O Aedes aegypti, popularmente conhecido como mosquito da dengue, é uma espécie de mosquito conhecida por ser vetor de doenças virais, entre elas, a Dengue, Febre Chikungunya, Febre Amarela, e mais recentemente, a Zika. Presente em áreas urbanas, o mosquito é originário do Continente Africano, mas todo o mundo, principalmente em países tropicais.
O mosquito é facilmente identificável graças ao seu padrão rajado. Fonte: maismaismedicina
As doenças causadas pelo mosquito possuem um enorme impacto na saúde pública e na economia dos países afetados. De acordo com dados do Ministério da Saúde, só em 2016 foram registrados 1.438.624 casos prováveis de dengue no país. Portanto, é de extrema importância a pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias que atuem com o objetivo de reduzir tais estatísticas. Uma vez que o controle químico, além de não ser muito eficaz, oferece risco de toxicidade aos seres humanos, baixa seletividade, resistência e outros impactos ambientais, e é aí que entra a Biotecnologia.
Cientistas têm se debruçado sobre a questão da dengue e formas de conter o aumento da incidência. Fonte: The Washington Post
Por meio da Biotec, novas formas de controle do Aedes aegypti vêm sendo propostas. Dentre as técnicas biotecnológicas mais usadas está a Técnica do Inseto Estéril, que consiste na produção de milhares de machos sexualmente estéreis que são liberados no ambiente selvagem com o objetivo de reduzir a população de insetos. Tal estratégia já foi utilizada na cidade de Juazeiro, na Bahia, e obteve sucesso reduzindo a população de mosquitos entre 80 e 95% em 2015. No entanto, para que essa técnica tenha sucesso, é necessário que apenas mosquitos machos sejam liberados, já que a presença de fêmeas diminui a eficiência, e aumenta a probabilidade de transmissão de doenças.
Outra proposta é o uso da ferramenta de edição gênica chamada CRISPR-Cas9 que, junto com outras tecnologias, busca um controle eficaz e eliminação dessas doenças. Pesquisadores já obtiveram sucesso ao utilizar técnicas de engenharia genética para induzir resistência à malária em A. aegypti (o mesmo mosquito transmissor da dengue). Seguindo essa mesma linha, seria possível resolver o problema dos mosquitos machos utilizando o mesmo sistema de edição, capaz de modificar os mosquitos ainda na fase embrionária, garantindo que apenas os machos cheguem à fase adulta.
Pesquisas com o mosquito em todas as suas fases são essenciais para a compreensão do seu modo de vida. Fonte: Univision Noticias
Essas são apenas algumas das abordagens frente aos problemas envolvendo a saúde pública. Junto com os esforços contra a proliferação do mosquito, também temos o recente desenvolvimento da vacina contra a dengue, que já foi aprovada em vários países, incluindo o Brasil, e tem o potencial de auxiliar na contenção da doença.
Embora a ciência esteja à frente de muitos projetos na área do combate a dengue e outras viroses causadas pelo Aedes aegypti, é de extrema importância lembrarmos que nós também podemos fazer a diferença no nosso dia-a-dia: observando e cuidando para que não haja condições ideais para o desenvolvimento do mosquito, evitando o acúmulo de lixo, e de recipientes com água parada. E assim, com a união da sociedade e laboratório, caminharemos para um futuro livre de mais doenças.
Referências
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