Dia do Agricultor: três avanços recentes na biotecnologia agrícola

No próximo dia 28 (amanhã), é celebrado o Dia do Agricultor no Brasil. A data foi escolhida em função da fundação do Ministério da Agricultura, neste mesmo dia, em 1960, no mandato de Juscelino Kubitschek.

Como você pode conferir nesse post, a biotecnologia agrícola – ou biotecnologia verde – é uma área bastante interessante e importante para o desenvolvimento biotecnológico brasileiro e mundial. Tem como principal foco o desenvolvimento de “bioferramentas” e o melhoramento de linhagens de plantas, seja por método tradicional ou biologia molecular, com o objetivo de obtermos organismos mais saudáveis, com mais nutrientes, livres de agrotóxicos e menos propensos a pragas. Por conta disso, trazemos 3 recentes avanços deste ramo para você. Confira a seguir:

Ampliação agrícola bacteriana

Durante uma bioprospecção que tinha como objetivo encontrar bactérias com potencial biotecnológico presentes na rizosfera (camada fina de terra próxima às raízes) de plantas como o guaranazeiro, a biotecnologista Bruna Batista e o grupo de pesquisa do qual faz parte, localizados na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP/Piracicaba, identificaram o Bacillus sp. RZ2MS9 como uma Rizobactéria Promotora do Crescimento de Plantas (RPCP).

Esse tipo de bactéria vem sendo cada vez mais estudado, tendo em vista a sua capacidade de ser utilizado como bioinoculante. Este proporciona aumento da produção agrícola e diminuição do uso de insumos minerais, conhecidos por causar grande impacto ambiental.

plicação de Rizobactéria Promotora do Crescimento RZ2MS9 promoveu crescimento de soja (à esquerda) e milho (à direita) – Foto: Bruna Durante Batista. Fonte: Jornal da USP

Após o isolamento, foram identificados genes e produtos possivelmente responsáveis pelos efeitos benéficos, além de testes de campo para avaliar os efeitos sobre o desenvolvimento e produção de milho e soja. Como esperado, o bioinóculo proporcionou um aumento de 16 e 11 sacas por hectare, respectivamente, com um menor custo frente aos insumos geralmente utilizados. Atualmente a pesquisa está em expansão para testes em diferentes condições e espécies, para uma maior validação dos resultados.

Transgênicos

Que os alimentos transgênicos estão ganhando cada vez mais espaço (apesar de toda a polêmica), todo mundo sabe. Já existem diversos cultivares aprovados da tão famosa soja (Sistema Cultivance), de milho (Milho Bt) e também de feijão (RMD), com características de resistência a insetos, nematóides, dentre outros fatores que interferem na produção.

Símbolo de produtos transgênicos. Fonte: E+ Estadão

Mas você sabia que um novo cultivar brasileiro foi aprovado esse ano? Pois é. No mês passado foi liberada a comercialização da primeira cana-de-açúcar transgênica brasileira, que tem como vantagem a resistência à “Broca da cana”, principal praga responsável pelas perdas da produção.

A Cana Bt (CTC 20 Bt) possui um gene de resistência da bactéria Bacillus thuringiensis, cujo produto gênico é uma proteína com ação inseticida, que ocorre logo após a ingestão da planta pela praga. Mais informações você pode conferir nesse texto aqui!

Inseticida viral

Apesar de parecer um pouco confuso quando se lê pela primeira vez, não há nada de errado na frase acima. Recentemente foi lançado um bioinseticida a base de vírus, o Baculovirus spodoptera, para combater a lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), conhecida por ser a principal praga da cultura do milho no país.

O produto é fruto de uma parceria da Embrapa Milho e Sorgo com o Grupo Vitae Rural, e já começou a ser comercializada em diferentes canais de venda a fim de atender a safra 2017/2018. A sua principal vantagem é a redução dos inseticidas químicos, utilizados em larga escala devido à resistência apresentada pela lagarta nas últimas safras. Entretanto é necessário que seja utilizado seguindo estritamente as recomendações do fabricante quanto a aplicação, que só deve ser realizada após as 16 horas, para evitar a inviabilização dos baculovírus pelos raios ultravioletas.

Quando em contato com o inseto, o baculovírus desenvolve uma infecção caracterizada por perda de apetite (podendo reduzir a alimentação da lagarta em até 93%), redução na mobilidade, descoloração do corpo e morte. A taxa de eficácia é de 75 a 95%, e o mais interessante é que necessita de apenas duas aplicações para obtenção dos resultados.

E você, o que achou dessas novidades? Conhece mais alguma no ramo do agronegócio? Comenta aqui, compartilha com os colegas e nos ajude a difundir conhecimento pelo mundo.

E se você é um agricultor, parabéns pelo seu dia!

Sobre Nós

O Profissão Biotec é um coletivo de pessoas com um só propósito: apresentar o profissional de biotecnologia ao mundo. Somos formados por profissionais e estudantes voluntários atuantes nos diferentes ramos da biotecnologia em todos os cantos do Brasil e até mesmo espalhados pelo mundo.

Recentes

Assine nossa newsletter

Ao clicar no botão, você está aceitando receber nossas comunicações. 

X