mais a fundo essa questão, determinando a existência dos microrganismos e que eles poderiam ser causadores de variadas doenças.

Atualmente, apesar da população em geral demonstrar um certo medo dos “micróbios, sabe-se que os microrganismos são, em sua maioria, não-patogênicos, ou seja, não causam doenças. E mais: eles podem ter inúmeras contribuições à vida humana. Os microrganismos são impressionantes e o Profissão Biotec já falou sobre seu “mundo extraordinário” nesse texto.

Os lactobacilos são um ótimo exemplo de microrganismos que contribuem com a saúde humana. Fonte: Lady Slime.

A lista abaixo destaca 8 áreas em que há contribuições dos microrganismos e você nem imaginava, então continue a leitura para ficar por dentro do assunto!

1. Biorremediação

A biorremediação pode ser definida como  um processo que reduz a concentração de poluentes a um estado inócuo (ou seja, que não causa danos) por meio de mecanismos biológicos

Existem bactérias, fungos e microalgas capazes de atuar na remoção e degradação de poluentes industriais, como aqueles oriundos, por exemplo, das indústrias de petróleo, química, têxtil e de papel. Alguns gêneros bacterianos, como é o caso de Paenibacillus, podem também atuar na redução de poluentes em água de esgoto.

Relacionado a isso, temos a bactéria Ideonella sakaiensis, capaz de degradar completamente um pedaço de plástico – material que pode durar centenas de anos na natureza – em 6 meses. O Profissão Biotec falou sobre isso aqui, apelidando a Ideonella sakaiensis de bactéria sustentável.

2. Moda & Cosméticos

Seja na indústria têxtil ou de cosméticos, os pigmentos são substâncias muito relevantes para dar um toque especial ao produto. Entretanto, a maioria deles é artificial, podendo estar relacionados a alergias e efeitos tóxicos, além de apresentarem baixa biodegradabilidade. Uma inteligente solução é utilizar pigmentos e corantes naturais, que podem ser produzidos por diversos organismos, como fungos e microalgas.

Falando em microalgas, esses microrganismos fotossintetizantes são os queridinhos da indústria de cosméticos. Isso porque além de produzirem uma gama de pigmentos, ainda são capazes de gerar compostos com propriedades terapêuticas e nutritivas. Já imaginou combater as rugas de forma sustentável? Isso já é uma realidade – confira nesse texto do Profissão Biotec!

No caso da indústria têxtil, a nova moda são os tecidos produzidos a partir de microrganismos. Os biotecidos são uma alternativa mais sustentável em relação à cadeia produtiva tradicional dessa indústria. Tecidos esportivos também são contemplados por essa inovação biotecnológica! De maneira geral, as bactérias são as principais produtoras de biotecidos. O Profissão Biotec te conta tudo aqui!

Protótipo de jaqueta com tecido produzido por bactérias desenvolvida pela designer de moda Suzanne Lee. Crédito: Biocouture; Fonte da imagem: Vice


3. Petróleo (e afins)

O petróleo é um composto orgânico altamente valioso e presente em quase tudo em nosso cotidiano. Entretanto, ele também é relacionado a desastres ambientais e conflitos entre países, o que, junto ao fato de ser um recurso finito, estimula a exploração e desenvolvimento de tecnologias mais limpas e sustentáveis.

Um ponto importante é a produção de diesel, que tende a ser substituído pelo biodiesel – consequentemente, substituindo o petróleo por fontes renováveis como matéria-prima. A Petrobras, empresa referência do setor petrolífero brasileiro, vem trabalhando, por exemplo, na produção de biodiesel  a partir de microalgas (confira aqui). Além disso, os plásticos, materiais tradicionalmente derivados de petróleo, podem ser produzidos a partir de biopolímeros gerados por bactérias. Obviamente o Profissão Biotec já explicou sobre os “bioplásticos” e você pode ler aqui.

Porém, como muitas dessas tecnologias ainda estão em processo de desenvolvimento, o petróleo se mantém um dos principais produtos do nosso dia a dia. Ainda assim, os microrganismos têm sua função! Eles contribuem com praticamente todas as etapas da cadeia produtiva de petróleo, o que se deve principalmente à produção de biossurfactantes. Os microrganismos representam até mesmo uma alternativa para a recuperação otimizada e mais sustentável desse composto orgânico.

4. Indústria em geral

Semelhante ao que já foi falado no tópico anterior, as indústrias visam a uma produção mais sustentável a cada dia – um anseio também de seus consumidores. A indústria química, que abastece diversas outras (como de alimento, farmacêutica, cosmética, entre outras), é ótimo exemplo. Muitos compostos antes gerados em processos tradicionais custosos, arriscados e poluidores, podem agora ter uma produção biotecnológica, com o uso de fungos e bactérias que se utilizam de biomassa residual. Os ácidos orgânicos exemplificam muito bem a produção industrial sustentável.

Na área de metalurgia, bactérias são aplicadas à extração de metais do solo, em um processo denominado biolixiviação – e isso já é realidade para uma startup paulista. Além disso, os fungos são a grande promessa para o futuro dos biomateriais e produtos à base de micélios são atualmente comercializados. O Profissão Biotec explicou sobre isso direitinho nesse texto.

P rimeira construção com tijolos de micélios de fungos. Fonte: Kris Graves/designboomdesignboom.

Bom, a  parte 1 termina por aqui… Não fique triste, nem ansioso, leia a parte 2 aqui! E, para não perder de jeito nenhum, nos acompanhe nas redes sociais! Facebook / LinkedIn / YouTube / Instagram.

Texto revisado por Carolina Vasconcelos e Thaís Semprebom
Referências:
BioCote. Microorganisms: An introduction. Disponível em: <https://www.biocote.com/blog/microorganisms-an-introduction/>.

MANFIO, G.P. Microorganismos. Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas; Divisão de Recursos Microbianos – UNICAMP. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/chm/_arquivos/Aval_Conhec_Cap2.pdf>.

TNS. Microrganismos patogênicos: você sabe o que são? Disponível em: <https://tnsolution.com.br/2016/05/11/o-que-sao-microrganismos-patogenicos/>.

VICE. ​O futuro da moda pode estar nas bactérias. Disponível em: <https://www.vice.com/pt_br/article/8q4b4z/o-futuro-da-moda-pode-estar-nas-bactrias>.

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