Setembro Amarelo: como a biotecnologia pode contribuir?

Embora o termo seja muito utilizado e debatido especialmente este mês, que é dedicado ao combate desta patologia, você sabe de fato o que é Depressão? Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é uma desordem mental caracterizada por um sentimento de tristeza persistente e perda de interesse em atividades que geralmente são vistas como benéficas e satisfatórias, por pelo menos duas semanas seguidas.

Ainda segundo a OMS, mais de 300 milhões de pessoas estão sofrendo de depressão, sendo que esse número é 18% maior do que o registrado em 2005. As pessoas afetadas geralmente apresentam baixa energia, mudança de apetite e sono (para mais ou para menos), distúrbios de ansiedade, diminuição de concentração, sensação de medo, fuga, dentre outros sintomas, que podem inclusive levar ao suicídio em alguns casos. Felizmente, embora não seja um caminho fácil, há tratamento! Este geralmente consiste em acompanhamento com terapeuta, uso de antidepressivos ou uma combinação dos dois*.

*Caso você ou algum conhecido precise de alguém pra conversar ou desabafar, além de procurar os amigos e familiares, você também pode entrar em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional e  prevenção ao suicídio gratuitamente através de chat, Skype, telefone (é só discar 141), e-mail e até presencialmente.

O atual problema no combate à depressão é que não se sabe ao certo o que a desencadeia, além disso há uma parcela dos pacientes que não responde aos medicamentos comumente prescritos. É aí que a biotecnologia entra: na identificação de marcadores que ajudem a entender a patologia e identificar os indivíduos “resistentes”, de forma que tratamentos mais eficazes sejam prescritos. Confira abaixo alguns avanços dos últimos tempos:

1. Proteína sequestradora de fármacos

Baseado na observação de que uma boa porcentagem de indivíduos tratados para depressão não respondem aos medicamentos, um grupo de pesquisa da Universidade de Campinas (Unicamp) que trabalha com neuroproteômica (estudo de um conjunto de proteínas produzidas pelo indivíduo associado a doenças neurológicas) identificou a presença elevada de fibrinogênio, uma glicoproteína associada a coagulação sanguínea.

Embora esteja normalmente presente no sangue, os pesquisadores acreditam que em níveis elevados o fibrinogênio se liga aos antidepressivos, impedindo que cheguem ao cérebro suficientemente. Para validar a informação e tentar solucionar o problema, serão realizados testes com drogas como a famosa aspirina, que em teoria segrega a glicoproteína em questão, facilitando a ação do fármaco contra a depressão.

2. Culpa da genética

Pesquisadores americanos publicaram um estudo no ano passado na Nature genetics onde foram identificadas 15 regiões do genoma que podem estar associadas a predisposição genética à depressão. O trabalho foi realizado com mais de 300 mil genomas disponibilizados pela empresa 23andMe, que trabalha com testes genéticos e análise de ancestralidade (por menos de 200 dólares) e disponibiliza os dados coletados para pesquisa.

Esse tipo de estudo facilita o entendimento da patologia, o que “abre portas” para que encontremos uma forma de neutralizar ou minimizar esses fatores, de forma que se torne mais fácil então controlar os estímulos externos para o desenvolvimento da depressão.

3. Comer é a solução!

Durante o desenvolvimento de uma variedade de alface biofortificada com maior concentração de folato (vitamina B9), com foco na alimentação de pacientes grávidas para a prevenção do conhecido lábio leporino em bebês, pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia em conjunto com um grupo de pesquisa da Universidade de Brasília (UnB), resolveram expandir os testes para tratamento da depressão, tendo em vista evidências já existentes da melhora dos sintomas com o aumento da ingestão desta vitamina.

Numa matéria publicada no site oficial da Embrapa, foi divulgado que estavam sendo realizados testes com indivíduos depressivos e não depressivos para confirmar a hipótese. Entretanto, até o presente momento os resultados não foram encontrados nas bases públicas de busca.

EXTRA!

O programa de saúde mental da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) está testando o uso de canabidiol, extraído da maconha, para o tratamento da depressão. A chamada para participação voluntária no estudo foi iniciada em Abril deste ano, para indivíduos com idade entre 20 e 60 anos que não façam uso de medicamentos. Para o acompanhamento durante o uso, serão realizados exame de urina, avaliação psicológica, tarefa de reconhecimento de expressões faciais de emoções, ressonância magnética e coleta de sangue. Ainda não há previsão da divulgação dos resultados ou mais informações sobre a pesquisa.

E então, o que você achou da utilização da biotec no estudo e tratamento da depressão? Conhece mais algum estudo que não citamos ou tem uma ideia legal que possa ser explorada? Não deixe de nos acompanhar para saber das novidades e lembre-se: ninguém é obrigado a carregar o mundo nas costas sozinho! Neste Setembro Amarelo que tal se abrir com alguém e/ou se disponibilizar para ouvir um amigo?

 

1 Comentário
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Murilo alves
6 anos atrás

Muito bom parabens pelo seu artigo a Depressão tem cura mesmo valeu

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