Com certeza você já ouviu falar da importância das vacinas na prevenção de doenças, não é mesmo? E provavelmente deve ter tomado algumas delas ao longo de sua vida. Contudo, atualmente, a vacinação vem sendo contestada, principalmente por pais que estão aflitos quanto aos possíveis efeitos indesejados em seus filhos. Um dos efeitos mais relatados é que o composto utilizado como conservante em algumas vacinas – o timerosal – seria causador de autismo.

Na realidade, não há comprovação científica desses efeitos, sendo que o autor da publicação mostrando a relação entre timerosal e autismo, Andrew Wakefield, teve seu artigo retirado da revista científica The Lancet, sob acusação de fraude.

Já os efeitos desses boatos, estes sim, estão sendo devastadores. Várias doenças que vinham sendo controladas por vacinação, como o sarampo, estão voltando e causando grande morbidade e até mesmo mortalidade. Além disso, o mais arriscado é o retorno de doenças já erradicadas, como por exemplo, a poliomielite, doença causadora da paralisia infantil, erradicada no Brasil desde a década de 1990, em função da vacinação de toda a população brasileira.

Assista ao vídeo abaixo do canal Kurzgesagt – In a Nutshell, com opção de legendas em português, que explica um pouco a respeito de como o vírus do sarampo atua sobre o nosso corpo e como é importante a vacinação para prevenir essa doença.

Diante desse cenário assustador, a divulgação dos benefícios da vacinação deve ser ampla e estudos para o desenvolvimento de novas vacinas são necessários, principalmente em relação às mais modernas, como as constituídas de DNA. Para uma revisão sobre vacinas, leia este texto.

O próximo passo: as vacinas de DNA

As vacinas de DNA ou vacinas gênicas não são baseadas no próprio patógeno, como as vacinas atenuadas ou inativadas e sim, na informação genética do mesmo. Dessa forma, essa informação genética codifica uma ou mais proteínas do organismo patogênico, utilizando a maquinaria do próprio hospedeiro. Essas proteínas são denominadas antígenos e irão ativar o sistema imunológico do receptor da vacina, levando à produção de anticorpos, de células citotóxicas e de células de memória. Assim, quando o indivíduo entrar em contato com esse patógeno, não desenvolverá a doença e, inclusive, poderá estar protegido por toda a sua vida. Ademais, a ativação da resposta imunológica celular faz com que as vacinas de DNA apresentem potencial aplicação na terapêutica contra o câncer. No artigo de Diniz e colaboradores (2010), você encontrará mais informações a respeito das vacinas de DNA e o câncer.

Vacinas de DNA. Adaptado de Genscript.

O papel da Biotecnologia

O avanço da Biotecnologia tem sido um grande aliado no desenvolvimento deste tipo de vacinas, em especial da técnica do DNA recombinante. A produção de uma vacina gênica se baseia na inserção de um ou mais genes do patógeno em um plasmídeo. Várias técnicas vêm sendo utilizadas com intuito de melhorar a entrega destes plasmídeos recombinantes, evitando, assim, a sua degradação por nucleases no citoplasma das células. Algumas técnicas de administração deste plasmídeo que vêm sendo utilizadas em estudos experimentais e na clínica veterinária são:

  • injeção por vias intramuscular ou intradérmica;
  • injeção com o auxílio de pulsos elétricos (eletroporação);
  • biobalística (bombardeamento com partículas de ouro);
  • “tatuagem” de DNA.
Vantagens e desvantagens

As vantagens das vacinas de DNA, em relação aos outros métodos mais clássicos, incluem: a rápida produção, a possibilidade de adaptação a patógenos emergentes, a alta estabilidade à temperatura ambiente (devido à grande estabilidade da molécula de DNA) e a ativação das respostas humoral e celular do hospedeiro.

Como principal desvantagem, temos a baixa imunogenicidade destas vacinas (ou seja, elas não estão sendo tão eficientes em ativar a resposta imunológica do hospedeiro) em testes com animais de grande porte e em humanos, diferente do que vem sendo observado nos testes com roedores.

Assim, ainda é necessário investir em estudos de adaptação de dose e em técnicas mais eficientes de administração destas vacinas. Até o momento, apenas vacinas veterinárias foram aprovadas para o uso na clínica, mas ainda há diversas em testes clínicos que, se comprovadas sua eficiência e segurança, serão empregadas na imunização contra patógenos e até mesmo no tratamento do câncer.

Portanto, em breve entraremos na nova era das vacinas!

Referências:

Café na Bancada. Vacinas e autismo: história de uma fraude. Disponível em: http://cafe-na-bancada.com.br/index.php/vacinas-e-autismo-historia-de-uma-fraude/. Acesso em 31/08/2017

WHO. Thiomersal. Disponível em: http://www.who.int/biologicals/vaccines/thiomersal/en/  Acesso em 31/08/2017

Diniz, M. de O., Ferreira, L.C. de S., 2010. Biotecnologia aplicada ao desenvolvimento de vacinas. Estud. avançados 24, 19–30.

Grunwald, T., Ulbert, S., 2015. Improvement of DNA vaccination by adjuvants and sophisticated delivery devices : vaccine- platforms for the battle against infectious diseases. Clin Exp Vaccine Res 4:1-10.

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