Academia: o centro de formação dos biotecnologistas

Quando você ouve dizer que um biotecnologista é formado na Academia, você logo imagina um cientista de jaleco fazendo musculação?

Na verdade, quando um biotecnologista se refere à Academia, não está falando sobre aquele local com diversos aparelhos de musculação que todos nós nos matriculamos um dia e não voltamos para a segunda aula frequentamos em busca de aperfeiçoar nosso corpo.

Quando professores universitários ou pesquisadores se referem à Academia, ou ao meio acadêmico, eles estão falando do lugar onde vamos para aperfeiçoar a nossa mente.

O termo “Academia” tem sua origem na antiguidade, quando o filósofo Platão criou uma escola de filosofia em um jardim perto da cidade de Atenas. Por volta de 300 a.C., a Academia de Platão era um local onde os estudantes, também chamados de discípulos, se reuniam para aprender e refletir sobre novos saberes. O conceito de academia como centro de formação foi retomado no Renascimento e, hoje em dia, é o termo dado no ocidente para várias instituições voltadas para o ensino superior e universitário, que promovem atividades científicas, artísticas, literárias e filosóficas.

Afresco intitulado “A Escola de Atenas”, do pintor Renascentista italiano Rafael (1483-1520), onde hoje é o Museu do Vaticano.

Voltando para os dias de hoje, é na Academia que se forma um bacharel/engenheiro de biotecnologia. Segundo o Ministério da Educação (MEC), em 2017 existiam no Brasil 55 cursos de graduação em Biotecnologia (que também podem aparecer com o nome de Biotecnologia Industrial, Ciências Biológicas com Ênfase em Biotecnologia, Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia e Engenharia de Biotecnologia). E, agora em 2018, foi inaugurado o curso de biotecnologia da USP-EACH em São Paulo.

Os cursos classificados com a maior pontuação pelo MEC (nota 5) são da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), num conjunto de critérios que leva em conta o desempenho dos estudantes (Conceito ENADE), a qualidade do curso, a estrutura da faculdade e a formação dos professores (Conceito preliminar de curso – CPC).

Além das aulas, na Academia o futuro biotecnologista pode participar de diversos cursos e palestras para aperfeiçoar sua formação. Além de poder participar de grupos de estudo, centros acadêmicos, atléticas e empresas juniores, que vão auxiliá-lo no desenvolvimento de habilidades interpessoais e outras soft skills. A universidade tem muito a oferecer ao biotecnologista, ele só precisa aprender a aproveitar tudo que é oferecido.

É na Academia também que um futuro bacharel em biotecnologia pode iniciar sua experiência profissional em pesquisa. Muitos alunos realizam, durante seu curso universitário, estágios em laboratórios acadêmicos para adquirir experiência prática naquilo que veem todos os dias nas aulas teóricas. Esse estágio é chamado de Iniciação Científica, pois é justamente isso: uma oportunidade para que o futuro biotecnologista tenha o contato inicial com a prática laboratorial, o método científico e o pensamento crítico necessários para o desenvolvimento de uma pesquisa de qualidade. E dá para fazer iniciação científica no Ensino Médio também!

A Iniciação Científica, ou IC para os mais íntimos, pode ser remunerada (com bolsas de estudo) ou não, e nela o aluno desenvolve um pequeno projeto científico, sendo mentorado por um pós-graduando mais experiente ou diretamente pelo professor responsável. A IC é realizada nos períodos sem aulas (janelas) e, muitas vezes, durante as férias.

Durante a IC, o aluno tem oportunidade de desenvolver, além das habilidades técnicas, habilidades relacionadas à gestão de tempo e de projetos e de estabelecer relacionamentos interpessoais. Dá até para se divertir com o pessoal do laboratório!

Depois de formado, o bacharel de biotecnologia pode levar toda essa bagagem que adquiriu na Academia para seu novo emprego. Lembrando sempre de se atualizar, pois as técnicas e ferramentas biotecnológicas estão em constante desenvolvimento e modernização.

Caso queira se aperfeiçoar mais, o biotecnologista pode continuar na Academia para realizar uma pós-graduação (especialização, mestrado ou doutorado). Neste caso, o pós-graduando tem em suas mãos um projeto científico de maior complexidade para resolver e deve frequentar aulas e congressos para se atualizar e continuar se aperfeiçoando.

É na pós-graduação que ouvimos a traumatizante frase “mas você trabalha ou só estuda?”. Saiba que, para realizar uma pós graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) em biotecnologia, é necessário dedicação quase que exclusiva, pois os experimentos na área de biotecnologia demandam que o aluno esteja no laboratório 40 horas semanais (ou, às vezes, mais). Não é incomum ver pós-graduandos no laboratório de final de semana ou durante a noite, dependendo da demanda do experimento. Apesar da dedicação ao projeto ser semelhante a um trabalho, a pós-graduação ainda não é considerada um emprego no Brasil, e o aluno recebe uma bolsa de estudos incompatível ao esforço e aos conhecimentos necessários, sem benefícios empregatícios.


O setor acadêmico possui atualmente 65 cursos de pós-graduação (mestrado profissional, mestrado acadêmico e doutorado), registrados na CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento Acadêmico de Pessoal de Nível Superior), especificamente na área de biotecnologia. O número é ainda maior se considerarmos os cursos de pós-graduação que podem atuar em projetos de biotecnologia, mas são classificados como Ciências Biológicas, Farmácia, Química, Agronomia e outras. **os novos cursos de mestrado profissional e doutorado profissional/industrial são bastante interessantes para quem busca se aperfeiçoar mas quer manter um pé no setor industrial, com desenvolvimento de produtos ou tecnologias.

Os mestres e doutores em biotecnologia, quando formados, são profissionais qualificados e com extensa bagagem no currículo: gestão de projetos, domínio de técnicas laboratoriais, escrita científica de relatórios e artigos, treinamento e mentoria de alunos, apresentação oral de trabalhos.


A Academia é responsável, então, pela formação e capacitação de bacharéis/engenheiros e pós-graduados em biotecnologia. Não saímos dessa Academia com corpos malhados e definidos, mas com a mente preparada para atuar profissionalmente como biotecnologistas.  Apesar dos cortes nos investimentos federais para as universidades e para o desenvolvimento de pesquisas, a Academia brasileira continua treinando biotecnologistas capazes de atuar em laboratório, seja para análises laboratoriais, empreendedorismo, assuntos regulamentares, ou pesquisa e desenvolvimento de novos serviços e tecnologias.

Quer saber mais sobre essa Academia e como fazer para ficar monstrão virar biotecnologista? Procure um biotecnologista mais próximo de você para uma conversa ou deixe um comentário aqui no blog!

1 Comentário
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James JB
James JB
6 anos atrás

Gostei bastante. Fiquei com uma dúvida, qual é a diferença entre um engenheiro em biotecnologia e um bacharel em biotecnologia?

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O Profissão Biotec é um coletivo de pessoas com um só propósito: apresentar o profissional de biotecnologia ao mundo. Somos formados por profissionais e estudantes voluntários atuantes nos diferentes ramos da biotecnologia em todos os cantos do Brasil e até mesmo espalhados pelo mundo.

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