A ferramenta CRISPR de edição gênica se tornou a queridinha dos cientistas nos últimos anos para a realização de experimentos envolvendo modificações no DNA. Por ser, até o momento, a ferramenta com maior precisão para realização de edição no DNA, essa tecnologia vinha sendo cogitada para realização de edição de doenças genéticas em embriões humanas. No entanto, pesquisadores do Reino Unido publicaram no dia 16 de julho na revista Nature Biotechnology que essa técnica pode provocar deleções e rearranjos indesejados no DNA bem próximo ao sítio em que atua.
Essas alterações podem atrapalhar a interpretação dos resultados experimentais e podem complicar os esforços para projetar terapias baseadas em CRISPR.
O sistema de edição gênica da CRISPR-Cas9 utiliza a enzima Cas9 para cortar o DNA num sítio específico do DNA. A célula tenta então religar esse quebra utilizando mecanimos de reparo de DNA, que nem sempre funcionam corretamente e em algumas vezes pode ocorrer a deleção ou o rearranjo de grandes porções do DNA. Essa limitação também é encontrada em outros sistemas de edição gênica, e é um problema que os cientistas devem prestar extrema atenção.
Atualmente, os cientistas que utilizam CRISPR analisavam regiões de DNA próximas ao local da edição, para verificar se teria ocorrido corretamente. Mas essa abordagem pode deixar passar deleções e rearranjos maiores. Essas modificações indesejadas podem ocorrer apenas quando se utiliza a edição gênica baseada em cortes: existe um método de edição de bases utilizando CRISPR que não realiza quebras na fita de DNA, por exemplo.
Essa notícia não quer dizer que a ferramenta CRISPR não pode mais ser utilizada e, sim, que os experimentos devem passar por um controle de qualidade mais robusto ao redor do sítio de edição.
Nota: alguns grupos já checaram seus resultados utilizando CRISPR e não observaram deleções ou rearranjos. Leia mais na notícia do GEN News e da Nature.
Confira o artigo original da revista Nature Biotechnology e a repercurssão da notícia no site da Nature.