Cobertura: Fórum e Prêmio Brasil Bioeconomia 2018

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O primeiro  Fórum Brasil Bioeconomia aconteceu no dia 26 de julho de 2018. A Associação Brasileira de Biotecnologia Industrial (ABBI) recebeu mais de 200 representantes da indústria, governo, academia, start-ups, investidores, imprensa e sociedade civil num evento muito bem organizado na Casa Bisutti em São Paulo.

“Catalisando Economia, Ecologia e Equidade” foi o grande tema central da manhã de palestras e debates, que abordou os grandes desafios que a humanidade enfrenta:

* Como extrair, produzir, utilizar e descartar em um mundo onde a demanda por insumos materiais deverá dobrar até 2050?

* Como alinhar iniciativas públicas, privadas e acadêmicas para que um novo modelo econômico inovador, inclusivo e regenerativo possa prosperar?

Estas questões foram abordadas no fórum com foco em 3 principais pontos:

1- A importância da bioeconomia avançada e o seu papel para o desenvolvimento do Brasil;

2- O caminho a ser percorrido para atingirmos um biofuturo próspero;

3- A criação, o desenvolvimento e a escala de modelos de negócios sustentáveis, inovadores e viáveis.

A ideia é que problemas como segurança alimentar e nutrição, saúde humana e bem-estar, água limpa e saneamento, poluição, mudanças climáticas, possam contar com a biotecnologia industrial no processo de transição para uma bioeconomia avançada. Um novo contexto em que sistemas industriais renováveis, alinhados com os preceitos da economia circular e de base biológica, possam substituir as práticas econômicas atuais que são insustentáveis.

 

Uma Revolução Industrial Bioinspirada

Este foi o tema da palestra de abertura realizada pelo executive chairman da Space Time Labs, Juan Carlos Castilla-Rubio, que apresentou a importância da Amazon Third Way Initiative.

A ideia da Amazon Third Way Initiative é ser um modelo de uso de recursos do bioma amazônico, de forma que os ativos biológicos e os biomiméticos possam ser combinados com as tecnologias da quarta revolução industrial. Assim, ferramentas digitais, biológicas (bioinformática) e as tecnologias avançadas da ciência de materiais podem ser utilizadas no desenvolvimento de soluções para o futuro da energia, da água, alimentação, saúde, transportes e muitas outras indústrias. Dessa forma, os resultados financeiros podem ser compartilhados tanto entre aqueles que irão utilizar a propriedade intelectual quanto com as comunidades que preservam a biodiversidade, criando um modelo de inclusão e equidade.

Segundo ele, além da possibilidade de desenvolvimento de bioprodutos e biomateriais a partir do ecossistema local, há também a possibilidade de aprendizado a partir das soluções apresentadas pela inteligência da natureza como fonte de inovação, ou bioinovação. O potencial destes ativos biológicos e biomiméticos a serem decodificados em propriedade intelectual na Amazônia têm um valor econômico muito superior àquele obtido pelo atual sistema de exploração dos recursos naturais, associado às commodities. Este valor está na ordem de alguns trilhões de dólares, o que ressalta a importância de se preservar a região e fazer um uso mais consciente e eficiente do conhecimento, ao invés de queimar a biblioteca” de informações biológicas, como vem ocorrendo com os desmatamentos. A Amazônia é tão rica que a cada 3 dias uma nova espécie é descoberta, ressaltou o palestrante.

O projeto traz também questões complexas, dentre as quais destacam-se (1) o reduzido número de pesquisadores trabalhando efetivamente dentro da Amazônia; (2) incertezas regulatórias; (3) conhecimento tradicional versus propriedade intelectual; (4) biopirataria na era da biologia sintética; (5) alinhamento entre iniciativas públicas, privadas e acadêmicas; (6) desequilíbrio de desenvolvimento tecnológico entre países.

A partir desses desafios, foi criado o ABC, ou Amazon Bank of Codes, em parceria com World Economic Forum. Este projeto  tem 4 principais funções: mapear a vida na Amazônia, fazer a certificação e registro das propriedades intelectuais (ativos) em blockchain, codificar direitos e obrigações destes ativos e criar um modelo de câmbio para reduzir custos das transações (Figura 1).

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Figura 1: Principais funções do projeto Amazon Bank of Codes. Fonte: apresentação de Juan Carlos Castilla-Rubio no World Economic Forum 2
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Castilla-Rubio destacou que apenas 0,2 % da inteligência biológica do mundo é conhecida. Ainda mais grave é que não se conhece a evolução associada às diferentes espécies e às redes que são formadas entre genes, via metabólicas e a coexistência de espécies nos ecossistemas específicos. Os processos evolutivos dos últimos 3.8 bilhões de anos e a inteligência  associada a isso permitirão a conservação de ecossistemas de forma precisa, uma vez que a árvore da vida seja desvendada. Este é um projeto que tem uma enorme importância científica, além de trazer benefícios econômicos.

A ideia é que o projeto se inicie na Amazônia e seja então replicado em outros biomas de outros países.

 

Construindo o Biofuturo

 

O primeiro painel foi mediado pelo fundador e CEO da GranBio, Bernardo Gradin, e composto por Yana Dumaresq, Secretária executiva do MDIC (Ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior), Mauricio Adade, CEO da DSM Latin America e Freya Burton, Chief Sustainability & People Officer da Lanzatech.

Neste painel foram discutidas questões sobre como o Brasil enfrenta desafios para atrair inovação e se manter competitivo enquanto o ritmo dos outros países é muito mais rápido. O país enfrenta problemas, como um sistema legislativo complexo e extremamente burocrático, desemprego, dificuldade com regulamentações de tecnologias muito novas, especialmente aquelas relacionadas à biociência.

Mesmo neste cenário de incertezas, que gera inclusive restrições em relação ao mercado de capitais, segundo Yana, o Brasil fez progressos que precisam ser considerados. O país teve, por exemplo, um papel ativo no Acordo de Paris, assumindo que a responsabilidade de fazer mudanças não é apenas dos países desenvolvidos, criando então o Renova Bio (projeto para que os compromissos sejam cumpridos no Acordo de Paris). Estas iniciativas são muito importantes, já que a expectativa é de que o Brasil seja líder em produção de biocombustíveis. Ela citou também a nova regulamentação do código de CT&I e a Lei do Bem como a principais ferramentas de investimento em inovação no Brasil. Em sua visão, é mais importante que um país seja consistente do que disruptivo, quando se trata de meio-ambiente. Assim, o que vai sendo conquistado não corre o risco de desfazer em períodos de recessão. Temos que seguir progredindo, enfatizou!

 

O Estado da Bioeconomia Avançada Brasileira

 

Depois do coffee break tivemos o segundo painel, mediado pelo José Vitor Bontempo, Indústria 2027, (UFRJ/MEI) e composto por Mateus Lopes, Head de Inovação em Tecnologias Renováveis da Braskem, Fabiana Munhoz, Head de Pesquisa Avançada-Brasil da L’Óreal e Marco Antônio Tavares Head de Marketing Estratégico-América Latina de Produtos Biológicos da  BASF.

Neste bloco, José Vitor levantou alguns desafios que o Brasil enfrenta no contexto da Bioeconomia, como um conjunto de atividades inter e intrasetoriais ainda não estruturadas, sendo um ambiente em construção também nos outros países. Por um  lado, disse ele, o país se encontra em uma posição interessante, porque tem vantagens comparativas na produção de biomassa, de recursos renováveis e biológicos. Além disso, o Brasil possui tradição na produção de biocombustíveis, com isso tem a possibilidade de ser contemporâneo nesta construção – algo inédito na história das atividades industrias brasileiras. Por outro lado, existe a dificuldade de se estabelecer políticas e estratégias em relação a algo que não ainda não está estruturado.

Assim, Bontempo apontou 4 variáveis importantes a serem pensadas neste contexto de construção deste sistema: como são as questões relacionadas à matéria-prima, à tecnologia, aos produtos e aos modelos de negócios que se interligam e coevoluem na bioeconomia. A bioeconomia muitas vezes exige soluções locais. Assim, as respostas aos desafios  terão que ser criativas e inovadoras em si, pois não haverão respostas prontas. “Os resíduos que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá”, exemplificou poeticamente!

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Fórum Brasil Bioeconomia 2018. Fonte: Profissão Biotec
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O Case de Negócios da Biotecnologia Industrial

 

O terceiro painel foi mediado por Guillaume Sagez, Managing Partner  da Performa Investimentos e composto por Raphaella Gomes, Head de Inovação da Raízen Vitor Ushoa, Business Development Manager da Novozymes e Mauro Rebello, Sócio da BioBureau.

Guillaume trouxe a perspectiva do investidor financeiro e falou da importância de como o capital investido em biotecnologia seja um capital paciente, pois as soluções desenvolvidas nesta área são demoradas. Além do longo desenvolvimento e da necessidade de um capital humano muito especializado, as empresas vão enfrentar desafios regulatórios e uma dinâmica de relacionamento com clientes que também leva tempo, dado que as indústrias são muito criteriosas em incorporar uma nova solução, tanto em seus processos, quanto em seus produtos.

No Brasil é necessário ter diferentes fundos investidos nas startups de biotecnologia para que o risco possa ser dividido. Isso ainda é bastante desafiador em nosso país , mas há bastante espaço para crescimento no ecossistema brasileiro

Outro ponto importante, apontou Sagez, é que os executivos das startups tenham intimidade com o processo de venda. O entendimento de como interagir, como organizar os processos, incorporar os feedbacks, assim como a existência de um networkig com as empresas industriais também são pontos críticos para o sucesso comercial da empresa.

A manhã foi intensa cheia de conteúdos interessantes, reflexões, falas e discussões muito relevantes, que mapearam o cenário da biotecnologia no Brasil. O fórum se encerrou com o Prêmio Brasil Bioeconomia 2018 …é um evento que certamente vale muito a pena conferir!!!

Acabei precisando sair antes da sobremesa…uma pena, era lasanha de chocolate! Ano que vem tem mais!!! #EntreNoBiofuturo

 

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Revisado por Carolina Bettker Vasconcelos e Mariana Pereira

 

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