A bioimpressão 3D, ou seja, a impressão 3D utilizando-se células como biotintas, é uma área em franca expansão no Brasil e no mundo. Os produtos bioimpressos podem ser utilizados para diferentes finalidades como: pesquisa básica de sinalização celular, produção de enxertos ou órgãos para transplante, modelos para testes de eficácia e segurança de fármacos e cosméticos, produção de carne cultivada… As possibilidades de aplicação da bioimpressão 3D são inúmeras!
Para saber mais sobre a técnica e suas aplicações, leia nossos textos sobre bioimpressão e cultivo de células 3D, e sobre as aplicações de biofabricação de órgãos e bioimpressão no combate à COVID-19
Neste artigo vamos apresentar startups brasileiras inovadoras que atuam com bioimpressão 3D nas diferentes frentes: comercialização de equipamentos e de hidrogéis para bioimpressão, codesenvolvimento e desenvolvimento de produtos bioimpressos para diferentes aplicações, e fornecimento de treinamentos, capacitações e consultorias na área.
1 – 3DBS 
A 3DBS foi criada em dezembro de 2017 e comercializa equipamentos de biofabricação customizados, possuindo 5 layouts de bioimpressoras e 3 layouts de eletrofiação (criação de fibras nas escalas nano e micro). Além disso, também comercializa produtos de bioimpressão como os scaffolds celulares (suportes fibrosos para cultivo 3D) e o recém lançado modelo in vitro de pele completa 3D (derme e epiderme).
A 3DBS possui ainda serviços de consultoria e projetos de codesenvolvimento nas áreas de engenharia de tecidos, medicina regenerativa e indústria de alimentos, além de locação de espaço e testes de biomateriais com células em seu laboratório. A startup está incubada no hub de inovação em saúde da São Leopoldo Mandic em Campinas – SP, onde o laboratório de biofabricação financiado pelo PIPE-FAPESP está instalado, enquanto a oficina está localizada em São Paulo.
Para a sua criação e crescimento, a 3DBS teve apoio do programa de aceleração da Biominas Brasil e do programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
2 – Bioedtech 
A Bioedtech surgiu em 2018 e oferece treinamentos e capacitações em bioimpressão, possuindo mais de 20 tipos de cursos, além de comercializar equipamentos para bioimpressão (bioimpressoras é biopipetadores). A startup, que está incubada no Learning Village (Singularity University) em São Paulo, também possui projetos de codesenvolvimento com a indústria alimentícia.
A Bioedtech participou dos programas de aceleração ALI, Startup SP e Aceleração do Cataliza ICT do Sebrae, e possui parceria com a Merck do Brasil e Creality 3D.
3 – 
A TissueLabs é uma startup suíço-brasileira que possui sua sede na cidade de Manno na Suíça e a operação aqui no Brasil, em São Paulo. A startup criada em 2019 está incubada no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (CIETEC), e oferece equipamentos como bioimpressoras e hidrogéis tanto de biomateriais genéricos, como gelatina metacrilada (GelMA) e alginato, quanto hidrogéis específicos para cada tipo de tecido humano produzidos a partir de matriz extracelular.
A TissueLabs também comercializa aparatos para cultivo epitelial em interface ar-líquido e uma solução tecido-específica para recobrimento (coating) de placas de cultura com as proteínas da matriz extracelular facilitando a adesão e crescimento celular para fins específicos. Além disso, oferecem serviços de consultoria em bioimpressão e codesenvolvimento de projetos na área.
A startup teve apoio financeiro do PIPE-FAPESP, da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e de um aporte privado.
4 – 
A Bioprint3D é a única startup da lista que fica na região centro-oeste do Brasil, localizada em Brasília, desde 2019. Por meio de uma cooperação técnica com a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, a startup ainda está desenvolvendo protótipos, mas pretende atuar comercializando produtos relacionados à biofabricação 3D de baixo custo: equipamentos (máquinas e dispositivos), hidrogéis para diferentes tipos celulares e com diferentes graus de biodegradabilidade, e cursos e treinamentos desde o básico ao avançado da biofabricação 3D.
5 – 
Criada em 2015, a EVA Scientific é uma startup de São Paulo que oferece hidrogéis à base de colágeno para bioimpressão e engenharia de tecidos. Também oferece biorreatores para descelurização e recelurização de órgãos e biomembranas à base de colágeno para saúde animal. A startup recebeu financiamento do PIPE – FAPESP e participou do programa de aceleração InovAtiva Brasil.
6 – 
A Revolugenix é uma startup fundada em junho de 2011 com sede em São Paulo. Desenvolve produtos à base de colágeno como hidrogéis para bioimpressão e scaffolds para culturas de células. Possui alguns projetos com universidades para codesenvolvimento de hidrogéis para pesquisa e uso clínico. Um de seus biomateriais finalizou testes pré-clínicos e seguirá para estudos clínicos para regeneração de tecidos humanos.
7 – 
A In Situ é a única representante dessa lista que não está baseada em uma capital. A startup está localizada em Ribeirão Preto, no interior do estado de São Paulo, e surgiu em 2015. Atualmente desenvolve um biocurativo – produto de bioimpressão 3D – contendo células-tronco para o tratamento de feridas que está em fase de submissão do dossiê para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para solicitação do início dos testes clínicos. Também está em fase de desenvolvimento de um constructo bioimpresso para a cicatrização de gengiva.
A startup contou com apoio do PIPE-FAPESP, passou por incubação no SUPERA Parque em Ribeirão Preto e no Eretz.bio, por programas de aceleração Biostartup Lab da Biominas, Pluris de Ribeirão Preto, e pelo programa FINEP Mulheres Inovadoras.
8 – 
A Quantis é uma startup criada em 2019 por dois fundadores, sendo um deles, a sócia e fundadora da Bioedtech. Possui matriz em São Paulo e filial em Nova Lima – MG no campus do Biotechtown. A Quantis atua principalmente com produtos de bioimpressão produzindo proteínas da matriz extracelular dérmica (colágeno, elastina e ácido hialurônico) a partir de tecidos humanos bioimpressos. A startup também realiza o codesenvolvimento de produtos inovadores com a indústria farmacêutica, tendo em seu portfólio um preenchedor dérmico e um hidrogel de proteínas de matriz extracelular para engenharia tecidual e bioimpressão de pele.
A empresa está incubada no Eretz.bio (Incubadora do Hospital Albert Einstein), possui parceria com o Instituto Senai de Inovação (ISI) e já recebeu recursos do PIPE-FAPESP, investimento Anjo, investimento do Biotechtown e é uma das startups deep tech cofundada pela Venture Builder Caos Focado.
9 – 
A Gcell é uma startup carioca criada em 2019, especializada em cultivo 3D, produzindo esferoides celulares para ensaios in vitro por meio de uma plataforma automatizada de semeadura da suspensão de células. No âmbito da bioimpressão 3D, fornece cursos de capacitação online e tem um projeto com apoio Finep para desenvolvimento de produtos de bioimpressão de tecido pulmonar 3D utilizando tecnologias de esferóides e bioimpressão.
A startup está localizada na Incubadora da COPPE/UFRJ no Rio de Janeiro e já participou dos programas de aceleração ProinterBio do Sebrae, ConvergeLab e Swissnex – programa Academia-indústria (AIT).
10 – 
A Núcleo Vitro é a única startup da lista localizada na região sul do país, em Porto Alegre. Atua com metodologias alternativas ao uso de animais (ensaios in vitro) para análise de eficácia e segurança de produtos para saúde. Dentre as metodologias in vitro, a empresa utiliza peles 3D e atualmente valida o processo de produção por bioimpressão desses modelos de pele para utilização em seus ensaios.
A Startup, criada em 2019, faz parte da incubadora não-residente REDE Zenit da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Unitec, e recebeu fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Neste texto, apresentamos todas as empresas que atuam com bioimpressão no Brasil que temos ciência. Além das startups, é possível encontrar pesquisas com bioimpressão 3D nas universidades e nos institutos de pesquisa como o IPEN, o CTI Renato Archer, a EMBRAPA Recursos Genéticos e o CNPEM.
É importante ressaltar que, embora a bioimpressão 3D seja uma área relativamente nova e que já possui 10 startups atuando no país, estas startups estão majoritariamente concentradas na região sudeste do Brasil e atuam em aplicações voltadas para a área da saúde. A Bioimpressão e a Impressão 3D são áreas que permitem muitas aplicações, e com isso, podemos esperar o surgimento de muitas novas startups pelo Brasil.
Disclaimer: Este não é um conteúdo publicitário. Nem o Profissão Biotec, nem a autora foram recompensados de alguma forma para escrita deste artigo.
Cite este artigo:
VIDEIRA, N.B. Quais são as empresas de bioimpressão 3D do Brasil?. Revista Blog do Profissão Biotec, v.8, 2021. Disponível em: < https://profissaobiotec.com.br/quais-sao-as-empresas-de-bioimpressao-3d-do-brasil/>. Acesso em: dd/mm/aaaa
