Uma pesquisa recente realizada nas cinco regiões do Brasil mostrou que 70% da população acredita em fake news sobre as vacinas! A pesquisa foi realizada pela Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM) em parceria com a ONG Avaaz e demonstrou que muitos brasileiros estão deixando de se vacinar por acreditarem em notícias falsas divulgadas principalmente na internet e em redes sociais (veja o estudo completo em: As Fake News estão nos deixando doentes?).
As fake news se tornaram uma ameaça à saúde pública, pois prejudicam as campanhas de vacinação e impedem a população de se proteger contra diversas doenças. Pensando nisso, o PB trouxe algumas respostas para as dúvidas citadas nesta pesquisa:
Fake News: “vacinas causam autismo e os governos sabem“
Um estudo publicado em 1998, na conceituada revista científica Lancet, alertava que a vacina contra sarampo, caxumba e rubéola teria relação com desenvolvimento do autismo.
O estudo, de autoria de Andrew Wakefield, levantou a hipótese de que a vacina era uma das causas do autismo observado em 11 crianças. Contudo, um médico que participou do estudo revelou que embora Andrew Wakefield afirmasse ter encontrado o vírus do sarampo nas crianças pesquisadas, essa informação era falsa: nenhuma das crianças apresentava o vírus do sarampo, e essa informação havia sido ignorada propositalmente para não atrapalhar o estudo.
Também descobriu-se que antes de publicar o polêmico trabalho, Andrew Wakefield havia feito um pedido de patente para uma nova vacina contra o sarampo (vacina que seria concorrente da vacina que ele acusava de ser causadora do autismo!). Além disso, diversas pesquisas realizadas posteriormente, em países como EUA e Dinamarca, demonstraram que os componentes da vacina não tinham correlação com a incidência do autismo nas crianças.
Diante dessas evidências, a comunidade científica concluiu que a vacinação não era a causa do autismo e o Conselho Geral de Medicina do Reino Unido considerou Andrew Wakefield “inapto para o exercício da profissão”, considerando-o irresponsável e antiético. A própria revista que publicou o estudo o retirou de circulação pois concluiu que a pesquisa era falsa e que não havia nenhuma ligação entre a vacinação e o autismo. O Ministério da Saúde também já desmentiu esse boato.
Atualmente os estudos demonstram que as causas do autismo seriam predisposição genética, infecções durante a gravidez e fatores como a poluição, sem nenhuma relação com as vacinas.
Adaptado de Pixabay-Tomislav Kaucic e Pixabay- Oberholster
Fake News: “as vacinas causam efeitos colaterais graves“
No Brasil, a vacina só é liberada após passar por um rigoroso processo de avaliação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).São necessários vários testes antes da aprovação!
Esses testes são divididos em 3 fases: fase laboratorial (quando dezenas de moléculas são analisadas para definir qual a melhor composição da vacina), fase pré-clínica (para comprovar os resultados da etapa anterior, são realizados testes em animais) e fase clínica (testes em humanos para comprovar os efeitos, identificar as reações adversas e avaliação da segurança; essa fase é subdividida em outras 4 etapas!). Todos os resultados são encaminhados para a Anvisa e posteriormente para o Ministério da Saúde. Dessa forma, todas as vacinas são liberadas apenas quando são consideradas seguras.
As reações às vacinas geralmente são pequenas e temporárias (exemplo: braço dolorido, vermelhidão ou febre baixa) e são consideradas uma resposta imunológica leve e comum. Reações graves são raríssimas e sempre são monitoradas e investigadas. As vacinas evitam a disseminação de doenças graves como a poliomielite e o sarampo, que podem causar danos irreversíveis como paralisia, cegueira ou morte. Quando comparamos as possíveis reações das vacinas com as reais consequências das doenças que elas evitam vemos que a vacinação vale muito a pena!
Fake News: “vacinas, como a do hpv, servem de incentivo para que jovens adotem comportamentos promíscuos“
A vacina contra o HPV já é utilizada em mais de 80 países sendo considerada segura pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O objetivo dessa vacina é prevenir o câncer de colo do útero, de pênis, de boca, de garganta e de ânus que atingem milhares de pessoas todos os anos. Somente no Brasil, 5 mil mulheres morrem por ano devido ao câncer de colo do útero e mais de 90% dos casos de câncer anal são atribuídos ao vírus HPV. Assim como qualquer outra vacina, a vacina contra HPV deve ser aplicada ANTES de o indivíduo ter contato com o vírus e por isso essa faixa etária (crianças e adolescentes) foi escolhida. Vacinar crianças e adolescentes, antes deles iniciarem a vida sexual, é uma forma de prevenir o desenvolvimento desses tipos de cânceres na vida adulta. Além disso, a faixa etária indicada para vacinação (meninos entre 11 e 14 anos e meninas entre 9 e 14 anos) é a mais eficaz segundo os estudos: “A época mais favorável para a vacinação é nesta faixa etária, de preferência antes do início da atividade sexual, ou seja, antes da exposição ao vírus. Estudos também verificaram que nesta faixa etária a vacina HPV quadrivalente induz melhor resposta imunológica quando comparada em adultos jovens” ressalta Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações.
Fake News: “contrair a doença é, na verdade, uma proteção mais eficaz do que se vacinar contra ela“
As vacinas são a melhor forma de prevenção que existe! Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) entre 2 a 3 milhões de mortes são evitadas todos os anos devido à vacinação. A vacina evita que o indivíduo possa contrair a doença (como no caso da vacina contra poliomielite) ou, mesmo que contraia a doença, os sintomas serão amenizados, evitando complicações graves (como no caso da vacina contra gripe).
Um exemplo muito comum é a catapora. Ao contrair a doença, o indivíduo precisa se afastar das atividades diárias (devido o risco de transmissão para outras pessoas) e pode necessitar de hospitalização (principalmente porque a doença tende a se agravar em pessoas mais velhas). Pacientes idosos que contraem catapora também têm maior probabilidade de desenvolver herpes zoster, doença que causa dor e muito desconforto.
É por isso que a vacinação é considerada essencial em todas as faixas etárias: ela evita complicações, internações e a transmissão de doenças que são aparentemente “simples”, mas que podem gerar sequelas graves e até morte.
Fake News: “mulheres grávidas não podem se vacinar“
Ao contrário do que muitos pensam, as grávidas podem e devem se vacinar! Através da vacinação, a mãe produz anticorpos que são transmitidos para o bebê através da placenta ou leite materno, garantindo a proteção do bebê nesse início da vida.
Atualmente o Ministério da Saúde oferece as seguintes vacinas para a gestante:
- dTPa (contra difteria, tétano e coqueluche): a coqueluche é uma doença grave em bebês até 6 meses, a difteria tem altas taxas de mortalidade entre recém-nascidos, enquanto o tétano pode ser transmitido pela contaminação do cordão umbilical durante o parto. A vacinação da mãe, entre a 27ª e a 36ª semanas, é uma forma de proteger o bebê contra essas doenças;
- hepatite B: a vacinação das mães reduz os riscos de contaminação perinatal que pode causar infecção hepática crônica nos bebês;
- influenza (contra gripe): pode ser tomada em qualquer período da gestação e é considerada uma vacina muito importante pois as grávidas tendem a desenvolver a forma mais crítica da gripe. Além disso, casos de gripe durante a gestação aumentam em até 30% a chance de parto prematuro.
Carla Domingues, coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, esclarece que as grávidas só não podem tomar vacinas vivas e atenuadas, como a BCG, tríplice viral e varicela. O recomendado é que a grávida SEMPRE procure orientação médica do ginecologista/obstetra para definir quais vacinas ela irá tomar!
As notícias falsas que circulam pela internet prejudicam as campanhas de vacinação e colocam em risco a saúde de toda a população. Por isso, antes de acreditar em qualquer notícia, siga essas dicas:
- 1 ) Desconfie de notícias negativas sobre vacinas que estão acompanhadas de “curas milagrosas” ou “produtos alternativos”. Muitos sites usam informações falsas e negativas sobre vacinas para tentar vender produtos que prometem cura rápida e milagrosa. Fique de olho!!!
- 2) Não repasse informações sem antes confirmar a veracidade delas com algum profissional da saúde (médico, enfermeiro…) ou em algum site e/ou organização vinculada ao Ministério da Saúde ou Organização Mundial de Saúde (OMS). O próprio Ministério da Saúde disponibilizou um número de Whatsapp para a população esclarecer se as informações recebidas nas redes sociais são verdadeiras ou falsas. Você pode checar se a informação é verdadeira antes de repassar! O número de Whatsapp é (61) 99289-4640.
- 3-) Acompanhe nossa página e fique por dentro de notícias verdadeiras sobre as vacinas e seus benefícios! É só clicar e se informar!