As 10 melhores descobertas ao acaso da história da biotecnologia – Parte I

descoberta

Por muito tempo, eu admirava as descobertas de diversos cientistas e ficava imaginando quantas horas eles gastavam para descobrir aquelas coisas. E me questionava, será que a ciência é feita somente de acertos e resultados esperados?

Até que um dia, escutei uma história, na televisão, de algumas descobertas que aconteceram ao acaso, por acidentes ou descuidos no caminho. Por isso trago abaixo uma seleção das melhores descobertas ao acaso da história da biotecnologia. Vamos a elas:

10 – Quinina

Quinina (fórmula química: C20H24N2O2) é um alcalóide, extraído da planta quina (cinchona L.), de gosto amargo que tem funções antitérmicas, antimaláricas e analgésicas.

Folha da  cinchona L.. Fonte: (Wikipedia)

A quinina, pó branco, inodoro e de sabor amargo, é uma substância utilizada no tratamento de malária e arritmias cardíacas. Além de ser um fármaco, é utilizada como flavorizante da água tônica.

A descoberta da quinina pelo Ocidente data do final do século XVI e início do século XVII, durante a conquista do Império Inca pelos espanhóis na região do Peru. Nessa época, os invasores espanhóis tomaram conhecimento de uma árvore usada pelos índios para curar febre.

Uma lenda espanhola diz que um soldado, sofrendo de um acesso de malária no meio da selva, bebeu a água amarronzada de uma pequena lagoa onde árvores de quinina haviam caído. Ele então adormeceu, quando acordou, sua febre havia desaparecido. O soldado concluiu que a água foi responsável pela cura, e que ela era um tipo de “chá” feito do tronco e casca das árvores embebidos na água. Maravilhado, ele espalhou a notícia.

Outra lenda conta que os índios observavam que animais doentes bebiam água nas lagoas onde árvores de quinina se encontravam.(1)

Molécula de quinino e suas propriedades fluorescentes. Fonte: Quimiton

9 – LSD

LSD é a sigla de Lysergsäurediethylamid, palavra alemã para a dietilamida do ácido lisérgico, que é uma das mais potentes substâncias alucinógenas conhecidas.

A dietilamida do ácido lisérgico é sintetizada a partir de um fungo do centeio (Claviceps purpurea) fazendo primeiramente ácido lisérgico obtido a partir da hidrólise catalítica da ergotamina (substância obtida no fungo) então é feita uma adição redutiva de Dietilamina no ácido formando Dietilamida do Ácido Lisérgico (LSD) .

A descoberta dos efeitos do LSD aconteceram quando Hofmann, após manuseio contínuo do produto de uma das substâncias isoladas, viu-se obrigado a interromper o trabalho que estava realizando devido aos sintomas alucinatórios que sofria naquele momento – a pequena quantidade de LSD absorvida pelo contato com a pele é, supostamente, o suficiente para provocar seus efeitos.

Suas propriedades psicodélicas permaneceram desconhecidas até 5 anos depois, quando Hofmann, dizendo ter um “pressentimento peculiar”, voltou a trabalhar com a substância química.

Dr. Hofmann chamou um médico, que não encontrou nenhum sintoma físico anormal, exceto suas pupilas dilatadas acentuadamente. Posteriormente, testou a substância novamente, em doses muito mais baixas, passando por experiências mais amenas, mas ainda assim surpreendentes, e percebeu que havia utilizado uma dosagem altíssima em seu auto-experimento inicial. Maravilhado e intrigado com os efeitos do LSD, nomeou a droga como importante substância psiquiátrica experimental e lançou-a à comunidade científica.(2)

Molécula de LSD e o fungo onde é encontrada.(Claviceps purpurea). Fonte: Wikimedia

8 – Botox

A doença do botulismo foi primeiramente descrita por Justinus Kerner em 1817. O diagnóstico clínico é feito pelos sintomas: paralisia muscular progressiva, iniciando-se pela face, fechamento do olho, dificuldade de deglutição, visão duplicada. Os sintomas progridem pela musculatura, causando dificuldades motoras e de respiração. Seus sintomas podem se confundir com doenças nervosas e diversas intoxicações, como as por pesticidas, o que, por  vezes, retarda o tratamento.

Em 1896, Emile Pierre Van Ermengen isolou uma bactéria do tipo bacilo Gram Positivo que ficou conhecido como Clostridium Botulinum. Após descobrirem seus efeitos tóxicos, no período da  Segunda Guerra Mundial, houve um interesse muito grande sobre armas biológicas e a toxina botulínica tipo A foi isolada em sua forma pura.

 No final da década de 60, o oftalmologista Alan B. Scott, queria uma solução alternativa para um tratamento não cirúrgico do estrabismo. Ele testou a toxina Botulínica Tipo A em macacos, e foi bem sucedido no tratamento da paralisia deste músculo.

Na década de 70, o FDA (Food and Drug Adminstration) liberou o uso da toxina botulínica tipo A em humanos. Em 1982, foi feito um estudo multicêntrico com o uso da toxina botulínica tipo A para estrabismo e outros problemas musculares faciais, e um dos pacientes tratados relatou a diminuição das rugas glabelares.

Desde então, a Dermatologista Alastair Carruthers iniciou o tratamento com a toxina para rugas faciais.(3)

Estrutura da molécula da toxina botulínica e uma cultura do Clostridium Botulinum. Fonte: Drug Bank

7 – Champanhe

Quem nunca se deliciou com uma deliciosa taça de champanhe?

Logo deve imaginar quanto trabalho tiveram para inventar esta bebida, porém o acaso teve um papel muito importante em sua criação.

Em 1695, vivia no norte da França um grande preparador de vinhos, dom Pierre Pérignon (1639-1715), que foi o mestre de adega da Abadia Beneditina de Hautvillers por 47 anos. Certo dia, este monge cego decidiu lacrar suas garrafas com cortiça completamente seca, em vez de usar tampas de madeira e fios de corda embebidos em óleo, como era habitual. Consequentemente, o dióxido de carbono produzido durante a fermentação, que conseguia passar através dos poros da madeira, ficou aprisionado pela nova rolha. Desse modo, Dom Pérignon recebeu os créditos de ter colocado as bolhas no champanhe.

Rapidamente, a invenção do monge encantou a população da região de Champagne, no nordeste da França. O novo vinho de Champagne viajou rumo às cortes de Paris e de outros países da Europa. Por volta de 1720, caixas do vinho já eram exportadas até para a rival Prússia, de Frederico Guilherme I, um apaixonado pela bebida.

Um dos motivos para a fama mundial da bebida é que ela passou a ser usada nas coroações dos reis franceses e, desta maneira, ficou conhecida como o vinho dos reis. A Dom Pérignon são atribuídas algumas mudanças fundamentais na produção do champanhe: Dentre as suas descobertas estão a mistura de diferentes vinhos da região, o uso de garrafas de vidro mais espesso, o uso da rolha de cortiça e a escavação de adegas profundas.(4)

Uma amostra de uma das champanhes mais conhecidas do mundo. Fonte: Grape Collective

6 – Cerveja

Você já parou para pensar há quantos anos o mundo saboreia a cerveja?

A cerveja não foi inventada, mas sim descoberta por acaso. Segundo estudiosos, nos tempos dos povos sumérios, uma pessoa esqueceu uma tigela com grãos de cevada ao relento. Durante a noite, choveu, e a cevada fermentou, formando um mingau. Alguém provou e, sem dúvida nenhuma, gostou do sabor, e, desde então, a cerveja vem sendo produzida. Esse mingau, depois de alguns dias parado, tornava-se ligeiramente efervescente e agradavelmente embriagante à medida que a ação de leveduras selvagens no ar fermentava o açúcar, transformando-o em álcool; ou seja, o mingau virava cerveja.

Com o tempo, descobriu-se que os cereais podiam ser armazenados para consumo por um longo tempo, e isso levou esses povos ao desenvolvimento de técnicas para colher, processar e armazenar grãos – uma das razões que também encorajaram as pessoas a permanecerem em um único local. Os grãos coletados provavelmente eram misturados em uma sopa, na qual eram jogadas pedras aquecidas pelo fogo. Os cereais contêm pequeninos grãos de amido, que quando colocados na água quente absorvem a umidade e depois ‘arrebentam’, soltando o amido na sopa e engrossando-a consideravelmente.

Além de engrossar a sopa, quando embebidos em água, os grãos começam a brotar com gosto doce. Nessa época, as fontes de açúcar eram poucas, sendo a doçura do grão ‘maltado’ altamente valorizada, estimulando o desenvolvimento de técnicas de preparação deliberada de malte, nas quais o grão era primeiro enxaguado e depois seco.

A cerveja provavelmente foi um dos fatores que ajudaram a humanidade a se afastar da caça e da coleta, indo em direção da agricultura e de uma vida sedentária baseada em pequenos assentamentos.(5)

Uma representação histórica da cerveja. Fonte: Cairo Scene

Empolgado com tanta descoberta incrível? Quinta, traremos as 5 melhores descobertas para vocês!

Sobre Nós

O Profissão Biotec é um coletivo de pessoas com um só propósito: apresentar o profissional de biotecnologia ao mundo. Somos formados por profissionais e estudantes voluntários atuantes nos diferentes ramos da biotecnologia em todos os cantos do Brasil e até mesmo espalhados pelo mundo.

Recentes

Assine nossa newsletter

Ao clicar no botão, você está aceitando receber nossas comunicações. 

X