No dia 4 de fevereiro foi comemorado o Dia Mundial do Câncer, instituído em 2005 pela União Internacional para o Controle do Câncer (UICC). A criação de um “dia mundial” tem como principal objetivo fazer com que o maior número de pessoas ao redor do planeta se informe sobre a doença. A campanha instituída para os anos de 2016 a 2018 tem como tema “Nós podemos. Eu posso.” e pretende difundir a ideia de que todos podem fazer a sua parte para reduzir essa patologia tão cruel, que leva a óbito cerca de 8,3 milhões de pessoas por ano.
Esse ano, o subtema escolhido pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) foi “Câncer Infanto-Juvenil”, de incidência relativamente alta no país e com estimativa de 12.600 novos casos para 2017. Saiba mais aqui!
Para mostrar como a biotecnologia está contribuindo para isso, trouxemos 4 avanços no tratamento e prevenção do câncer. Confira abaixo:
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Terapia fotodinâmica
Desenvolvida durante um mestrado da Universidade de Brasília (UnB) com apoio do programa de Nanobiotecnologia do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT), a terapia consiste em aplicar uma emulsão de nanopartículas com fármacos fotossensibilizantes na região onde está o tumor. Em seguida a região é submetida a um fotossensibilizador, o que resulta na transformação das nanoestruturas em moléculas instáveis, que reagirão com o oxigênio, formando radicais reativos que irão combater as células cancerígenas.
O estudo foi realizado utilizando cadelas com carcinoma mamário (leia o trabalho completo aqui), mas há relatos de que também foi testado para câncer de pele canino e humano com resultados satisfatórios (dados não publicados cientificamente).
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Detector de mutações
Os cientistas criaram um teste simples que procura as mutações e pode indicar se o câncer está presente. Fonte: NZHerald
Pesquisadores da Universidade de Swansea desenvolveram um teste capaz de identificar mutações celulares e, a partir da quantidade encontrada, predizer a chance que o indivíduo possui de desenvolver câncer ou não. Segundo o coordenador da pesquisa, Gareth Jenkins, o teste pode ser comparado a um detector de fumaça, que “percebe” uma alteração diretamente ligada ao problema, mas que não é o problema em si.
O método baseia-se na detecção de uma mutação específica de um tipo de câncer (no caso da pesquisa, PigA, em células de pacientes com câncer de esôfago) em células sanguíneas como leucócitos e eritrócitos. Estima-se que custe cerca de 63 dólares por paciente, consiga perceber alterações consistentes até 10 anos antes do desenvolvimento do câncer e que a nova tecnologia possa ser utilizada para outros tipos em breve. O trabalho foi publicado no Lancet, no início do ano passado.
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Novo diagnóstico para câncer de próstata
O câncer de próstata, segundo tipo que mais afeta homens no Brasil, ganhou um novo oponente. Já está disponível no mercado um teste mais eficaz do que a identificação do usual Antígeno Prostático Específico (PSA), que promete facilitar a identificação precoce deste tipo de patologia. O p2PSA (Beckman Coulter) é 3 vezes mais específico e minucioso e, com isso, reduz o número de biópsias necessárias. O funcionamento do teste baseia-se na quantificação de [-2]pró-PSA, uma isoforma do PSA, no soro por 3 diferentes métodos, e a partir disso fornece uma avaliação de risco individual para câncer de próstata. Já existem mais de 80 estudos comprovando a sua eficácia ao redor do mundo, que podem ser conferidos no site do fabricante. Desta forma, os médicos terão mais dados para o diagnóstico, e o paciente não precisará se submeter a exames invasivos e com resultados subjetivos.
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Fosfoetanolamina
A fosfoetanolamina, que ficou famosa em 2015 após ter sido anunciada como a cura do câncer, é produzida naturalmente em mamíferos, e é definida como um precursor da fosfatidiletanolamina e fosfatidilcolina, moléculas envolvidas na síntese de lipídios, constituinte principal das membranas celulares. A fosfoetanolamina sintética, como a produzida na Universidade de São Paulo, já foi testada em cultura de tecidos e animais, mostrando resultados benéficos e relativamente seguros, no que diz respeito a alteração do material genético celular. Ganhou repercussão após ter sido utilizada por pacientes antes de ter sido testada em humanos segundo os protocolos de desenvolvimento de fármacos estabelecidos, nacional e internacionalmente, cujos passos estão descritos na imagem abaixo:
Fases do desenvolvimento de um novo medicamento (clique para ampliar). Fonte: adaptado de Lombardino e Lowe (2004). Fonte: CRF-Pa
Após várias polêmicas, foram feitos investimentos do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), por isso atualmente o fármaco está na fase II de desenvolvimento iniciada em julho de 2016, onde cerca de 200 novos pacientes com tumor de cabeça e pescoço, pulmão, mama, cólon e reto, colo uterino, próstata, melanoma, pâncreas, estômago e fígado, serão divididos em grupos e submetidos a diferentes protocolos de tratamento pré-estabelecidos. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) também está investindo na pesquisa, foi anunciado o investimento de R$10 milhões destinados a este propósito.
Se quiser saber um pouco mais sobre a fosfoetanolamina, este vídeo do Diário Catarinense explica resumidamente como a substância age e as polêmicas que envolvem a liberação da mesma.
Além do que trouxemos, existem inúmeros avanços contra o câncer a cada dia, o que nos dá a esperança de que, um dia, possamos finalmente driblar esse vilão mundial e fornecer uma melhor qualidade de vida para as pessoas afetadas. No site do Instituto Nacional do Câncer (INCA), você pode encontrar informações acerca da campanha contra o câncer, com informações de sintomatologia, estatísticas brasileiras e até testes para mensurar o seu conhecimento. Que tal dar uma conferida?