Veja como os processos biotecnológicos são utilizados industrialmente na fabricação de produtos populares entre marombeiros.

Produção de BCAA

O Profissão Biotec já provou que a biotecnologia está presente em várias áreas, inclusive em diversos alimentos, vitaminas e suplementos que ingerimos diariamente. Ao se tratar de suplementos, um dos mais famosos é o Whey Protein. Se você quer saber por que ele pode ser considerado um produto biotecnológico clique aqui

No texto de hoje iremos falar sobre outro suplemento muito conhecido, o BCAA. Inicialmente, precisamos relembrar alguns conceitos de biologia: a unidade básica formadora das proteínas do corpo humano são os aminoácidos, eles formam compostos orgânicos e determinam as funções das proteínas segundo sua carga e estrutura.

Afinal, o que é o BCAA?

Geneticamente, vinte aminoácidos são indispensáveis para o organismo, onze deles são sintetizados pelo nosso próprio corpo, enquanto os outros nove são conhecidos como essenciais, uma vez que precisam ser obtidos via alimentação ou suplementação. Alimentos de origem animal (carnes,peixes, ovos, leites) e vegetal (feijão, lentilha) são ricos em aminoácidos essenciais. Por outro lado, por meio da suplementação, o BCAA  (Branch Chain Amino Acids ou aminoácidos de cadeia ramificada) fornece três aminoácidos essenciais: valina, L-Leucina e L-Isoleucina. 

 BCAA comercial. Fonte: Pexels

Mas por que este produto é indicado para os marombeiros de plantão? Simples! Esse público exerce atividades físicas intensas, o que favorece o catabolismo, que consiste na utilização dos aminoácidos musculares para proporcionar energia, interferindo negativamente no ganho de massa muscular. Como um terço das proteínas musculares são compostos por BCAA, nada melhor do que adquiri-los para auxiliar na hipertrofia. Ele também aumenta a imunidade, retarda a fadiga muscular e favorece a recuperação das fibras lesionadas durante o treino.

Como é feita sua produção?

 Industrialmente, esses aminoácidos podem ser sintetizados através de síntese química: Este método explora diferenças nas propriedades físico-químicas (como afinidade química e pH) dos aminoácidos para separá-los. Por exemplo, utiliza-se carvão ativado e ácido clorídrico concentrado em material animal e humano, como penas, cabelos, cerdas, cascos e outras partes que contêm queratina para extrair L-cisteína.

A principal vantagem desse método é que se trata de um procedimento simples, cujos reagentes necessários estão facilmente disponíveis e o processo tecnológico está bem estabelecido. Contudo, a condição de pH alto exigido no processo pode favorecer à degradação das proteínas, resultando em um baixo nível de aminoácidos e consequentemente uma diminuição do valor nutritivo no produto final. Além disso, reações indesejadas, podem formar rearranjos moleculares e gerar compostos tóxicos. 

Os aminoácidos também podem ser extraídos por hidrólise proteica ( quando um aminoácido pode ser separado dos demais). Assim, é possível isolar BCAA do soro do leite, ervilha ou arroz por meio da “quebra” de suas proteínas, gerando aminoácidos isolados, que são comercializados em forma de tabletes, cápsulas ou pó. 

Tabletes de BCAA.
Fonte: Biopoint

A maneira de produção biotecnologicamente mais utilizada refere-se à biofermentação bacteriana, cujas principais cepas são Corynebacterium glutamicum e Escherichia coli. Elas possuem a capacidade de produzir vários aminoácidos diferentes devido ao seu metabolismo. Os inóculos fermentam (os microrganismos convertem os açúcares, como glicose ou frutose, presentes em um substrato em aminoácidos) em biorreatores com pH, taxa de alimentação, intensidade de aeração e temperatura do processo totalmente controlados, sendo possível purificar os aminoácidos produzidos e comercializá-los.

Atualmente microalgas como Chlorella protothekoides, têm sido utilizadas pelas indústrias como fonte de aminoácidos na fabricação de produtos, devido ao seu alto teor de proteínas (40% a 70% do seu peso seco). Além disso, elas apresentam vantagens como rápido crescimento, disponibilidade em vários ambientes aquáticos, são capazes de adaptar facilmente seu metabolismo a diferentes temperaturas, pH, concentrações de oxigênio e gás carbônico, sais, nutrientes e luz. Essas características são interessantes para indústria, pois é possível modificar, controlar e otimizar a formação de diferentes compostos.

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Texto revisado por Carolina Vasconcelos e Ísis Venturi
Referências:
CIA da Saúde. Disponível em: https://www.redeciadasaude.com.br/blog/bcaa-para-veganos/. Acesso em: 02/09/2019.
CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO PAULO INFORMATIVO TÉCNICO GRUPO TÉCNICO PARA SUPLEMENTOS ALIMENTARES, Disponível em: http://www.crfsp.org.br/phocadownload/Informativo%20t%C3%A9cnico%20-%20CRF-SP%20-%20BCAA-%20diagramado.pdf. Acesso em: 02/09/2019.
D’Este, M.; Alvarado-Morales, M.; Angelidaki, I. Amino acids production focusing on fermentation technologies – A review. Biotechnology Advances, 2017.
Growth supplements. Disponível em: https://blog.gsuplementos.com.br/guia-completo-sobre-bcaa-tire-todas-as-suas-duvidas/. Acesso em: 02/09/2019.

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