Meu primeiro contato com o conceito de gestão foi em meados de 2011, quando iniciava minha graduação em Engenharia de Bioprocessos na Universidade Federal de São João del Rei, Minas Gerais. Lembro-me brevemente de um comentário que meu professor de Fisiologia de Microrganismos havia feito sobre a importância desta mentalidade no alcance de metas & objetivos pessoais e profissionais na vida adulta.
Por meio de um exemplo íntimo para ele, usou da sua carreira profissional como modelo: Engenheiro de Alimentos formado em uma das melhores universidades brasileiras, recém pós-doutor em Cornell University, nos EUA, e uma consciência científica e social aquém da sua geração. Em resumo, uma trajetória muito bonita e inspiradora.
Eu, naquela época com meus meros 18 anos e recém saído da casa dos pais, ainda mergulhado nos mistérios dos afazeres domésticos e nas novas responsabilidades acadêmicas, desconhecia por completo qual seria a relação daquele discurso motivacional – eu diria – e a aula de estresse oxidativo que ele estava ministrando em concomitante… e admito ainda não ter encontrado resposta para isso.
No entanto, o interessante daquela situação em específico foi a inquietude que encarei ao sair da aula. Tal sentimento, em partes por conta da complexidade do conteúdo abordado e outra por conta deste novo – para mim – conceito chamado ‘’gestão’’, me dera uma certa epifania que me permitiu imaginar os possíveis frutos das ações planejadas e com foco, baseado no conceito de gestão abordado pelo professor. Afinal, convenhamos: gestão é sinônimo de (des)organização estratégica.
Sempre fui um garoto bastante impulsivo por natureza – e continuo sendo, porém hoje com muito mais maturidade e autoconhecimento para saber utilizar essa qualidade ao meu benefício, bem como do próximo. Contudo, naquele momento reparei que poderia potencializar minhas tomadas de decisões e alguns grandes projetos pessoais utilizando tal mindset.
Fonte: Giphy.
Logo que cheguei em casa, mergulhei no assunto e me deparei com diversos conceitos abstratos sobre o tema: termo de compromisso, escopo de projeto, plano de atividades, gestão de riscos, gráfico de Gantt, espinha de peixe, e assim vai a lista….
Fiquei incrivelmente fascinado – e também perdido – com este universo. Como não tinha experiência prática no assunto, decidi me aprofundar mais na temática com uma vivência em um curso de curta duração em gerenciamento de projetos em uma universidade particular da capital. Fui na cara e na coragem, contendo no bolso somente meu grande projeto: minha vida.
E assim foi, um ponta pé inicial que abriu portas para posteriores experiências de aprendizado prático ao longo da minha trajetória acadêmica. Busquei vivenciar essa filosofia em diversas atividades extracurriculares multidisciplinares, como em Empresa Júnior, Ciência sem Fronteiras, iniciação científica, Centro Acadêmico, vida amorosa, projetos pessoais, meu atual trabalho, etc…
Hoje, mesmo formado, continuo sendo um aluno assíduo e faminto na temática. Reconheço a importância desse conceito na minha vida e, por isso, venho por meio deste texto compartilhar uma perspectiva desta contínua jornada.
Ao meu ver, gerenciar projetos é um mix de soft skills, pensamento & ação estratégica e ferramentas apropriadas. Saber alinhar essas três esferas para a situação em questão é fundamental para qualquer projeto, independente de sua complexidade. No entanto, é importante ter sempre em mente: o mais simples geralmente é a melhor opção – afinal, make it simple, don’t create any potential problem.
Partindo desse pressuposto, caminhei por meio rede do PB para buscar saber quais são os aplicativos de gerenciamento de projetos mais utilizados por esses profissionais.
1) Google apps (Calendar, Drive, Hangouts, Keep, etc)
Para mim, não houve descoberta mais eficiente na minha vida gerencial que os aplicativos da Google – claro, sem considerar a descoberta do café em meados de 2012, que me rendeu boas noites não dormidas. A Alphabet, atual proprietária do Google, em sua notória expertise, possui uma série de aplicativos gratuitos incrivelmente úteis para seus usuários, que vão de uma lista de contatos (Google Contatos) a um sistema de análise de dados (Google Analytics). A versatilidade é tamanha que fica impossível deixá-los de lado quando se trata de gestão!
Desta extensa lista de apps, destaco uma combinação elementar do Google Calendar, Drive – Sheets especificamente -, e Google Keep, que tem sido a faca, o queijo e a goiabada nas minhas empreitadas, bem como dos colegas de profissão com quem conversei. Obviamente estas aplicações são destinadas para um espectro muito mais amplo do que a gestão de projetos propriamente dita, no entanto uma boa experiência é esperada desde que se saiba usufruir dos benefícios de cada uma dessas aplicações.
Por exemplo, o Google Drive possibilita a criação de uma nuvem de dados que permite a troca e armazenamento simultâneo de arquivos virtuais entre os membros que têm acesso. Nele, é permitido ao usuário criar planilhas (Google Sheets), textos (Google Docs), apresentações (Google Slides) e diversas outras aplicações, corriqueiras aos usuários do Microsoft Office. Além de gratuita, o benefício de os documentos poderem ser alterados entre usuários simultaneamente e sem conflito é algo bastante vantajoso desta plataforma. Atrelada a isso, temos também o Google Hangout, uma plataforma virtual de conversas e ligações semelhantes ao Skype, o Google Calendar, cujo nome diz tudo, e o Google Keep, um sistema de notas com excelente aplicação no monitoramento de atividades. E sabe o melhor de tudo? Todas essas plataformas se comunicam entre si.
Durante minha minha pesquisa com alguns membros do Profissão Biotec, a grande maioria da rede faz – ou fez – uso desse sistema em seus projetos. Seja na vida acadêmica utilizando o Drive como nuvem de documentos ou mesmo na vida pessoal, no gerenciamento das finanças – como é meu caso. Por curiosidade, compartilho contigo a experiência do PB: a gestão de conteúdo do nosso blog é feita via Google Sheets. Em uma planilha modelo definida pela gestão do projeto, todos os membros fazem monitoramento das suas respectivas atividades (produção de texto, revisão, entrega dentro do prazo, comunicação, sugestão de conteúdo, etc) via preenchimento da planilha, e toda rede mantém uma espécie de autogestão e transparência de atividades.
2) Trello
Trello é uma plataforma gratuita que permite gerenciar atividades e equipes de uma maneira incrivelmente visual e interativa com todos os membros envolvidos. O aplicativo é basicamente estruturado em forma de um quadro-negro em que os usuários podem criar quadros – ou post-its -, adicionar comentários, anexar arquivos, criar checklists, tabelas, prazos e outras coisas. De modo geral, o sistema é bastante interativo e você pode encontrar diversos conteúdos na Internet a fora, principalmente no Youtube. Fora que ele é instalável em computadores e celulares, o que permite um acesso mais dinâmico ao conteúdo e discussão.
Particularmente não me dei muito bem com o sistema, afinal sempre fui acostumado com tabelas dinâmicas e post-its espalhados no meu quarto a fora. No entanto, colegas da área que atuam muito com pesquisa acadêmica, projetos com grandes equipes e organização de eventos comentam que, apesar da resistência de alguns membros – risos -, o aplicativo é bastante funcional.
E vocês? Quais são os aplicativos que utilizam nos seus projetos pessoais e profissionais? Compartilhem conosco e não percam a continuação desta série: PB & Gestão de Projetos! Logo logo retornaremos com mais conteúdos desta área multidisciplinar importantíssima na vida dos biotecs, e com a parte II dos aplicativos! 🙂
