No dia 15 de Agosto desse ano ocorreu o 2º Seminário Internacional de Bioprocessos no Hotel Blue Tree Paulista na cidade de São Paulo. O evento foi organizado pela Eppendorf e a Kerry, que se uniram para impulsionar conhecimento e discussão de qualidade em torno da área de Bioprocessos.
Com cerca de 100 pessoas entre participantes e palestrantes, o dia foi repleto de palestras sobre as diferentes vertentes da área de Bioprocessos, tais como a produção farmacêutica, controle de biorreatores e usinas de bioetanol do futuro.
O Profissão Biotec teve a honra de fazer a cobertura do evento e mostra neste artigo um compilado dos melhores momentos, confira abaixo:
Colaboradores do Profissão Biotec na entrada do evento (Guilherme Tonial e Caroline Salvati)
A abertura do evento foi feita pelo professor Adalberto Pessoa Júnior da Universidade de São Paulo (USP). O foco da sua palestra foi a produção de L-asparaginase, uma enzima utilizada no tratamento de leucemia linfoblástica aguda (LLA) sendo administrada por injeção em uma veia , músculo ou sob a pele.
O professor apresentou algumas linhas de pesquisa do seu laboratório, que focam principalmente na produção da enzima através de microorganismos ambientais, inclusive alguns isolados da Antártida, e na produção da enzima pelo uso de engenharia genética. Embora o desenvolvimento e produção de uma L-asparaginase com grande potencial biofarmacêutico seja difícil, seu grupo de pesquisa desenvolveu uma versão melhor do que a que está no mercado e, com essa tecnologia, desenvolveram uma startup: a BioBreyer.
Além da produção biotecnológica de L-asparaginase, o grupo do pesquisador, em parceria com outras instituições, desenvolveu um processo para “peguilar” a enzima (ou seja, recobri-la com moléculas de PEG), deixando o medicamento mais eficiente e diminuindo a rejeição pelo corpo humano.
Professor Adalberto, da Universidade de São Paulo (USP), apresentado uma comparação entre a enzima natural e “peguilada”
A segunda palestra foi ministrada pelo pesquisador Floyd Inman da empresa Kerry, que mostrou a importância e vantagens da utilização de meio de cultura livre de componentes animais em bioprocessos.
Floyd demonstrou que, devido a problemas com doenças transmissíveis animais e pela busca de certificados internacionais de qualidade, a produção biofarmacêutica caminha para eliminar os componentes animais em seus cultivos.
Casa cheia no segundo evento de Bioprocessos organizado pela Eppendorf e Kerry
A pesquisadora Kamilla Swiech Antonietto, do Departamento de Ciências Farmacêuticas da FCFRP – USP, mostrou como é feita a produção de células-tronco mesenquimais (células precursoras encontradas principalmente na medula óssea) em biorreatores.
O enfoque da palestra foi mostrar os diferentes tipos de biorreatores utilizados na produção dessas células e quais benefícios da produção em biorreatores de escala maior. O principal é o rendimento: em um biorreator de 1 litro é possível obter o equivalente em células de 135 garrafas de cultivo.
Apresentação da professora Drª. Kamilla Antonietto
Na sequência o palestrante internacional Dr. Esteban Corley da empresa Mabxience ministrou sobre impacto dos biossimilares na região da América Latina. Estes produtos podem ser definidos como: “produtos biológicos altamente semelhantes aos medicamentos inovadores, a partir de um organismo vivo, como células de bactérias”.
A indústria de biossimilares cresceu no mundo 44% no último ano e representa 10% do mercado farmacêutico na América Latina, sendo que o Brasil gasta mais de 900 milhões na compra de anticorpos monoclonais.
A empresa Maxbience iniciou suas atividades em 2009 e desde 2014 tem parte de suas operações na Argentina, demonstrando o potencial da região nos biossimilares.
Dr. Esteban finalizando sua palestra
Duas palestras tiveram como foco o controle da qualidade e a monitoramento de biorreatores: a primeira foi ministrada pela pesquisadora Tatiane Gonzales sobre o controle de qualidade em fermentações para a indústria farmacêutica, mostrando como é feito o controle de qualidade na empresa Phibro – Saúde Animal Brasil, que produz aditivos para a alimentação animal.
O professor Dr. Aldo Tonso falou sobre monitoramento e controle de biorreatores, que apresentou diversas maneiras de como controlar biorreatores com auxílio de tecnologias, como sensores óticos e espectrofotômetros de massa e gás, com objetivo de ter um monitoramento em tempo real para melhorar a tomada de decisão e otimizar o processo fermentativo.
Diferenças de tipos de monitoramento e controles em biorreatores.
Para fechar com chave de ouro, o último palestrante foi o engenheiro Daniel Atala, que falou sobre como criar as usinas de etanol do futuro, ou “4.0”. Daniel exemplificou como é possível inovar dentro das usinas de etanol, desde melhorar o controle dos processos fermentativos utilizando analises físico-quimicas em tempo real para facilitar a tomada de decisão no controle do processo, até a o aproveitamento de todos subprodutos da usina, tais como vinhaça e o CO2 liberado nas dornas, como substrato para microalgas produzirem energia.
O palestrante fechou o evento com o slogan “Etanol: uma usina de oportunidades”, o que motiva os profissionais da área para olhar para as usinas como as biorrefinarias do futuro.
Dr. Daniel demonstrando um sistema de gerenciamento integrado para usina 4.0
Além das palestras, a Eppendorf mostrou sua linha de biorreatores para diferentes estágios da produção biotecnológica. Começando pelo minibiorreator DasBoxⓇ, que é um sistema único de mini biorreatores adequado para aplicações de cultura microbiana e celular, assim como para aplicações de células-tronco. Com volumes de trabalho de 60 – 250 mL, o DASbox permite controlar os parâmetros do processo com precisão e facilidade de operação.
Esquerda Minibiorreator Eppendoff DASboxⓇ, meio Eppendorf BioFloⓇ 120, direita Eppendorf BiofloⓇ 320. Fonte: Eppendorf
Outro modelo de biorreator muito versátil é o Eppendorf BioFlo 120, que pode ser usado tanto na pesquisa acadêmico como aplicações industriais e permite trabalhar com bactérias, leveduras, fungos, células de mamíferos, de insetos ou plantas. O volume de trabalho neste modelo varia de 250 mL a 40 L e possui controle avançado de parâmetros do processo.
Para usuários mais experientes, existe o BioFlo 320, com uma estação de controle com o mais moderno da tecnologia de Biorreatores. Além disso, esse modelo é mais compacto e reduz o espaço de trabalho, aumentando eficiência e produtividade. Um sonho, para quem ama biorreatores!
Embora tenha sido apenas um dia, o evento trouxe de forma gratuita conteúdo relevante e aprofundado na área de Bioprocessos, permitindo um aprofundamento na área. O Profissão Biotec gostaria de agradecer a organização impecável do evento e parabenizar pelas palestras de alto nível.
Equipe Eppendorf Brasil e colaboradores do Profissão Biotec
Confira o depoimento dos participantes Thais Secches, Cesar Santi Junior e Ana Cristina Lemos Pereira sobre o evento.
Aguardamos pela próxima edição!