A Biotecnologia utiliza um conjunto de técnicas que por meio da manipulação de seres vivos, ou parte destes, gera soluções para problemas enfrentados pela humanidade e traz ganhos econômicos. Esse conceito é aplicado a um vasto número de setores, incluindo o setor agrícola.
A Biotecnologia Agrícola, também conhecida como AGRITECH, é uma das áreas da ciência agrícola que utiliza uma série de técnicas e ferramentas para modificar plantas, animais e microrganismos. E tem como intuito gerar soluções para o setor agrícola visando maior produtividade, sustentabilidade e também o desenvolvimento econômico.
As ferramentas e técnicas utilizadas incluem as que são aplicadas desde o início do século XX como: cultura de tecidos, fixação biológica de nitrogênio, controle biológico de pragas e melhoramento genético tradicional. Ademais, o conceito inclui técnicas mais modernas, conhecido como BIOTECNOLOGIA AGRÍCOLA MODERNA. A biotecnologia agrícola moderna se difere da biotecnologia agrícola clássica ou tradicional por modificar os seres vivos através da manipulação genética direta, o que inclui as técnicas de engenharia genética, a utilização de marcadores moleculares e diagnósticos moleculares.
Biotecnologia agrícola e as demandas atuais
Com o crescimento acelerado da população mundial, é estimado que em 2050 a população global atinja 9,7 bilhões de habitantes. Se esse crescente consumo e perda de alimentos for mantido, como vem acontecendo hoje, estima-se que a produção de alimentos no mundo tenha que aumentar de 25 a 100 por cento para atender essa futura demanda.
Em contrapartida, a produção agrícola não tem apresentado grandes crescimentos em diversas partes do mundo. Dentre os fatores que prejudicam esse crescimento estão as mudanças climáticas, que vem ocorrendo nos últimos anos, e comprometem a produtividade e qualidade nutricional de diversas culturas. Além disso, patógenos e insetos considerados pestes para muitas culturas têm mudado de ambiente, atingindo novos territórios e produções agrícolas.
Todas essas ameaças na produção de alimentos, juntamente com a crescente demanda, têm preocupado produtores e cientistas. As soluções devem envolver mudanças sociais, tecnológicas e econômicas. Diversos estudos vêm sendo conduzidos para encontrar possíveis soluções para o problema, envolvendo o melhoramento genético das espécies cultivadas.
Buscando soluções
Com o aumento da disponibilidade e diminuição dos custos da geração de informações genômicas e fenotípicas, cada vez mais conhecimento sobre espécies cultivadas e não cultivadas vêm sendo gerado. Tais informações são importantes para que o melhoramento de novas características possam ser feitos, possibilitando que as espécies cultivadas se adaptem à nova realidade social e ambiental que os pesquisadores estão prevendo.
O melhoramento genético das espécies visando tolerância a estresses bióticos (insetos-praga, fungos, bactérias, vírus e nematóides) e abióticos (déficit hídrico, aumento da temperatura) com o intuito de minimizar perdas no campo, aumentar a qualidade e quantidade dos nutrientes nas culturas são os principais pontos a serem considerados.
A aplicação de novas tecnologias biomoleculares proporciona maior entendimento da genética e fisiologia vegetal, fatores fundamentais para o desempenho das plantas. Além disso, essas informações quando bem aplicadas podem gerar inovações na produção e qualidade dos alimentos.
Um grande número de ferramentas biotecnológicas vêm sendo desenvolvidas pelos pesquisadores e estão disponíveis para ajudar na resolução dos desafios enfrentados pelo setor agrícola, hoje e no futuro. Fique ligado que na próxima semana, na segunda parte desse artigo, traremos uma série de exemplos de como essas tecnologias vêm sendo aplicadas e perspectivas futuras de aplicações .