Infecções continuam sendo umas das principais causas de mortes no mundo. Mesmo após o advento dos antibióticos, com o descobrimento da penicilina pelo pesquisador Alexander Fleming em 1929, a busca por novos fármacos antimicrobianos ainda se faz necessária. Isso ocorre, principalmente, em função dos mecanismos de patogenicidade adquiridos pelas bactérias para “fugir” do tratamento medicamentoso.

Alguns meios que as bactérias utilizam para resistir ao tratamento com antibióticos são: a produção de enzimas que destroem o fármaco, a presença de bombas de efluxo que expulsam o medicamento de dentro da célula bacteriana e a alteração do sítio de ligação do antibiótico, fazendo com que este não interaja mais com a própria bactéria. Bastante engenhoso, não é mesmo?

Exemplo de teste de resistência a antibióticos comumente realizado em laboratórios de microbiologia.

Superbactérias

Algumas linhagens das bactérias Staphylococcus aureus, Acinetobacter baumanii, Klebsiella pneumoniae, dentre outras, que apresentam multirresistência a antibióticos, estão na lista da OMS (Organização Mundial da Saúde) classificadas como Superbactérias. As Superbactérias têm sido causa de diversas mortes, principalmente em âmbito hospitalar, já que, em muitos casos, não há antibióticos disponíveis para o tratamento dos pacientes acometidos por essas bactérias. Dessa forma, como a Biotecnologia poderia ajudar a combatê-las?

A Biotecnologia pode nos ajudar na luta contra as Superbactérias!

Precisamos buscar novos fármacos e, para isso, podemos explorar a grande biodiversidade de nosso país aplicando as ferramentas de Biotecnologia. Uma interessante fonte de metabólitos bioativos são as plantas. É fácil perceber essa grande potencialidade, já que na época nas nossas avós, normalmente as pessoas não utilizavam medicamentos e sim, apenas chás (que são infusões em água fervente de determinadas partes de plantas). Não estamos dizendo que você deve trocar medicamentos por chás, mas sim que estudar as plantas de forma detalhada poderá nos auxiliar na descoberta de novos medicamentos potencialmente tóxicos para as Superbactérias.

E se a planta produzir esse metabólito em pequena quantidade, como será possível utilizá-lo para o tratamento de diversos pacientes? Mais uma vez, a Biotecnologia poderá nos auxiliar na produção desse metabólito em grande quantidade, sem precisar devastar florestas e mais florestas.

Outras fontes de antibióticos com grande potencial são os próprios micro-organismos. Bactérias, fungos e algas podem ser interessantes fontes de metabólitos. Estudos de isolamento de micro-organismos, dos mais diversos ambientes, têm sido realizados, por muitos grupos de pesquisa. Outros grupos realizam estudos de metagenômica, os quais analisam o genoma total de uma determinada amostra (por exemplo, solo), com intuito de compreender a diversidade de micro-organismos que estão presentes nessa amostra analisada. Esses estudos são importantes, já que não é possível mimetizar as condições ideias para o cultivo in vitro  para a maioria dos micro-organismos, perdendo assim, grande parte da diversidade microbiana. Além disso, os micro-organismos podem ser utilizados como biofábricas para a produção de metabólitos, tanto os próprios, como os de outros organismos.

Portanto, será que essas Superbactérias são tão imbatíveis assim ou ainda não encontramos as “armas” mais adequadas para combatê-las? Parece que temos muito trabalho ainda pela frente, não é mesmo? Então, mãos à obra!

Fontes:

http://www.who.int/mediacentre/news/releases/2017/bacteria-antibiotics-needed/en/. Acesso em 10/07/2017.

Tortora, G.J.; Funke, B.R.; Case, CL. Microbiologia. 10. ed., Porto Alegre: Artmed, 2010.

Fleming, A. Br. J. Exp. Pathol. 1929, 10 (3), 226.

Sugestão de vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=xZbcwi7SfZE

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Célio
Célio
6 anos atrás

Texto muito bom. Tenho este tema como tese de doutorado e uma coisa importante, que faltou, foi falar das fagoterapias que muitas vezes são o único recurso e falar tbm do novo antibiótico peptídica descoberto no solo da amazônica que induz formação de poros membranares, o que eh virtualmente o melhor recurso disponível no momento.

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