Com a declaração de pandemia da doença COVID-19 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) duas semanas atrás, os esforços de todas as nações e seus grupos de pesquisadores e cientistas para encontrar um tratamento ou cura foram dobrados para que rapidamente possa se reverter o alarmante quadro de infectados. Já são mais de 370 000 casos confirmados (até 24/03), com a Europa no epicentro da crise.

A COVID-19 já se espalhou por mais de 160 países, de acordo com dados da OMS (Foto do dia 25/03) (fonte da imagem: https://www.cdc.gov/coronavirus/2019-ncov/cases-updates/world-map.html)

Felizmente, pesquisas estão sendo desenvolvidas e trazem esperança para os infectados e para toda a população que teve sua rotina mudada como uma forma de contenção do vírus. Essas pesquisas estão sendo realizadas por empresas da área da saúde e centros de pesquisa do mundo inteiro, com enfoque em tratamentos eficazes, que possam atuar diretamente no vírus e que estejam ao alcance de todos.

No Brasil, nossos cientistas também estão mobilizados na melhor forma de lidar com essa crise, como detalhamos aqui. Mundialmente, algumas organizações estão buscando novos usos para medicamentos conhecidos, ou estudando como o vírus funciona para entender como seria possível controlar sua infecção, ou ainda apostando em tecnologias inovadoras da medicina. Abaixo você encontrará uma lista com alguns dos potenciais tratamentos ou métodos de prevenção para o coronavírus em desenvolvimento.

Vacinas

Uma grande parcela dos estudos está focada no desenvolvimento acelerado de uma vacina para a prevenção da contaminação pelo coronavírus. As vacinas são meios de preparar o corpo contra infecções de vírus e bactérias, sem que haja a doença, atuando de fato como uma forma preventiva em quem já está saudável.

O que uma vacina faz nos nossos organismos é introduzir uma pequena porção do vírus atenuado – ou seja, sem capacidade de causar infecção – ou uma proteína produzida pelo vírus, como uma forma de induzir o sistema imunológico  a produção de anticorpos necessários para que o corpo humano consiga combater qualquer invasão desse vírus com maior rapidez, caso seja infectado.

Muitas organizações pelo mundo focaram na produção de vacinas assim que conseguiram isolar o vírus SARS-CoV-2 e identificá-lo em laboratório. Empresas como a GlaxoSmithKline (GSK), uma das maiores do mundo na produção de vacinas, Johnson & Johnson e Inovio Pharmaceuticals são algumas das que pretendem começar a testar protótipos de vacinas ainda esse ano

Empresas como a CanSino Biologics e a Sanofi já apostam em uma proposta um pouco diferente: pretendem estudar a aplicabilidade de uma vacina “quimera”, que possui a mistura do DNA de dois vírus diferentes. Nesse caso, parte do DNA do coronavírus e de um segundo vírus inofensivo ao nosso organismo, mas que pode gerar uma resposta do sistema imune mais rapidamente que uma vacina contendo somente o vírus da COVID-19. Ambas empresas estimam que as vacinas podem levar até um ano para ficarem prontas e serem lançadas no mercado.

A USP (Universidade de São Paulo) também está desenvolvendo uma vacina com tecnologia similar para o coronavírus, ao fazer a junção de RNA do vírus da pandemia com uma molécula facilmente reconhecida pelo sistema imune, fazendo com que a resposta dos nossos organismos seja muito mais efetiva.

Lembrando que, como padrão de qualidade e de segurança, vacinas são primeiro testadas in vitro (ou seja, em escala laboratorial) e em animais para enfim irem para testes clínicos, com pacientes humanos.

Mas existem empresas buscando maneiras de acelerar esse processo. A Moderna Theraupetics é uma delas e está interessada em voluntários para testar a sua vacina em desenvolvimento, indo diretamente para testes clínicos. O tipo de vacina desenvolvida pela empresa também é inovadora: são vacinas de mRNA.

O mRNA (RNA mensageiro) está presente em todos os seres, e é a parte do código genético utilizada pelas células na produção de proteínas, quase como um manual a ser lido pelas organelas celulares para saber quais proteínas devem ser produzidas. A proposta da Moderna Therapeutics, e de outras empresas como BioNTech, Curevac e Arcturus Therapeutics, é de uma vacina contendo este “manual” da produção de proteínas do coronavírus, que será lido por nossas células e reconhecido pelo sistema imune.

* ATENÇÃO: Ainda não existem vacinas para o coronavírus humano que causa da COVID-19. A vacina para o coronavírus canino NÃO protege seres humanos e não deve ser utilizada em humanos *

Imunoterapias

As imunoterapias são métodos de terapia inovadores na medicina atual para o tratamento específico de doenças, já apresentando resultados animadores em casos contra câncer e até mesmo algumas alergias

Imunoterapias nada mais são do que o uso de anticorpos, células de defesa produzidas pelo sistema imunológico, como tratamento de doenças. A vantagem está na especificidade que os anticorpos possuem, podendo se ligar e rapidamente atuar contra células indesejadas presentes nos organismos, como vírus. 

Contra o coronavírus, empresas como Vir Biotechnology, Eli Lilly, Regeneron Pharmaceuticals e Takeda buscam isolar anticorpos provenientes de pacientes que se recuperaram da COVID-19 e de outras doenças causadas pelos vírus da família corona e utilizar isso em um tratamento intensivo para aqueles que estão infectados. 

Uso de medicamentos 

Nas últimas semanas, diversos estudos estão sendo discutidos quanto ao uso de medicamentos já conhecidos, porém utilizados para outras doenças, como alternativas no tratamentos de sintomas causados pelo coronavírus e na cura da doença.

Um desses medicamentos é a hidroxicloroquina, que que já mostramos que possui resultados promissores em pacientes contaminados, apesar de ainda estar em estudo. Lembrando que a OMS e a Anvisa ressaltaram na última semana que esse medicamento não deve ser usado para tratamento contra a COVID-19, e principalmente, não deve ser utilizado sem prescrição médica.

Empresas como Gilead Sciences, Ascletis Pharma e a Sanofi estão investigando aplicações para medicamentos de suas linhas de produção na melhora dos sintomas da COVID-19, como forma de diminuir a quantidade de pacientes em leitos hospitalares. Além disso, as empresas buscam por medicamentos com capacidades antivirais que podem reverter o quadro da doenças em pacientes críticos. 

Ainda assim, esses medicamentos estão em fase de estudo, e necessitam avançar nas aplicações para que tenham potencial de tratar um grande número de pacientes em larga escala.

Estes são alguns exemplos que mostram como a ciência e a dedicação dos pesquisadores podem nos trazer uma grande esperança para o controle dessa doença

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Texto revisado por Carolina Vasconcelos e Natália Videira
Referências: 
CAMBRIDGE. RNA vaccines: an introduction. Disponível em (em inglês): <https://www.phgfoundation.org/briefing/rna-vaccines> Acesso em 23/03/2020

CARBINATTO, B. Super Interessante Saúde – Os quatro tratamentos mais promissores contra a Covid-19, segundo a OMS. Disponível em <https://super.abril.com.br/saude/os-quatro-tratamentos-mais-promissores-contra-a-covid-19-segundo-a-oms/?fbclid=IwAR1R1tnZj7wD-BF7mS5dzok_YgwbX_zfZcVaeuY9sufZGrUJGPEsR5pscRY> Acesso em 23/03/2020

FIORATTI, C. Super Interessante Ciência, Saúde – Vacina do coronavírus será testada direto em humanos – sem passar por animais. Disponível em <https://super.abril.com.br/saude/vacina-do-coronavirus-sera-testada-direto-em-humanos-sem-passar-por-animais/>
Aesso em 23/03/2020

GARDE, D. STAT – An updated guide to the coronavirus drugs and vaccines in development. Disponível em (em inglês): <https://www.statnews.com/2020/03/19/an-updated-guide-to-the-coronavirus-drugs-and-vaccines-in-development/>. Acesso em 21/03/2020

PHILIPPIDIS, A. GEN – Catching Up to Coronavirus: Top 60 Treatments in Development. Disponível em (em inglês): <https://www.genengnews.com/virology/coronavirus/catching-up-to-coronavirus-top-60-treatments-in-development>. Acesso em 20/03/2020

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