Após um banho de mar, o microbioma da sua pele não é mais o mesmo

Estudos de 2019 afirmam que nadar no mar modifica as bactérias que temos na pele - e que isso pode aumentar o risco de infecções.

Muitas pessoas, na época das férias, mal podem esperar para irem para o litoral e tomarem um bom banho de mar, como uma forma de relaxar e “lavar” todas as preocupações da rotina. Mas, de acordo com pesquisas recentes, essas não são as únicas coisas lavadas do nosso corpo pelo oceano.

Um estudo de 2019, realizado nos  Estados Unidos revelou que ao entrar em contato com o mar nossa pele tem seu microbioma completamente alterado. Isto é, todas as bactérias que nossa pele possui naturalmente são lavadas, e trocadas por bactérias que habitam o mar. Isso em somente dez minutos de exposição a água marinha!

Mas por que devo me preocupar se as bactérias da minha pele mudam?

A pele é considerada o maior órgão do corpo humano e também a principal linha de defesa do nosso organismo, e as bactérias nela presentes tem um papel importante nessa proteção. Cada ser humano possui uma comunidade única de bactérias no corpo, chamada de nossa microbiota ou microbioma, que atuam de forma benéfica no organismo, protegendo-o de microrganismos patógenos, evitando que eles se espalhem pelo corpo. 

Acontece que, na pele, essas bactérias sofrem modificações de acordo com vários fatores externos, variando desde os ambientes que frequentamos e a quantidade de vezes que nos lavamos, podendo deixar nossa pele vulnerável. 

O foco do estudo mencionado era verificar se a água do mar poderia influenciar nessa vulnerabilidade, já que era observado que indivíduos que nadavam no mar sofriam mais ocorrências de dores estomacais e infecções do que somente aqueles que ficavam na areia.

Como foi feito o estudo?

 Os pesquisadores da Califórnia selecionaram 9 voluntários que tinham em comum as seguintes características: não possuir o hábito de nadar no mar; não estarem usando protetor solar; não terem tomado antibióticos nos últimos seis meses; e estarem sem tomar banho pelo menos nas últimas doze horas. 

Tendo atendido aos requisitos, os voluntários entravam no mar por dez minutos. E amostras superficiais foram coletadas da pele dos participantes antes da exposição a água do mar e depois, assim que suas peles estivessem secas. Em seguida, foram coletadas amostras depois de seis e doze horas que os participantes estiveram no mar.

Os resultados demonstraram que todos os participantes tiveram modificações nas comunidades de bactérias originalmente presentes na pele, e que todos tinham o mesmo padrão de espécies derivadas do mar. 

Ao longo das seis e doze horas seguintes, o microbioma original foi sendo restabelecido, mas ainda era possível identificar gêneros de bactérias comumente associados a infecções de pele e doenças de estômago, como do gênero Vibrio. Outra  preocupação dos pesquisadores foi referente a quantidade  desses gêneros de bactérias nas nas amostras analisadas, uma vez que, apresentaram uma quantidade até dez vezes maior do que são normalmente encontrados nos oceanos. Esse resultado pode significar uma afinidade dessas bactérias a pele humana.

Outro fator que incentivou a pesquisa foi a diminuição da qualidade das águas em muitas praias, e como isso poderia afetar a saúde humana. 

Em fevereiro, cerca de 17 praias do Nordeste Brasileiro foram consideradas impróprias para banho pelo Instituto do Meio-Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) devido às altas concentrações de bactérias consideradas patógenas, ou seja, prejudiciais a saúde. Infelizmente, esse é um fator que aumenta devido a má gestão de resíduos líquidos ao serem descartados no mar, que contaminam os oceanos, assim como o descarte incorreto de lixo nas praias. 

O descarte incorreto de lixo nas praias e o despejo de resíduos só aumenta o risco de proliferação de microrganismos patógenos nos oceanos. (Fonte da imagem: https://unsplash.com/photos/RUqoVelx59I)

Os primeiros resultados do estudo foram apresentados na conferência anual da Sociedade Americana de Microbiologia de 2019, portanto, ainda é considerado um trabalho em desenvolvimento. Mas tais dados já demonstram a importância de cuidar da pele assim que sair do banho de mar, e, principalmente, a importância de cuidar das praias para que o problema não se intensifique.

E aí, sabia o quão mudada a sua pele ficava depois de uma ida à praia? Compartilhe com seus amigos, e espalhe esse conhecimento!

Texto revisado por Bianca Chaves e Luana Lobo

Referências: 

ASM, American Society for Microbiology. Ocean Swimming Alters Skin Microbiome, Increasing Vulnerability to Infection. Disponível em (em inglês): <https://www.asm.org/Press-Releases/2019/June/Ocean-Swimming-Alters-Skin-Microbiome,-Increasing> Acesso em 01/02/2020

UOL, Gizmodo Brasil. Bactérias do oceano colonizam sua pele após apenas 10 minutos de natação. Disponível em: <https://gizmodo.uol.com.br/bacterias-oceano-pele/> Acesso em 01/02/2020

UOL SAÚDE, Viver Bem. Por que uma praia é considerada imprópria e quais doenças se pode contrair. Disponível em: <https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/01/23/por-que-uma-praia-e-considerada-impropria-e-quais-doencas-se-pode-contrair.htm> Acesso em 01/02/2020

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