Museus para você interagir e fazer ciência no Brasil: Museu do Amanhã

Por décadas os museus têm acompanhado a sociedade. No entanto, antes lugares cheios de objetos estáticos, agora dão espaço à interatividade como forma de atração ao público e incentivo ao ensino. Com isso, o seu papel social passa a ir além da preservação de artefatos históricos, estendendo-se para a difusão de princípios científicos e tecnológicos, perpetuando a educação e incentivando a inserção do cidadão na sociedade por meio da disseminação de conhecimento acessível e de qualidade.

Após a Segunda Guerra Mundial, iniciou-se uma era de intenso desenvolvimento tecnológico. A população passou a conviver ativamente com a ciência, mas sem compreendê-la. Desse modo, entidades públicas motivaram a criação de locais para divulgação científica como forma de amenizar esse analfabetismo científico.

Nesse mesmo período, nos EUA, iniciou-se uma onda de “Science Centers” (Centros de Ciência), surgindo diversos museus multidisciplinares integrando ciência, tecnologia e arte. A proposta era aplicar técnicas interativas e de caráter experimental do estilo “faça você mesmo” para provocar, atrair, seduzir e motivar a população a entrar em contato com fundamentos da ciência e tecnologia.

Essa proposta permaneceu e se aprimorou. Atualmente o aprendizado científico passou a fazer parte da formação do cidadão, deixando de se restringir apenas a cientistas. As pessoas experimentam fenômenos e tiram suas conclusões baseadas em evidências, sendo incentivadas a uma cultura científica que é cada vez mais compartilhada.

Sendo assim, fizemos uma minissérie de  museus de ciência no Brasil para você conhecer, experimentar e se encantar pelo maravilhoso universo científico! Confira o primeiro deles abaixo:

Cena do filme “Uma Noite no Museu 3”. A trilogia conta a história de um museu onde os personagens ganham vida durante a noite. O terceiro filme da saga fala exatamente sobre como despertar novamente o interesse das pessoas por estes locais históricos. 

Que amanhãs serão gerados a partir de nossas próprias escolhas?” Essa frase, encontrada na autodescrição do museu, o representa por completo. O Museu do Amanhã propõe o pensamento no futuro em seus próximos 50 anos.

Localizado na cidade do Rio de Janeiro e inaugurado em 2015, o local possui uma mega estrutura que faz jus ao seu propósito. A ampla área externa contempla caminhos que permitem uma visão periférica do espaço em que se situa o museu e levam os visitantes a um passeio agradável em direção à beira mar.

A arquitetura moderna e inovadora é focada na sustentabilidade, tendo sido o museu premiado por sua construção verde, que utiliza placas solares em sua parte superior que se movem como “asas”, conforme o movimento do Sol, para absorver a luz e transformá-la em energia, usada no sistema elétrico do edifício. O espelho d’água usa a água da Baía de Guanabara, que é captada e limpa, servindo para resfriamento do sistema de ar condicionado antes de retornar ao mar em temperatura apropriada, para não interferir no ecossistema local.

Visão traseira do Museu do Amanhã.

Internamente, o local abriga quatro exposições. A principal é permanente e se baseia na história da vida, abordando cinco sessões: Cosmos, Terra, Antropoceno, Amanhãs e Nós. A proposta é instigar o questionamento sobre como estamos aqui e qual a nossa contribuição para o mundo. As outras três exposições são temporárias, sempre variando entre assuntos e discussões científicas, principalmente no que se refere a inovações.

A tecnologia é amplamente utilizada, com diversos recursos audiovisuais. Quase todos os monitores do museu são touch screen, o que permite a autonomia ao visitante, que pode optar por assistir e ouvir os assuntos de sua preferência apenas com um toque. A acessibilidade é garantida, com rampas em todos os acessos e o uso do braile em sessões informativas. Há várias subdivisões nos setores de exposição do museu para que seja oferecida uma experiência diferente a cada passo. A intenção é sentir total conexão com o mundo à nossa volta e pensar sobre ele.

Uma das sessões multimídia do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.

O museu ainda conta com o Laboratório de Atividades do Amanhã (LAA), que atua em tecnologias exponenciais como inteligência artificial, internet das coisas, robótica, genômica, impressão 3D, nano e biotecnologia e também com assuntos relacionados ao futuro do trabalho, urbanização, fabricação e alimentação.

O laboratório é um incentivo a cidadãos inovadores, propiciando sua participação, que visa a estimular criações e troca de ideias. A mais recente iniciativa reuniu profissionais de diversas áreas em um projeto de “Tecnologia na Moda”. O grupo desenvolveu novos processos para a confecção de roupas que melhorem nosso dia-a-dia indo além da finalidade de cobrir o corpo como o “biotecido” que foi confeccionado a partir de micro-organismos capazes de formar camadas fibrosas de celulose, que são posteriormente secas, tingidas, cortadas e costuradas, tornando-se peças do vestuário. Essas roupas evitam o uso de agentes nocivos ao meio ambiente em sua fabricação, como os corantes e microplásticos. Os modelos criados no “Tecnologia na Moda” receberam uma exposição própria no Museu do Amanhã, intitulada “Interface Interlace”.

Mochila feita de micro-organismos, com sinalização noturna em LED, ideal para ciclistas, em exposição no Museu do Amanhã a partir do projeto “Tecnologia na Moda”. Trabalho da artista Mônica Bentes. Foto: Guilherme Leporace.

E aí, que tal fazer uma visitinha? Dedique uma tarde inteira ao passeio, pois o Museu do Amanhã é um local para prender sua atenção e realmente o levar em uma viagem para refletir sobre o futuro!

Mais informações disponíveis no site: https://museudoamanha.org.br/

Confira os demais textos da série Museus para você interagir e fazer ciência no Brasil: Instituto Butantan, Museu da VidaMuseu Catavento. [ATUALIZAÇÃO 08/09/2018]

Referências:

Maria Esther Valente, Sibele Cazelli, Fátima Alves, MAST/MCT (2005). Museus, Ciência e Educação: Novos Desafios. Acessado em 05/01/2018. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/hcsm/v12s0/09.pdf

Bayer (2013). Bayer patrocina reforma do Laboratório de Química do Catavento. Acessado em 08/01/2018. Disponível em:

https://www.bayer.com.br/midia/noticias/visualiza-noticia.php?codNoticia=bayer-patrocina-reforma-do-laboratorio-de-quimica-do-catavento

Elton Alisson (2015). NanoAventura recebe menção honrosa no prêmio Mercosul de C&T. Acessado em 08/01/2018. Disponível em:

http://agencia.fapesp.br/nanoaventura_recebe_mencao_honrosa_no_premio_mercosul_de_c_t/21398/

Time de comunicação do Museu do Amanhã (2017). Museu do Amanhã reúne grupo interdisciplinar para experimentar novas tecnologias e aplicá-las à moda. Acessado em 08/01/2018. Disponível em:

http://www.revistause.com.br/museu-amanha-reune-grupo-interdisciplinar-para-experimentar-novas-tecnologias-e-aplica-las-moda/

Paula Autran e Reneé Rocha (2017). Bactérias na Moda. Acessado em 08/01/2018. Disponível em:https://projetocolabora.com.br/consumo/bacterias-na-moda/

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