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Domingo passado estava a caminho do veterinário com minha namorada. Seu shih tzu quase humano de 8 anos, Bohr, estava apresentando vômito, diarreia e falta de apetite – sintomas comuns de viroses caninas -, e precisava urgentemente de um atendimento especializado. Ao chegar na clínica, o veterinário responsável de imediato solicitou investigar a possibilidade de infecção e, se positivo, sua origem microbiana.
No momento, me deparei com uma certa preocupação acerca de como realizar esses exames, afinal, difícil encontrar um laboratório de análises clínicas aberto em uma cidadezinha com cerca de 20 mil habitantes no interior de Minas Gerais. No entanto, eis que o veterinário retira de sua gaveta alguns kit diagnósticos específicos para algumas viroses recorrentes na região, como a parvovirose e a cinomose.
Coleta algumas amostras aqui, diluição delas em uma solução misteriosa acolá e aplicação no dispositivo de teste (vide imagem abaixo)… pronto, em questão de 20 minutos estávamos com os resultados em mãos.
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Kit diagnóstico para detecção qualitativa de D-dímero humano como auxílio no diagnóstico de enfarte do miocárdio. Fonte: All Test
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Admito ter vivenciado um mix engraçado de emoções naquele instante… uma mistura de alívio com os resultados negativos às viroses acompanhada com pitadas de epifania científica.
“Olha só o que está aqui em minha frente…”, falei para o veterinário. “Um baita produto biotecnológico – minha atual área de atuação”.
Devido ao trabalho, passei as últimas semanas mergulhado na biotecnologia burocrática, um viés da ciência teórica cuja prática se resume na leitura de artigos, patentes e livros, seguida da redação de projetos científicos. No meio dessa rotina regada de textos, regras da ABNT e uma breve distância da realidade laboratorial, acabei deixando de lado a posição de observador da natureza daquilo que me cerca – afinal, sou daqueles leitores assíduos de rótulos de produto. Até aquele momento…
Saí do consultório com o kit em mãos e refletindo sobre seu funcionamento. ”Possivelmente trata-se de um sistema imunocromatográfico de fluxo lateral que, quando aplicado uma amostra de secreção, seus constituintes se difundem ao longo da membrana”, pensei. Dando continuidade a linha de pensamento, “… em um local delimitado, estão presentes anticorpos monoclonais específicos para um determinado constituinte celular do microrganismo, certamente uma proteína, que, caso presente na amostra, demonstrará uma resposta colorimétrica – semelhante aos testes de gravidez! Caso o animal esteja infectado, tais biomoléculas serão apresentadas pelo kit. Eureka!”.
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Fonte: GIPHY
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Inevitável também foi pensar sobre o benefício das inovações biotecnológicas na sociedade contemporânea. O exemplo dessa reflexão encontrava-se em minhas mãos, a praticidade de um kit de baixo custo – menos de R$ 50 reais cada – que facilita o diagnóstico rápido de enfermidade caninas graves, reduzindo laboriosamente o diagnóstico laboratorial e aumentando a acessibilidade em regiões remotas. Inclusive, podemos ir mais longe na história da humanidade e reconhecer outras descobertas relevantes da área, como a penicilina, pelo médico Alexander Fleming (1928) e a transformação tecnológica da produção de insulina porfirina para uma recombinante.
Retornei para casa bastante reflexivo. Por trás de uma inovação tecnológica do kit diagnóstico, encontrava-se sobreposta uma história intensa de desenvolvimento científico e tecnológico deveras multidisciplinar – a cara da nossa biotec. Convido você a pensar nas áreas que esse dispositivo com seus meros 10 cm² compreende: engenharia genética na elaboração de um sistema microbiano para produção dos anticorpos monoclonais recombinantes, separação e purificação de proteínas referente ao mecanismo de transporte do soluto ao longo da membrana, biologia molecular na identificação de potenciais antígenos, etc. Isso tudo sintetiza somente um produto, imagina os demais que convivemos? Não somente isso, considere também os benefícios da tecnologia em questão.
Enfim, entro em casa e dou espaço da minha epifania científica para uma gastronômica, afinal era responsável por aquele almoço de domingo. Cardápio do dia: macarrão penne ao molho de queijo tipo gorgonzola com cogumelo shiitake temperados com salsinha e cebolinha que minha namorada cultiva na própria casa. Um almoço altamente biotecnológico, eu diria.
Vamos olhar para esse cardápio sob uma ótica mais técnico-reducionista: o queijo tipo gorgonzola, um produto de fermentação do leite de vaca por Penicilium roqueforti; o cogumelo shiitake, um corpo frutífero de várias espécies do fungo Lentinula edodes; e a salsinha e cebolinha, frutos de um experimento de cultivo de temperos utilizando bioinoculantes constituído de algumas bactérias fixadoras de nitrogênio.
Só de compartilhar esses processos tecnológicos aqui com vocês, consigo fazer um paralelo com as diversas disciplinas que cursei durante minha graduação em Engenharia de Bioprocessos e suas correlações com tecnologias paralelas e emergentes. Maravilhosa sensação de compreender e reconhecer a importância da evolução científica dessa ciência multidisciplinar na promoção do bem estar humano.
Por fim a essa revolução mental, acalmei minhas ideias abrindo uma cerveja artesanal local – por ironia, eu diria.
De modo geral, acredito piamente que o progresso tecnológico moldou e ainda molda fortemente a cultura e hábitos da sociedade contemporânea. Em específico à biotecnologia, estamos a cada momento cercado por produtos oriundos dessa área, de medicamentos, novos processos e paradigmas à temperos de cozinha. Minha epifânia resultou em interessantes insights – e de certo modo uma gratidão e entusiasmo por ter escolhido essa área de atuação. E você, caro leitor, já reparou os produtos biotecnológicos que te cercam nesse exato momento? Se não, te deixo esse convite 🙂
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Revisado por Luana Lobo e Mariana Pereira
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