Diabete (ou o diabetes, a diabetes e até mesmo a diabete) define-se como uma doença crônica na qual a produção de insulina pelo pâncreas não é suficiente, ou ainda, quando o corpo não a consegue usar de forma adequada (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2016).

Estima-se que, em 2014, cerca de 422 milhões de adultos no mundo apresentavam a doença (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2016), cerca de 8,5% da população mundial. Já no Brasil, ela acomete 6,9% da população, representando mais de 13 milhões de pessoas, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes.

Existem quatro tipos de diabetes, definidos abaixo:

Infográfico sobre tipos de diabetes. Imagem adaptada do FreePik. Fonte das informações: Sociedade Brasileira de Diabetes.

Quando se fala em diabetes, glicose e insulina sempre vêm à tona.

A glicose, também conhecida como dextrose, é um carboidrato e a principal fonte de energia dos seres vivos. Todavia, para que a glicose vire energia, ela precisa entrar nas células e é aqui que a insulina mostra o seu valor.

A insulina, descoberta em 1921, por sua vez, nada mais é que um hormônio proteico capaz de regular a quantidade de açúcar (glicose) no sangue. Ela é produzida em células especiais chamadas células beta, que estão no pâncreas.

Quando a insulina não atua de forma eficiente ou não está presente no organismo, a glicose que está na corrente sanguínea não é levada para o interior das células, gerando um acúmulo desse açúcar no sangue. Essa condição é a conhecida hiperglicemia, que pode ocasionar problemas de saúde. Já a hipoglicemia, por outro lado, refere-se à baixa de glicose no sangue. A realização de exames para avaliar a  glicemia no sangue, portanto, serve para verificar o nível de glicose na corrente sanguínea.

Você sabia que antigamente a insulina era obtida a partir de pâncreas de porcos? Confira sobre essa história!

Além da atuação da biotecnologia na produção de insulina por meio  de técnicas de DNA recombinante e dela ser comercializada de diversas maneiras (com ação rápida, intermediária, pré-mistura, lenta, etc.), outras formas de tratamento estão sendo propostas e desenvolvidas. Confira algumas:

Em 2014, a rigorosa agência federal dos Estados Unidos que rege a segurança de alimentos e medicamentos, conhecida como FDA (Food and Drug Administration), aprovou uma forma de insulina inalável, comercialmente conhecida como Afrezza®.

Já a empresa canadense de biotecnologia SemBiosys Genetics desenvolveu um açafrão transgênico (Carthamus tinctorius) capaz de acumular pró-insulina humana em suas sementes. Esse estudo já está na fase de testes clínicos (com humanos), como uma alternativa mais barata de tratamento para o diabetes, e mais: obtida a partir de uma planta! Leia a entrevista que o Fundador da SemBioys Genetics deu ao Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB).

Açafrão-bastardo (“Carthamus tinctorius”). Fonte: oosstock.

Em Maio deste ano, foi publicado um estudo piloto realizado em 83 pacientes que tinham até 3 anos de Diabetes Tipo 2. Nesse estudo, os pacientes foram submetidos a uma curta e intensiva estratégia unindo mudança no estilo de vida e uso dos medicamentos insulina glargina, metformina e arcabose com o objetivo de avaliar a viabilidade, a segurança e qual o potencial que essa estratégia a curto prazo teria para induzir a remissão do Diabetes Tipo 2. Os resultados sugeriram que pode ocorrer uma remissão do diabetes combinando estilo de vida e abordagem farmacológica (MCINNES et al., 2017). Interessante, não?

Outro estudo, publicado em Março, mostrou que foi possível reverter a diabetes Tipo 2, induzida em ratos com dieta rica em gordura, por meio da inibição da enzima tirosina fosfatase de baixo peso molecular. Os autores sugerem que essa enzima seja um dos principais promotores de resistência à insulina e essa resistência acaba desempenhando um papel central envolvendo o diabetes Tipo II, levando as enzimas tirosinas fosfatases a serem possíveis alvos terapêuticos (STANFORD et al., 2017).

O diabetes é uma questão séria de saúde pública. Com avanços da ciência e uso de tecnologias envolvendo também a nossa querida biotecnologia, muitas contribuições positivas estão surgindo como formas de tratamento dos pacientes.

BECTON DICKINSON. Monitoramento da glicemia. Disponível em:<https://www.bd.com/brasil/diabetes/page.aspx?cat=19151&id=19303>. Acesso em: 25 set. 2017.

FLOWER 29, [s. l.], [s. d.]. Disponível em:<https://oosstock.deviantart.com/art/flower-29-299780567?q=favby:mosobot64/1491024&qo=77>. Acesso: out. 2017.

McInnes, N., Smith, A., Otto, R., Vandermey, J., Punthakee, Z., Sherifali, D., Kumar, B., Hall, S., Gerstein, H. Piloting a remission strategy in type 2 diabetes: Results of a randomized controlled trial. The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, 102(5), 1596-1605.

MODI, Pankaj. Diabetes beyond insulin: review of new drugs for treatment of diabetes mellitus. Current drug discovery technologies, v. 4, n. 1, p. 39-47, 2007.

SCHMID, Helena. Novas opções na terapia insulínica. Jornal de Pediatria, v. 83, n. 5, p. 146-154, 2007.

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Stanford, S. M., Aleshin, A. E., Zhang, V., Ardecky, R. J., Hedrick, M. P., Zou, J., … & Kiselar, J. (2017). Diabetes reversal by inhibition of the low-molecular-weight tyrosine phosphatase. Nature Chemical Biology, 13(6), 624-632.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global report on diabetes, 2016. Disponível em:<http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/204871/1/9789241565257_eng.pdf>. Acesso: Set. 2017.

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