Mais de 50 países já começaram a vacinação contra SARS-CoV-2 utilizando vacinas de diversas empresas. Vamos conhecer um pouco mais de cada uma!

* Este texto foi publicado em janeiro de 2021. Em 21/05/2021 foram adicionadas atualizações em alguns tópicos..

Desde 2020, o mundo está vivenciando a pandemia de COVID-19, causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) que foi identificado em dezembro de 2019 em Wuhan, na China. Essa doença causa síndrome respiratória aguda grave nos casos que são mais graves, e em casos de leve a moderado causa tosse seca, febre alta, cansaço e diarréia.  As medidas de proteção utilizadas, como o isolamento social e o uso de máscaras e álcool gel, têm evitado muitos novos casos diariamente. Graças aos esforços contínuos dos cientistas e o avanço das (bio)tecnologias, já temos algumas vacinas eficazes e seguras sendo aplicadas em diversos países!

Aqui neste texto vamos conhecer um pouco sobre cada uma das vacinas que já estão aprovadas para uso emergencial em diversos países. Vamos entender a tecnologia por trás das vacinas e nos informar sobre dados importantes, como quantas doses são necessárias. O desenvolvimento de vacinas seguras e eficazes contra o SARS-CoV-2 é de extrema importância mundial, pois dados do Our World in Data (09/01/2021) mostram que já ocorreram mais de 88,6 milhões de casos e, infelizmente, mais de 1,91 milhões de mortes por COVID-19.

Países que já estão vacinando contra o SARS-CoV-2 e o número de doses já aplicadas de acordo com a escala de cor. Fonte: Our World in Data, disponível em <https://ourworldindata.org/covid-vaccinations>, acessado em 09/01/2021.

Os números mostram que já temos 23,26 milhões de doses aplicadas no mundo inteiro e 51 países vacinando segundo o Our World in Data (09/01/2021). Neste link é possível acompanhar em tempo real a situação de vacinação mundial. Dentre as mais de 20 vacinas que se encontram em estudos de Fase III, oito já estão aprovadas para uso emergencial em diversos países. 

O uso emergencial é concedido a vacinas que demonstrem segurança e bons resultados em estudos de fase III, e boas práticas de fabricação, permitindo que grupos de risco sejam vacinados com urgência. É um conceito relativamente novo, que vem sendo aplicado em situações de urgência de saúde pública. Para que as demais pessoas possam ser vacinadas é necessário que a vacina obetenha aprovação de regristro em agências reulatórias como a Anvisa e o FDA americano.

A seguir, temos informações sucintas e objetivas sobre cada vacina e um infográfico resumindo as informações!

1- Vacina Tozinameran da Pfizer/BioNTech

  • Nome: Tozinameran (BNT162b2) – Cominarty (nome comercial).
  • Empresas: Parceria entre Pfizer dos EUA, BioNTech da Alemanha e Fosun Pharma da China.
  • Tecnologia: Vacina baseada na tecnologia de mRNA nucleosídeo-modificado (modRNA) e encapsulada em nanopartículas lipídicas. Nessa tecnologia (exemplificada na figura abaixo), é utilizada uma forma mutada da sequência de aminoácidos da proteína Spike do Sars-CoV-2 (responsável pela entrada do vírus nas células humanas), que reduz a habilidade da proteína de entrar nas células humanas. Além disso, ela é encapsulada em nanopartículas de lipídeos para facilitar a entrega do modRNA às células da pessoa que foi vacinada e, assim, acelerar o processo de desenvolver a imunidade. Desse modo, ao receber a vacina, o modRNA encapsulado entra nas células do paciente e lá, o sistema de produção de proteínas do próprio pessoa vai produzir a proteína Spike mutada. Essa proteína é liberada para fora das células, porém, como ela é incapaz de entrar nas células depois de liberada, ela se acumula na circulação, sendo reconhecida pelo sistema imune, e assim estimula a produção de anticorpos do paciente, estabelecendo a imunidade contra o SARS-CoV-2 sem causar danos ao paciente.
  • Eficácia: 95%.
  • Logística e dinâmica de vacinação: As vacinas precisam estar armazenadas em temperaturas muito baixas, entre -80 e -60 ºC. É aplicada através da via intramuscular e requer duas doses com 3 semanas de intervalo.
  • Preço: 12 dólares por dose (aproximadamente 63 reais por dose). É importante lembrar que a Pfizer-BioNTech tem oferecido descontos nas compras para diversos países.
  • Países que já aprovaram o uso emergencial e estão vacinando ou já possuem data para vacinação: Uso emergencial aprovado pela OMS, Reino Unido, Bahrein, Canadá, Estados Unidos, México, Kuwait, Singapura, Jordão, Oman, Costa Rica, Equador, Israel, Panamá, Chile, Qatar, Emirados Árabes, Argentina, Iraque, Árabia Saudita, Suíça, União Europeia, Noruega, Islândia, Ilhas Faroe, Groenlândia e Sérvia.
  • Situação no Brasil: Dados de fase III ainda em análise pela Anvisa, agência regulatória brasileira. Até o dia 06/01/2021 a empresa ainda não havia submetido o processo para aprovação de uso emergencial ou registro.
  • Atualização em 21/05/2021: Teve o registro concedido pela Anvisa em 23/02/2021. O Ministério da Saúde realizou a compra de 100 milhões de doses dessa vacina em 19/03/2021, dessas doses, 1,6 milhão de doses já estão no país e foram distribuídas entre as 27 capitais brasileiras. Em 19/05/2021 mais 629.460 doses chegaram ao Brasil. Por enquanto, apenas as capitais brasileiras receberam as doses devido à necessidade de infraestrutura para armazenar as vacinas em uma temperatura de -70°C. Além disso, o Ministério da Saúde comprou mais 100 milhões de doses do imunizante em 14/05/2021, a Pfizer prevê a entrega das doses restantes da primeira compra até o terceiro trimestre desse ano e a entrega da última compra a partir do quarto trimestre.
Esquematização de como as vacinas de DNA e RNA agem na indução de resposta imune. Essa tecnologia é a mesma aplicada no desenvolvimento de vacinas de modRNA, como da Pfizer/BioNTech e Moderna Therapeutics. Fonte: Adaptado de Nature por Bruna Pereira Lopes e publicado anteriormente neste texto.

2 – Vacina mRNA-1273 da Moderna Therapeutics

  • Nome: mRNA-1273
  • Empresa: Parceria entre a empresa de biotecnologia Moderna Therapeutics, Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA (NIAID) e Autoridade de Pesquisa Avançada e Desenvolvimento Biomédico dos EUA (BARDA).
  • Tecnologia: Essa vacina é baseada na mesma tecnologia da vacina da Pfizer/BioNTech, sendo uma vacina de RNA utilizando modRNA. A vacina da Moderna também utiliza mutações na sequência que codifica para a proteína Spike do SARS-CoV-2, entretanto, essa mutação é diferente da utilizada na vacina Tozinameran. Além disso, a vacina da Moderna utiliza um sistema de entrega do mRNA-1273 às células do paciente também baseado em nanopartículas lipídicas, porém, estas se encontram associadas a polietilenoglicol (PEG). 
  • Eficácia: 94,5%.
  • Logística e dinâmica de vacinação: As vacinas precisam estar armazenadas em -20ºC, podendo ser alocadas em freezers comuns. É aplicada através da via intramuscular e requer duas doses com 28 dias de intervalo.
  • Preço: Entre 15 e 18 dólares por dose (aproximadamente entre 79 e 85 reais por dose).
  • Países que já aprovaram o uso emergencial e estão vacinando ou já possuem data para vacinação: Estados Unidos e Canadá. O órgão de regulamentação da Europa aprovou em 06/01/2021 o uso emergencial pela União Européia.
  • Situação no Brasil: Apesar do presidente do Brasil ter declarado que o Brasil poderá comprar a vacina da Moderna, não foram enviados para análise na Anvisa nenhum dado referente à essa vacina até a  presente data. Atualização em 21/05/2021: Os dados para análise não foram encaminhados para Anvisa pela Moderna Therapeutics e nenhum pedido de uso emergencial foi solicitado pela empresa.

3 – Vacina CoronaVac da Sinovac

  • Nome: CoronaVac.
  • Empresa: Companhia Biofarmacêutica Sinovac da China. No Brasil, o Instituto Butantan firmou acordo com a Sinovac para transferência de tecnologia da vacina e produção no país (leia mais sobre biotecnologia farmacêutica e transferência de tecnologia nesse link) . No Brasil, o Instituto Butantan firmou um acordo com a Sinovac para transferência de tecnologia e produção da vacina no país. Atualmente o Butantan já faz a manipulação e envase do imunizante proveniente da China. Enquanto isso, a Sinovac será responsável por capacitar a equipe brasileira até a finalização da transferência de tecnologia. Leia mais sobre neste link.
  • Tecnologia: Essa vacina utiliza a tecnologia de vírus inativado, existente desde o final do século 19. Para formular a CoronaVac se utiliza o vírus causador da COVID-19 inativado, ou seja, o SARS-CoV-2 se encontra “morto” através de métodos químicos e então é injetado no pessoa em conjunto com adjuvantes (reagentes que aumentam a resposta imunológica do paciente a uma vacina). Nesse tipo de vacina, a resposta imunológica é gerada através do contato do sistema imune do paciente com o vírus inativado. O vírus não é capaz de causar a doença, pois se encontra inativo ou “morto”, entretanto, a resposta imune pode ser um pouco mais fraca, o que justifica o uso de adjuvantes. Outros exemplos de vacinas já utilizadas baseadas em vírus inativados são as vacinas para hepatite A, gripe, raiva e poliomielite injetável (VIP).
  • Eficácia: 91,25% na Europa e Turquia e 50,4% no Brasil*.
  • Logística e dinâmica de vacinação: A CoronaVac deve ser armazenada em temperaturas entre 2º e 8 ºC, como as outras vacinas de vírus inativados, o que é um ponto positivo em termos de logística quando comparado às vacinas de mRNA. É aplicada através da via intramuscular e requer duas doses com 14 dias de intervalo.
  • Preço: Em torno de 10 dólares por dose (aproximadamente 53 reais por dose).
  • Países que já aprovaram o uso emergencial e estão vacinando ou já possuem data para vacinação: China.
  • Situação no Brasil: A CoronaVac está sendo testada na população brasileira em um estudo clínico de fase III coordenada pelo Instituto Butantan, entretanto, os dados de eficácia ainda não foram publicados, o que vem gerando polêmicas devido aos atrasos. O Governo de São Paulo já adquiriu 46 milhões de doses. A Anvisa já concluiu as análises, com exceção dos dados de fase III. O Instituto Butantan solicitou à Anvisa o pedido de uso emergencial da CoronaVac em 08/01/2021. 
  • Atualização em 21/05/2021: A vacina recebeu a autorização para o uso emergencial em 17/01/2021 e vem sendo aplicada na população brasileira desde o início da campanha de vacinação contra a COVID-19 no Brasil. O pedido de registro ainda não foi solicitado. Até o dia 18/05/2021 haviam sido aplicadas 4 milhões de doses da vacina produzida em parceria com o Instituto Butantan. A produção brasileira da Coronavac tem passado por problemas relacionados à falta de insumos, mas o Instituto Butantan informou que um novo carregamento do ingrediente farmacêutico ativo (IFA) chegará no Brasil em 26/05/2021, com quantidade o suficiente para a produção de 7 milhões de doses do imunizante.

Esquematização de como as vacinas que utilizam o vírus inativado induzem resposta imune. Essa tecnologia é a mesma aplicada no desenvolvimento das vacinas da Sinovac, da Sinopharm e da Bharat Biotech. Fonte: Adaptado de Nature por Bruna Pereira Lopes e publicado anteriormente neste texto.

4 – Vacina Covishield da parceria Universidade de Oxford e AstraZeneca

  • Nomes: AZD1222, ChAdOx1 nCoV-19, Covishield.
  • Empresa: Parceria entre a Universidade de Oxford e a companhia farmacêutica AstraZeneca. No Brasil, a Fiocruz formalizou a transferência de tecnologia com a AstraZeneca através do contrato de encomenda tecnológica (ETEC) para a produção da vacina aqui no país.
  • Tecnologia: A vacina é baseada na tecnologia que utiliza adenovírus de chimpanzé modificado. Nessa vacina, utiliza-se um adenovírus de chimpanzé que não possui a capacidade de se replicar na célula do indivíduo vacinado, ou seja, não causa doenças. O adenovírus é um vírus de DNA e esse adenovírus modificado para a vacina contém a sequência completa e otimizada que codifica para a produção da proteína Spike do SARS-CoV-2. A resposta imunológica é gerada de maneira similar às vacinas de modRNA, entretanto, nesse caso, ao receber a vacina,o paciente recebe o adenovírus de chimpanzé contendo a sequência do SARS-CoV-2, que então irá liberar essa sequência dentro da célula humana. Uma vez lá, as próprias células do paciente são capazes de produzir a proteína Spike e gerar a resposta imune. Essa tecnologia é relativamente nova e, até agora, apenas a Covishield chegou aos estudos de fase III. Entretanto, diversas vacinas utilizando adenovírus de chimpanzé modificado vêm sendo testadas na fase I e II, como formulações contra Nipah hepavirus, tuberculose, malária, Zika vírus e Chikungunya.
  • Eficácia: 70,4%.
  • Logística e dinâmica de vacinação: A vacina deve ser armazenada e transportada em temperaturas entre 2 e 8ºC, apresentando as mesmas vantagens da CoronaVac. É aplicada através da via intramuscular e requer duas doses com intervalo de 4 a 12 semanas (dados ainda não totalmente concluídos, no Brasil o intervalo recomendado é de 6 semanas).
  • Preço: Entre 3 e 4 dólares por dose (entre 15 e 21 reais por dose).
  • Países que já aprovaram o uso emergencial e estão vacinando ou já possuem data para vacinação: Reino Unido, Argentina, Índia e El Salvador.
  • Situação no Brasil: No Brasil, os estudos clínicos  de fase III da vacina Oxford/AstraZeneca foram conduzidos pela Fiocruz. A Anvisa já concluiu todas as análises referentes à vacina e, no dia 02/01/2021, autorizou a importação de 2 milhões de doses da vacina pela Fiocruz. No dia 08/01/2021, a Fiocruz solicitou à Anvisa o pedido de uso emergencial no Brasil.
  • Atualização em 21/05/2021: A vacina recebeu a autorização para o uso emergencial em 17/01/2021 e recebeu o registro em 12/03/2021. O imunizante vem sendo aplicado na população brasileira desde o início da vacinação contra a COVID-19 no Brasil. Os primeiros 4 milhões de doses foram importados e 22,5 milhões de doses (até 21/05/2021), foram produzidas pela Fiocruz no Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz). Até o momento já foram aplicadas 8,3 milhões de doses desse imunizante na população brasileira. Em 14/05/2021 a produção brasileira da vacina parou por falta de insumos, porém a previsão é que em 22/05/2021 chegue um novo carregamento de IFA ao Brasil.
Esquematização de como as vacinas que utilizam um vetor viral não replicante, como o adenovírus, induzem resposta imune. Essa tecnologia é a mesma aplicada no desenvolvimento das vacinas da parceira Universidade de Oxford/AstraZeneca, do Instituto de Pesquisa Gamaleya e da CanSino. Fonte: Adaptado de Nature por Bruna Pereira Lopes e publicado anteriormente neste texto.

5 – Vacina Sputnik V do Instituto de Pesquisa Gamaleya

  • Nomes: Gam-COVID-Vac, Sputnik V.
  • Empresa: Instituto de Pesquisa em Epidemiologia e Microbiologia de Gamaleya da Rússia.
  • Tecnologia: Essa vacina se baseia na utilização da tecnologia de adenovírus não-replicantes, de maneira similar à vacina da Oxford/AstraZeneca. A Sputnik V utiliza dois adenovírus humanos sem a capacidade de replicação, contendo o gene que codifica para a produção da proteína Spike de Sars-CoV-2 para estimular a resposta imunológica. Os vetores de adenovírus recombinantes utilizados são o tipo 26 (Ad26), aplicado na primeira dose e, o tipo 5 (Ad5), aplicado na segunda dose, para amplificar a resposta imune.
  • Eficácia: 91,4%.
  • Logística e dinâmica de vacinação: A vacina deve ser armazenada e transportada entre 2º e 8 ºC. É aplicada através da via intramuscular e requer duas doses com intervalo de 21 dias.
  • Preço: Aproximadamente 10 dólares por dose (em torno de 54 reais por dose).
  • Países que já aprovaram o uso emergencial e estão vacinando ou já possuem data para vacinação: Rússia, Belarus, Argentina, Bolívia, Venezuela e Sérvia.
  • Situação no Brasil: No Brasil, a empresa farmacêutica União Química realizou acordo com o Instituto Gamaleya e se responsabilizou pela produção da Sputnik V. No dia 02/01/2021 a União Química entrou com a solicitação de avaliação da vacina russa pela Anvisa para testagem. O pedido ainda não foi respondido.
  • Atualização em 21/05/2021: A documentação relacionada à vacina e às boas práticas de fabricação seguem em análise pela Anvisa. O pedido de uso emergencial foi solicitado em 26/03/2021, porém todos os dados ainda seguem em análise e a Anvisa segue no aguardo pela entrega da documentação complementar.

6 – Vacina Convidicea da CanSino

  • Nomes: AD5-nCOV, Convidicea.
  • Empresa: Companhia biofarmacêutica chinesa CanSino Biologics.
  • Tecnologia: A vacina da CanSino é bastante similar à da Oxford/AstraZeneca e à Sputnik V, uma vez que também é baseada em um vetor viral utilizando o adenovírus humano não-replicante 5. Nessa vacina, o adenovírus recombinante carrega a sequência que codifica para a proteína Spike do SARS-CoV-2, que estimulará a produção de resposta imune após as células do paciente sintetizarem a proteína Spike.
  • Eficácia: Os dados de fase III ainda não foram divulgados.
  • Logística e dinâmica de vacinação: Essa vacina não demanda temperaturas extremamente baixas, podendo ser armazenada e transportada entre 2º e 8 ºC. A Convidicea deve ser aplicada através da via intramuscular em apenas 1 dose. Existem estudos em andamento acerca do seu uso intranasal.
  • Preço: Não divulgado.
  • Países que já aprovaram o uso emergencial e estão vacinando ou já possuem data para vacinação: China, de forma restrita, sendo limitada ao uso militar pelo período de 1 ano.
  • Situação no Brasil: Não há nenhuma informação relacionada ao pedido de avaliação da Convidicea pela Anvisa.
  • Atualização em 21/05/2021: O pedido de uso emergencial foi solicitado pela farmacêutica CanSino em 18/05/2021. A Anvisa se encontra na etapa de análise de todas as informações enviadas à agência.

7 – Vacina BBIBP-CorV da Sinopharm

  • Nomes: BBIBP-CorV.
  • Empresa: Parceria entre a empresa estatal Sinopharm da China com o Instituto de Produtos Biológicos de Beijing e o Instituto de Produtos Biológicos de Wuhan.
  • Tecnologia: A vacina da Sinopharm utiliza a tecnologia de vírus inativado, similar à vista na CoronoVac. Dessa forma, a BBIBP-CorV contém o SARS-CoV-2 na sua forma inativa e, ao ser injetado no paciente, estimula a resposta imunológica do mesmo contra o vírus.
  • Eficácia: 79,34% pelos dados divulgados pela Sinopharm e 86% de acordo com os dados dos testes de fase III no Bahrein.
  • Logística e dinâmica de vacinação: A vacina da Sinopharm deve ser transportada e armazenada em baixas temperaturas, entre 2º e 8 ºC. É aplicada através da via intramuscular e requer duas doses com intervalo de 14 dias.
  • Preço: Em torno de 30 dólares por dose, de acordo com o governo chinês (aproximadamente 164 reais por dose). 
  • Países que já aprovaram o uso emergencial e estão vacinando ou já possuem data para vacinação: Egito, Emirados Árabes, Bahrein e China.
  • Situação no Brasil: Não há nenhuma informação relacionada ao pedido de avaliação da BBIBP-CorV pela Anvisa. Atualização em 21/05/2021: Os dados para análise não foram encaminhados para Anvisa pela Sinopharm e nenhum pedido de uso emergencial foi solicitado pela empresa.

8 – Vacina Covaxin da Bharat Biotech

  • Nomes: BBV 152, Covaxin.
  • Empresa: Parceria entre a empresa Bharat Biotech da Índia e o Conselho Indiano de Pesquisa Médica (ICMR).
  • Tecnologia: A tecnologia utilizada é a de vírus inativado. Como visto, neste tipo de vacina, o vírus SARS-CoV-2, é inativado ou “morto” por métodos químicos ou físicos. Uma vez que o vírus “morto” entre em contato com o sistema imune do paciente vacinado, a resposta imune contra o SARS-CoV-2 será construída.
  • Eficácia: Estima-se que seja de 60%, uma vez que os estudos de fase III ainda estão em andamento.
  • Logística e dinâmica de vacinação: A Covaxin deve ser transportada e armazenada entre 2º e 8 ºC. É aplicada através da via intramuscular e requer duas doses com intervalo de 14 dias.
  • Preço: Não divulgado.
  • Países que já aprovaram o uso emergencial e estão vacinando ou já possuem data para vacinação: Índia, de forma restrita.
  • Situação no Brasil: A Anvisa ainda não está analisando, uma vez que os dados completos de fase III ainda não estão prontos. Porém, os representantes da Bharat Biotech já se reuniram com autoridades do Ministério da Saúde e da Anvisa para avaliar os requisitos para o licenciamento e testes da vacina no Brasil. No dia 04/01/2021 a Associação Brasileira das Clínicas de Vacina (ABVAC) informou que negocia com a Bharat Biotech a compra de 5 milhões de doses da Covaxin para aplicação em clínicas particulares. Atualização em 21/05/2021: Os documentos necessários para a análise das informações não foram apresentados à Anvisa e o nem o pedido de uso emergencial e nem o de registro foram solicitados. A certificação de boas práticas de fabricação foi indeferida em 30/02/2021.

9 – Vacina Janssen da Johnson & Johnson e Janssen Vaccines

  • Adicionada no texto na atualiza;áo de 21/05/2021
  • Nomes: Vacina Janssen COVID-19, Ad26.COV2.S.
  • Empresa: Desenvolvida pela Janssen Vaccines (Holanda) e Janssen Pharmaceuticals (Bélgica), que é subsidiária da multinacional norte-americana Johnson & Johnson.
  • Tecnologia: Similar à vacina da Oxford/AstraZeneca, o imunizante da Janssen utiliza o adenovírus humano tipo 26 (Ad26) sem a capacidade de replicação, contendo o gene que codifica para a produção da proteína Spike de SARS-CoV-2 para estimular a resposta imune.
  • Eficácia: Os dados dos estudos de fase III mostraram uma eficácia de 66% em casos moderados a graves e 85% apenas em casos graves em população a partir de 18 anos.
  • Logística e dinâmica de vacinação: A vacina Janssen, diferente de todas as outras, requer apenas 1 dose através da via intramuscular para induzir a resposta imune. Deve ser transportada e armazenada entre 9º e 25 ºC por até 12 horas, pode ser armazenada por meses em refrigeradores comuns.
  • Preço: 10 dólares por dose.
  • Países que já aprovaram o uso : A vacina já possui registro (autorização completa) na Suíça; está sendo aplicada através do uso emergencial em diversos países da África, da Europa e da América do Norte, além da Coréia do Sul e do Brasil. 
  • Situação no Brasil: Aprovada para uso emergencial pela Anvisa em 31/03/2021. O Ministério da Saúde comprou 38 milhões de doses que têm estimativa de entrega de 17 milhões dessas doses até o final de agosto e o restante até o final de novembro.

São muitas vacinas sendo produzidas por boas empresas e já sendo aplicadas nas populações de diversos países. Porém, frequentemente temos lido notícias sobre novas variantes encontradas. E no que isso afeta as vacinas? 

É importante destacar que a base de evolução dos vírus, não apenas dos coronavírus, são as mutações que geram novas variantes. Em relação às vacinas, ainda não temos informações concretas, entretanto, diversos fabricantes vêm se pronunciando sobre e afirmando que é muito provável que as vacinas mantenham suas eficácias mesmo contra as novas variantes. Só iremos ter a certeza depois que os estudos envolvendo as vacinas e as variantes estiverem concluídos. Isso talvez ocorra a partir de meados de janeiro de 2021.

Desse modo, é de extrema importância que as medidas de enfrentamento ao SARS-CoV-2 sejam adotadas de forma rígida! Dessa forma, reduzimos muito a transmissão do vírus e isso também impacta em uma menor frequência de surgimento de novas variantes. Por isso, use máscara; lave as mãos frequentemente com água e sabão; fora de casa, utilize álcool gel; evite aglomerações e mantenha o distanciamento físico. Assim estamos protegendo a nós mesmos e quem convive ao nosso redor. Adotar essas medidas de proteção é dever e responsabilidade social!

*Atualização: Em 12/01/2021 foi divulgado que a eficácia global da Coronavac é 50,4%. O número anteriormente divulgado (78%) corresponde a redução de casos leves e 100% de redução de casos graves.
Outra atualização foi realizada em 21/05/2021.

Darling
Texto revisado por Bruna Lopes e Natália Videira

Referências:


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BIERNATH, A. Covid-19: o que muda (ou não) no combate à pandemia com a nova variante do coronavírus no Brasil. BBC News Brasil. Disponível em <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-55503749>. Acesso em 04 Jan 2021.
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CNN Brasil. Clínicas privadas brasileiras negociam compra de vacina da Índia. Disponível em <https://www.cnnbrasil.com.br/saude/2021/01/03/clinicas-privadas-brasileiras-negociam-compra-de-vacina-da-india>. Acesso em 04 Jan 2021.
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DIAS, J. Covid-19: Oxford e Fiocruz debatem detalhes sobre a vacina. Fiocruz. Disponível em <https://portal.fiocruz.br/noticia/covid-19-oxford-e-fiocruz-debatem-detalhes-sobre-vacina>. Acesso em 06 Jan 2021.
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