Qual é a sua reação natural a algo novo que você não conhece?
A da maioria das pessoas costuma ser: “vou experimentar”.
É assim quando você opta por trocar a marca do sabão em pó que limpa suas roupas, quando testa um trajeto diferente até o trabalho, quando tenta uma mudança de hábitos… O fato é que dificilmente temos certeza sobre o desempenho ou sobre o futuro de algo novo. E, por isso, encaramos como “experimentar” os primeiros contatos com esse item ou hábito novo.
O mercado de trabalho ainda está “experimentando” o profissional biotecnologista.
O mesmo que fazemos inúmeras vezes no dia-a-dia, para testar o desempenho de coisas novas, as empresas fazem com profissões mais recentes, que estão em processo de estabelecimento de nicho e de características.
Quando uma empresa resolve contratar um biotecnologista, o que acontece da porta da empresa para dentro? Pode ser que ela ainda não saiba muito bem sobre as possibilidades que existem ali. Isso acontece porque ainda estamos em um momento em que você pode ser o primeiro biotecnologista da empresa ou do seu setor. Então, uma vez dentro da empresa, o biotec pode optar por fazer 2 coisas: entregar o que é de sua obrigação, ou seja, o mínimo necessário da função; ou ele pode ir além, mostrar sempre um pouquinho mais, buscar se esforçar, questionar, otimizar, realizar conexões e transpor obstáculos, mostrando o seu valor que ainda não é enxergado. Afinal de contas, não basta apenas ser contratado: é preciso fazer por merecer.
A inserção no mercado com reconhecimento não é fácil. Mas como seria possível facilitar essa inserção? Seria essa uma tarefa para o Conselho profissional? Novamente: não basta apenas conseguir emprego, ter profissão regulamentada e pagar Conselho (algum dia chegaremos lá com o nosso!). Será mesmo que ter uma profissão regulamentada vai ajudar você a obter reconhecimento nas tarefas que desempenha? Isso vai muito mais longe: o biotecnologista precisa mostrar a que veio e provar o que vale.
A máxima do ver para crer
É uma batalha diária com o mesmo objetivo: mostrar do que é capaz. Afinal, as pessoas acreditam naquilo que elas vêem.
Mariana Freitas, biotecnologista da Dow, falou sobre isso em entrevista sobre processos seletivos:
“…era muito comum eu ser questionada “nossa, biotecnologia, que curso é esse? Pra que você tá aqui? Por que você não tá trabalhando num instituto de pesquisa?”. Mas eu acho que a gente prova o valor da nossa formação e os nossos atributos pessoais no dia a dia, nas conversas que a gente tem, na maneira que a gente negocia, na maneira que a gente expõe as ideias.“
O que enxergamos e a forma como nos comportamos precisam estar alinhados com o que o mercado sente e fala sobre esse profissional. Senão, o discurso do biotecnologista é vazio. Nossa atuação e características só serão validadas no contato com o mercado, na batalha travada dia após dia. Sendo assim, não importa se o seu currículo é um espetáculo, se você promete ser multidisciplinar e possuidor de uma visão sistêmica sobre os processos: precisamos fazer a transição entre esse discurso bonito e a visão real do mercado.
Pela forma como o mercado anda, penso que eu ainda vou viver para presenciar o momento em que essa transição irá ocorrer. Ela é lenta, mas está chegando. E mesmo no dia em que ela chegar, no dia em que houver reconhecimento e a ação acima do discurso, não iremos nos contentar: a batalha diária irá seguir, no propósito de darmos o nosso sangue para entregar o que temos de melhor.
Quer saber mais como mostrar seu valor profissional? Leia nosso texto sobre Os ingredientes de um bom biotecnologista. Boa leitura!