“Criando um campo de jogo nivelado e competitivo para a bioeconomia avançada” foi a frase de destaque no telão durante o Fórum e Prêmio Brasil de Bioeconomia, que ocorreu no dia 8 de agosto. O evento, organizado pela Associação Brasileira de Bioeconomia (ABBI), reuniu mais de 300 representantes da indústria, governo, academia, start-ups e sociedade civil para discutir sobre questões fundamentais que assegurem o crescimento da bioeconomia no país.
O evento, além de levantar pautas importantes, também conta com o Prêmio de Bioeconomia, que tem objetivo de incentivar a inovação, reconhecer iniciativas e facilitar parcerias. Os participantes podiam se inscrever em três categorias::
- Ideias, para pesquisadores acadêmicos, start-ups ou instituições científicas e tecnológicas com ideias em níveis mais iniciais;
- Start-ups e Scale-ups, para as start-ups e pequenas empresas com iniciativas de nível de maturidade tecnológica um pouco mais avançado;
- Empresas âncora, para empresas brasileiras ou estrangeiras com investimento no Brasil que possuíssem produtos e soluções em estágio avançado.
O evento, realizado na Casa Bisutti em São Paulo, já impressionou logo na chegada devido à organização impecável. O local foi acomodado de forma que o palco, onde ocorreriam os painéis, ficasse no centro e os convidados se sentassem nas mesas espalhadas ao longo do salão. Neste primeiro momento, os convidados tiveram um tempo para interagir um com os outros e reencontrar seus pares.
O evento iniciou com as boas-vindas de Maurício Adade, CEO América Latina da DSM e presidente do Conselho Diretor da ABBI, seguido do deputado federal Paulo Ganime, que também é Presidente da recém-lançada Frente Parlamentar de Bioeconomia.
A primeira palestra do evento contou com a presença de Mathieu Flamini, jogador de futebol do Getafe e co-fundador da GF Biochemicals, única empresa a produzir ácido levulínico a partir de biomassa. O empresário trouxe sua visão a respeito da relação entre bioeconomia, natureza e sociedade e como ele enxerga o Brasil nesse contexto.
O segundo painel discutiu como criar um ambiente mais nivelado para o desenvolvimento da bioeconomia, tendo em vista as incertezas econômicas, mudanças políticas e a urgência do mercado por produtos mais sustentáveis. Gustavo Sergi e Paulo Pavan, representantes da Braskem e da Solvay, respectivamente, apresentaram como ambas organizações estão atuando para prover produtos mais “verdes” no mercado. Paulo Ganime, por sua vez, falou da necessidade de desempenhar um trabalho junto ao senado para garantir a competitividade de produtos oriundos da bioeconomia e incentivar o desenvolvimento de tecnologias nacionais.
Logo após o coffee break, a pergunta que norteou o painel seguinte foi: Quais são os fatores críticos para acelerar a adoção e implantação de uma bioeconomia circular de baixo carbono? Manfred Kircher, membro do German Industrial Biotechnology Cluster, reforçou a importância da interação academia e setor produtivo. Da mesma forma, Raphaella Gomes, head da Raízen, ressaltou a importância do conhecimento local, uma vez que o Brasil possui muitos recursos naturais e humanos. Segundo Raphaella, o país precisa ser mais protagonista na bioeconomia como já está começando no setor biofarmacêutico. No entanto, a frase mais forte neste painel foi de Gilberto Neto, presidente da Novozymes América Latina: precisamos ter estratégias mais ousadas para redução de CO2.
“Fortalecendo a colaboração em inovação e políticas públicas modernas, ágeis e viabilizadores” foi o tema abordado na sequência. O terceiro painel foi moderado por Nádia Parachin, co-fundadora da Integra Bioprocessos, e teve a presença de Marcos Souza, presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, Fabian Gil, presidente da Dow América Latina e Francisco Jardim, sócio-fundador da SP Ventures. Marcos enfatizou o compromisso do IPT em fortalecer colaborações para fomentar o ecossistema de inovação no estado de São Paulo, uma vez que está em desenvolvimento o projeto de um novo prédio com espaços colaborativos para o desenvolvimento de bionegócios.
Após o terceiro painel, chegou a hora tão esperada: a divulgação dos vencedores do Prêmio Brasil Bioeconomia 2019. Em cada categoria havia três finalistas, com projetos inovadores e com grande potencial de contribuir significativamente para o desenvolvimento da bioeconomia nacional. Ficava difícil escolher o mais interessante.
Os projetos vencedores foram:
- Categoria Ideia: A BioBureau, startup carioca de biotecnologia ambiental, conquistou o prêmio com o projeto “Controle biotecnológico da infestação do mexilhão dourado”, que é considerado uma praga e causa grandes perdas para a indústria de energia hidrelétrica.
- Categoria Start-ups e Scale-ups: O projeto “XL4N: Levedura de alto desempenho para E1G”, da Global Yeast, foi o vencedor. Trata-se de uma levedura construída com as mais modernas ferramentas de biologia molecular que traz resultados superiores em rendimento e permanência no meio durante o processo fermentativo da produção de etanol.
- Categoria Empresas Âncora: A vencedora nesta categoria foi a Braskem, com o projeto “MEG verde: próximo passo para a produção de PET sustentável a partir de açúcar”, desenvolvido em parceria com a dinamarquesa Haldor Topsoe. O MEG é um dos monômeros utilizados para a produção de PET, hoje oriundo de fonte fóssil. A nova tecnologia, que já está sendo testada em escala demo, permitirá a produção a partir de fonte renovável.
Os ganhadores foram convidados para participar do quarto e último painel do evento, compartilhando insights sobre suas experiências na construção de soluções pioneiras.
O evento, embora curto, trouxe uma gama de reflexões importantes de questões fundamentais que assegurem a competitividade o crescimento da bioeconomia nacional. Foi muito importante ver o comprometimento de representantes da indústria, academia e governo com essas questões e, mais do que isso, saber que atitudes concretas já estão sendo tomadas.
Reunir os principais players do setor certamente contribui para a diminuição de erros, aumenta o número de parcerias e permite que o Brasil se torne um país mais competitivo. Nós, do Profissão Biotec, acreditamos muito na colaboração e apostamos em parcerias na construção de um país mais sustentável.
Revisão: Ísis Biembengut