Me formei em Biotecnologia em fevereiro de 2016 e senti o que qualquer formado sente: finalmente havia acumulado conhecimento suficiente para ganhar o mundo! No entanto… sabe aquela tecnologia que se fala hoje até na fila do pão, a CRISPR/Cas9? Não vi isso nas aulas da graduação.
Parabéns para mim, estava formada e obsoleta.
Essa é a realidade de 10 a cada 10 biotecnologistas, sejam eles formados ou não. O conhecimento cresce numa velocidade imensurável e exige atualização constante. Conrad Hal Waddington, no livro “O Homem e a Ciência”, fala até mesmo em taxa de obsolescência, que significa a porcentagem do seu conhecimento que ficou obsoleto com o tempo: há 60 anos, um profissional formado tinha todas as ferramentas para trabalhar e a sua obsolescência era de 50% após 20 anos. Hoje em dia, o 50% de obsolescência pode ser atingido 2 anos após se formar (ou menos!).
E acha que só os graduados estão sujeitos a isso? Os bacharelados de biotecnologia duram, pelo menos, quatro anos. Nesse tempo muita coisa muda. Hoje se fala muito em “nanodegrees”, formações curtas e intensivas em tópicos atuais. A faculdade, por outro lado, é um período muito mais longo com um conteúdo que pode ou não ser o mais atual. Ao final do longo tempo de graduação, várias novas tecnologias já substituíram aquelas que você aprendeu.
Eu não podia viver mais um dia na minha vida dizendo que sou biotecnologista sem saber que raio é CRISPR/Cas9. Nós precisamos nos acostumar a essa velocidade colossal de geração de conhecimento e tecnologia, mas não podemos ser enterrados por essa avalanche. Pensando nisso, veja o que temos para você:
6 dicas pra você deixar de ser um biotecnologista obsoleto!
Dica 1: Quem ama, estuda além
Se você ainda está na graduação, não se contente com o material dado em aula. Vá atrás das revisões mais recentes do assunto, das matérias mais novas (a Science News sempre tem coisas ótimas, por exemplo). E se você já se formou, se engana pensando que pode parar de estudar. Confira no fim do texto a lista de plataformas com cursos on-line (a maioria grátis) para você fazer e se manter atualizado.
Dica 2: Se você ainda não é, seja autodidata
Você não vai poder contar com seus professores para sempre. E, se contar, terá a capacidade de aprender coisas novas limitada ao que eles podem trazer para você. Seja protagonista do próprio aprendizado, planeje o que quer estudar e aprenda por si só!
Dica 3: Tudo bem não saber operar todos os equipamentos
Mais importante do que saber mexer em algum equipamento ou ferramenta é saber qual a lógica daquilo. Novas máquinas e softwares aparecem a todo momento, e tudo o que você precisa é compreender o princípio de funcionamento e saber ler o manual. Se tiver alguma dificuldade pesquise um pouco mais, pergunte a um colega que já sabe operar a máquina, entre em contato com a empresa. Tudo bem não saber as coisas “de primeira”.
Dica 4: As máquinas vão substituir os humanos – e tudo bem, também
Estamos vivendo a 4ª Revolução Industrial. Tudo o que puder ser automatizado e simplificado será. O segredo está em desenvolver habilidades que não competem com máquinas nem correm o risco de ser substituídas por elas. Sua capacidade de aprender, de se adaptar, de gerenciar conflitos, de inovar, de misturar isso tudo e aplicar em biotec: isso é único e não será substituído por equipamentos (pelo menos por enquanto!). Garanta que você está desenvolvendo essas habilidades todos os dias!
Dica 5: Aceite que você não sabe tudo, mas sabe onde procurar
Não somos formados para sermos enciclopédias, pois o conhecimento é líquido e mutável. Ele está cada vez mais acessível a todos que procurarem. Não se mostre rígido, e isso vale inclusive para processos seletivos. Uma postura humilde com mentalidade de crescimento vale mais do que um diploma. Pessoas com uma formação diferente da sua e de diferentes níveis acadêmicos (inclusive menor) também podem te ensinar muito! Saiba ouvir e absorver o que elas têm pra falar.
Dica 6: A “profissão do futuro” não se faz com habilidades do passado
Cansou de ouvir que o biotecnologista é um profissional do futuro? Pois você precisa fazer por merecer e realmente estar ligado no que é tendência para vestir a camiseta do profissional do futuro e ser alguém realmente inovador e disruptivo.
Onde posso me atualizar?
Foque em competências, não em apenas diplomas. Foque em aprendizado contínuo. Para ajudar você nisso, trazemos uma lista com diversos portais com cursos de qualidade em áreas da biotecnologia e também em outras habilidades! Confira os sites recomendados e informações complementares conforme a legenda a seguir:
Áreas do conhecimento que a plataforma oferece
Idiomas dos cursos
Valor
PB recomenda: uma dica especial de curso da plataforma
Tudo de universidades como Illinois, Stanford, Michigan e dezenas de outras, com tópicos específicos de biotecnologia
Inglês e português
Gratuitos (exceto Degrees e Professional Certificates). Você pode assistir a alguns cursos pagos como ouvinte, mas você não será avaliado nem receberá certificado.
Tudo do MIT, Harvard e dezenas de outras universidades, com tópicos específicos de biotecnologia
Inglês
Gratuitos, porém o certificado normalmente é pago
Soft skills, e assuntos gerais, de Bitcoin a meditação. No formato de pequenas pílulas diárias de conteúdo entregues no seu e-mail.
Inglês
Gratuitos
Ciência e engenharia, computação, economia e matemática
Português
Gratuitos
Ciência de dados, tecnologias, startup, diversos
Português e inglês
Gratuitos e pagos (nanodegrees podem custar cerca de R$ 2 mil)
Tales from the Genome – Introduction to Genetics for Beginners
Negócios, TI e Software, Desenvolvimento Pessoal, Matemática e Ciências, diversos
Português e inglês
Gratuitos e pagos (a partir de R$ 21,99)
Modo Buda: Produtividade Concentrada
Gestão, Liderança, diversos
Português
Gratuitos e pagos (até R$ 170)
E você, conhece algum outro portal ou plataforma com conteúdo específico de biotecnologia? Já estudou on-line? O que você faz pra se manter atualizado? Conte pra gente e nos ajude a aumentar essa lista!
Fontes:
WADDINGTON, C. H. O homem e a ciência: instrumental para o pensamento. São Paulo: Itatiaia, 1979.