No segundo texto da série “Biotec pelo Mundo” iremos conhecer um pouco do país que se tornou o maior produtor de (quase) tudo!
A China!
A China é o país mais populoso do mundo, com cerca de 1,4 bilhões de habitantes, o que equivale a aproximadamente um quinto da população mundial. É também país que mais cresceu economicamente nos últimos 25 anos. Isso foi proporcionado pela abertura econômica a partir de 1976 que transformou a China em uma economia mista. Hoje, o PIB do país cresce cerca de 10% ao ano.
De acordo com a Organização Mundial do Comércio, a China é uma das melhores nações para investimentos estrangeiros e, neste contexto, a bioeconomia não poderia ficar de fora! Dados projetam que o setor de biotecnologia deve exceder 4% do produto interno bruto até 2020, com uma produção superior a 10 bilhões de yuans (US$ 1,5 bilhão).
A China possui mais de 100 parques de ciências da vida espalhados pelo país. Geridos por governos locais, esses centros atraem empresas por meio de incentivos fiscais e subsídios. Estima-se que mais de US$ 100 bilhões já foram investidos no setor de ciências da vida por governos estaduais, provinciais ou locais, em um esforço para atingir as metas do plano de bioeconomia de cinco anos.
Os fundos chineses de capital de risco captaram US$ 45 bilhões para investimentos em ciências da vida nos últimos dois anos. Entretanto, até agora, apenas US$ 12 bilhões foram investidos no setor, com financiadores em busca de boas empresas para investir. A maior parte do dinheiro está destinada ao financiamento de propostas biotecnológicas inovadoras que, por sua vez, estão contratando profissionais em ritmo acelerado.
Quais são os elementos-chave para a inovação Chinesa?
A China possui muitos elementos-chave para a inovação:
- Sistema universitário que produz doutores e uma forte pesquisa básica,
- Apoio financeiro substancial dos setores público e privado,
- Urbanização crescente
- Alta demanda de saúde de uma população em envelhecimento
- Líderes empresariais com ambições para trazer investimentos estrangeiros para a China.
A indústria biotecnológica na China é composta de 1039 empresas em setores como indústria biotecnológica, o que corresponde a 22% do mercado total; 783 empresas de biotecnologia médica (16,6%) e 764 empresas relacionadas a biotecnologia farmacêutica (16,2% do total).
Empresas para ficar de olho
Como foi citado acima o setor médico e farmacêutico são referências na China. Portanto, confira abaixo algumas empresas para acompanhar daqui para frente:
Innovent Biologics
Fundada em 2011, a Innovent assumiu a missão de desenvolver e comercializar produtos biofarmacêuticos de alta qualidade, acessíveis às pessoas comuns, na China e em todo o mundo.Embora a China seja considerada a fábrica do mundo, atualmente não há produtos biológicos fabricados na China que sejam utilizados como insumos nos mercados desenvolvidos.
Para mudar esse cenário, a Innovent construiu uma plataforma totalmente integrada, em conformidade com os padrões globais, para a descoberta de medicamentos, linhagens de células e desenvolvimento de processos. Issoincluindo fabricação, controle de qualidade e recursos de desenvolvimento clínico.A empresa agora possui um pipeline de 17 anticorpos promissores e outros candidatos a medicamentos biológicos nas áreas de oncologia, oftalmologia, doenças autoimunes e metabólicas.
A Innovent conseguiu reunir uma equipe impressionante de pesquisadores internacionais. A empresa também firmou alianças estratégicas importantes com Eli Lilly e Adimab, por exemplo. A Innovent foi aberta com sucesso na Bolsa de Valores de Hong Kong em outubro de 2018.
Zai Lab
Fundado em 2014, o Zai Lab está tentando se estabelecer como o “Portal da China”. A empresa obteve rápido sucesso ao licenciar os direitos de desenvolvimento e comercialização de candidatos promissores a medicamentos em oncologia e outras áreas de tratamento para os territórios da Grande China e Ásia-Pacífico.
A empresa está prestes a comercializar seu primeiro medicamento na China continental. No início deste ano, a Agência de regulamentação chinesa concedeu uma revisão prioritária ao seu pedido para o ZEJULA, um medicamento para câncer de ovário licenciado pela Tesaro, já comercializado em Hong Kong desde 2018. A equipe interna de pesquisa e desenvolvimento da empresa começou a trabalhar na descoberta de novos compostos. O Zai Lab é cotado na Bolsa de Valores da NASDAQ desde 2017.
Alphamab Oncology
Fundada em 2009, a Alphamab Oncology desenvolveu um linha robusta, de cerca de 30 biossimilares, sendo a maioria deles em imuno-oncologia. Para você ter uma ideia do impacto dessa empresa, seu pipeline de biossimilares representa quase metade de todos os biossimilares em desenvolvimento na China!
Em outubro de 2018, a empresa já havia solicitado 47 patentes nacionais e estrangeiras e obtido quatro aprovações clínicas de medicamentos, incluindo duas aprovações clínicas de medicamentos inovadores. Em novembro do ano passado, a empresa realizou uma impressionante rodada de investimentos no valor de $ 100 milhões, colocando a empresa em uma vantagem significativa na corrida para se tornar a líder chinesa em imuno-oncologia.
Hua Medicine
O diabetes é uma pandemia crescente na China. Atualmente, a China abriga um quarto da população mundial de diabetes com mais de 114 milhões de pacientes (11,6% da população da China). E esse número está aumentando a uma taxa anual de 10%.
A Hua Medicine desenvolveu um medicamento de primeira classe chamado dorzagliatina, que pode revolucionar o tratamento do diabetes tipo 2. Enquanto outros falharam nos últimos 30 anos no desenvolvimento de um ativador de glucosidase seguro e eficiente (GKA), a Hua Medicine finalmente conseguiu usar uma nova abordagem. Como resultado, o composto da empresa consegue reduzir os níveis de açúcar no sangue e melhora a sensibilidade à insulina sem causar hipoglicemia. A Hua Medicine quase completou os ensaios clínicos de Fase III na China e está realizando estudos de Fase I nos EUA.
Usando o que aprenderam no desenvolvimento deste medicamento, suas equipes de pesquisa estão agora usando uma abordagem semelhante para melhorar o metabolismo da glicose no cérebro, a fim de combater vários distúrbios do Sistema Nervoso Central.
Harbour Biomed
É difícil categorizar a Harbor BioMed como puramente uma empresa chinesa. Fundada apenas em 2016, o primeiro passo da empresa foi a aquisição da empresa de tecnologia de anticorpos transgênicos humanos com sede na Holanda, a Harbor Antibodies BV e suas subsidiárias.
A Harbor BioMed é agora uma empresa biofarmacêutica global, com unidades em Xangai, Amsterdã e Boston. A empresa desenvolve terapias inovadoras no campo da imuno-oncologia e doenças inflamatórias. Seus programas de descoberta e desenvolvimento estão centrados em suas duas plataformas de camundongos transgênicos patenteados, gerando anticorpos monoclonais totalmente humanos.
Hoje, a empresa possui um amplo portfólio de ativos pré-clínicos e clínicos, incluindo uma Fase II para seu candidato a medicamento inovador para o tratamento de doenças inflamatórias dos olhos. A Harbor BioMed também licencia suas plataformas de tecnologia para empresas e instituições acadêmicas por meio de sua subsidiária da Harbor Antibodies.
O que levar para casa
O crescimento econômico fenomenal nas últimas décadas significa que há muito financiamento disponível para investimento na China. Recentemente, o governo chinês também reconheceu a importância da indústria de biotecnologia. Ele introduziu mudanças nas regulamentações para facilitar o desenvolvimento de novos produtos por empresas locais, mas também para bancos e empresas privadas buscarem investimentos estrangeiros promissores.
Então, se você pensa em trabalhar em um país em franca expansão na bioeconomia, já pode se matricular na aulas de mandarim!
E ai partiu China?
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