Já ouviu falar na competição iGEM de biologia sintética?

Competição iGEM

A partir da busca pela superação das barreiras tecnológicas, tão característica da biotecnologia, surgiu a primeira “olímpiada de biotecnologia”: a Competição iGEM (da sigla em inglês para Máquinas Geneticamente Engenheiradas – Genetically Engineered Machine)!!!

Nessa competição as equipes desenvolvem projetos que parecem saídos de livros de ficção científica. Um excelente exemplo é o projeto da equipe brasileira LIKA-CESAR BRASIL, que propôs o desenvolvimento de um biossensor para detecção de câncer de mama usando biologia sintética e robótica!

Nesse post você vai conhecer um pouco como funciona a competição e quem são os competidores brasileiros que desde 2009 representam nosso país.

Competição iGEM

Em 2004, nos Estados Unidos, um curso de biologia sintética chamado ‘Máquinas Modificadas Geneticamente’ (Genetically Engineered Machine – GEM) do Instituto Massachusetts de Tecnologia (MIT) deu origem a uma competição de férias de verão entre 5 times de alunos de graduação. Desde então, a Competição iGEM não parou de crescer (o ‘i’ é para Internacional): em 2016 contou com 299 times de 42 países, sendo 3 times brasileiros! Veja mais informações sobre a participação brasileira no iGEM nos próximos tópicos.

5.600 estudantes atletas participaram da competição iGEM em 2016! Times do IGEM 2016 na apresentação Giant Jamboree em Boston. Foto por iGEM Foundation e Justin Knight.
Equipes

Os times do iGEM podem ser formados por alunos de graduação, pós-graduação e até mesmo de ensino médio. As etapas de escolha e execução do projeto são inteiramente realizadas pelos alunos, mas eles podem contar com o suporte de instrutores (professores universitários que atuam como mentores).

Por ser uma competição de biotecnologia e biologia sintética, áreas multidisciplinares por natureza, é aconselhável montar um time multidisciplinar para poder aproveitar as habilidades e experiências mais diversas para execução do projeto. Por exemplo, além de biotecnologistas e biólogos, times anteriores já foram compostos por alunos de ciência da computação, arte e design, física, marketing, direito, matemática e ciências sociais!

Material

Para realizar os projetos, todas as equipes devem utilizar o mesmo material inicial: o Kit de Distribuição de DNA (DNA Distribution kit). Fazendo uma analogia, é como se fosse um kit de peças tipo Lego: o material é composto de fragmentos de DNA que podem ser montados em diferentes ordens e, quando colocados em microorganismos vivos, são capazes de re-programá-los para executar tarefas complexas (antes inexistentes) de forma controlada e precisa.

Se você quiser saber mais sobre biologia sintética e o que os BioBricks podem fazer, dê uma lida nessa reportagem da revista Ciência Hoje.

Ilustração do processo da engenharia genética e adaptação para Biologia Sintética, Fonte: Revista Ciência Hoje, 2014
Execução do projeto

Além das funções de planejar e executar um projeto de laboratório (wet lab), os competidores também tem que desempenhar funções administrativas e estratégicas como:

  • Advogar pela própria causa;
  • Realizar pesquisa de mercado;
  • Realizar análise de aplicabilidade;
  • Divulgar o projeto na comunidade;
  • Abordar aspectos de segurança e implicações ambientais do projeto;
  • Angariar fundos para o projeto, taxa de inscrição (que não é barata! Esse ano a inscrição custou 4500 dólares!!) e viagem para a etapa final em Boston, nos estados Unidos;
  • Relatar todo o processo na Wiki – mistura de blog com caderno-ata de laboratório.  
Participação brasileira no iGEM

Desde 2009, o Brasil envia times para a competição. Já ouviu falar dela? Essa competição não é muito conhecida, mesmo dentro do ambiente dos cursos de Biotecnologia. A divulgação acaba restrita ao ambiente acadêmico das universidades participantes, como no caso das equipes  UFMG-Brazil e da Brasil-USP que tiveram a notícia do recebimento dos prêmios e medalhas veiculadas nos sites das respectivas universidades.

Os projetos pro iGEM são sempre voltados para solucionar um problema da sociedade, e as equipes brasileiras costumam ter ideias bastante criativas e conectadas com a nossa realidade. Veja alguns exemplos de projetos: biorremediação de rios contaminados com mercúrio, produção de um repelente biotecnológico e produção de biodiesel.

Das 16 equipes que participaram da competição desde 2009, 14 receberam medalhas por cumprir todos os requisitos (como colaborações, divulgação do trabalho, melhoria de um projeto anterior, aspectos sociais do projeto e empreendedorismo). Os medalhistas de ouro foram as equipes  UFSCar-Brasil e Brasil-USP em 2015, UFAM_Brazil em 2014, UNICAMP-EMSE em 2011 e UNICAMP-Brazil em 2009.  

Quadro de medalhas das equipes brasileiras na Competição iGEM.
Dificuldades

Além das medalhas, existem ainda premiações em troféus (grandes prêmios de primeiro, segundo e terceiro lugar), entregues aos projetos que se destacam na competição, considerando o sucesso e impacto do projeto como um todo. Dada a tradição de equipes norte-americanas e europeias na área de biologia sintética, estas costumam ganhar os troféus. As equipes brasileiras são mais jovens nesta área, mas estão demonstrando franco progresso desde 2009. Nos quesitos técnico, intelectual e científico, nossos times competem lá fora de igual para igual, a nossa dificuldade maior é o investimento.

Os times vencedores vêm de universidades com tradição empreendedora que já possuem grupos de biologia sintética bem estabelecidos, e contam com apoio financeiro em suas universidades de origem e também de grandes empresas de biotecnologia.

Nossos times gastam grande parte do seu tempo e esforços buscando patrocínio e aprendendo a pensar de forma empreendedora para desenvolver um novo produto.

Atualmente, os competidores conseguem parte da ajuda com suas universidades, mas ainda precisam buscar apoio financeiro de empresas e da população em geral por meio de rifas e “vaquinhas online”.  

Mas, quem sabe, com nossa divulgação e apoio, essa competição não passa a ser mais reconhecido no país? Ou, pelo menos, dentro das universidades e empresas da área que podem apoiar nossos competidores.

Mesmo que nossas equipes não tenham chegado entre os finalistas da competição, o aprendizado e o crescimento pessoal e profissional dos integrantes é garantido!

Competição de 2017

Para a competição de 2017, teremos 4 equipes brasileiras: UNESP-AQA, GBioS-ESALQ, Amazonas_Brazil e USP-Brazil.

Acompanhe de perto o desenvolvimento dos projetos curtindo a página deles no Facebook ou acompanhando suas Wikis.  Você também pode ajudá-los financeiramente, contactando diretamente alguns dos integrantes, ou colaborando com as suas vaquinhas em sites de crowdfunding.  

Agora que você já conhece a competição iGEMa, vamos torcer pelo bom desempenho de nossas equipes verde-amarelas! E, quem sabe, não despertamos em novos estudantes a vontade de participar da “olimpíada de biotecnologia”?

Este texto contou com depoimentos de Matheus Pedrino Gonçalves do time UFSCar-Brasil, da Cristiane Melo do time Brasil-USP, do Prof. Dr. Francis M. F. Nunes da UFSCar, e das equipes AQA_UNESP e UFMG.

Sites interessantes:

Mais sobre a experiência do iGEM: http://scienceblogs.com.br/synbiobrasil/tag/igem/

Apoio para times iGEM: http://www.syntechbio.com/our-history

Sobre Nós

O Profissão Biotec é um coletivo de pessoas com um só propósito: apresentar o profissional de biotecnologia ao mundo. Somos formados por profissionais e estudantes voluntários atuantes nos diferentes ramos da biotecnologia em todos os cantos do Brasil e até mesmo espalhados pelo mundo.

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