Um mercado de US$275 bilhões!
O mercado biofarmacêutico apresentou um surpreendente crescimento nas últimas décadas: no período de 1990 – 2018, a receita anual aumentou de US$ 4,4 bilhões para US$ 275 bilhões, incríveis 6.250%! Até 2020, estima-se que os remédios biológicos irão compor mais de 25% do mercado farmacêutico global. Mas como o Brasil pretende participar deste mercado tão promissor, de altíssimo valor agregado e alta complexidade (bio)tecnológica? Conheça agora algumas das principais maneiras!
Breve histórico: políticas públicas de fomento remontam a 2008 no País
Um dos mecanismos de que o Brasil faz uso para fomentar a Indústria da Biotecnologia Farmacêutica (ou Biofarma) são as Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs). As PDPs são políticas públicas originalmente delineadas em 2012 e reformuladas em 2014 que visam às indústrias farmacêuticas, tendo se tornado importantes instrumentos de um plano nacional que tem por objetivo abordar o setor da Saúde de modo mais amplo e estratégico.
Tal abordagem remonta ao ano de 2008, com a criação do Grupo Executivo do Complexo Industrial da Saúde (GCIS) e o Plano Nacional de Fomento à Produção Pública e Inovação no Complexo Industrial da Saúde – sim, existe muita ‘política’ envolvida em toda esta ciência e inovação que tanto queremos fazer!
PDPs são parcerias para transferir a tecnologia de quem sabe ao Brasil
De forma bastante resumida, as PDPs buscam internalizar a produção de fármacos/biofármacos por meio da transferência de tecnologia de empresas que já produzem e comercializam tais medicamentos a empresas nacionais e instituições públicas. De tal modo, procura-se cumprir um dos principais objetivos das PDPs: aumentar a acessibilidade de medicamentos ao Sistema Único de Saúde (SUS), diminuindo a dependência do Brasil de importar medicamentos de alto valor agregado. Entenda melhor como funcionam as PDPs com os esquemas abaixo:
Mas, peraí…?
Uma das primeiras perguntas que podem surgir é: o que uma empresa multinacional ganharia ao ensinar outras empresas a produzir o seu medicamento?!
Eis a contrapartida da política pública das PDPs: o medicamento alvo de transferência da Parceria já é comprado pelo Governo brasileiro para distribuí-lo via SUS, certo? Enquanto a PDP estiver efetiva, os parceiros envolvidos na PDP serão os fornecedores garantidos de tal medicamento ao SUS, sem precisar concorrer com outras empresas do mundo que produzem biossimilares ao seu medicamento, por exemplo. Com o fornecimento contínuo ao SUS, todo o dinheiro das vendas ao Governo é repartido entre os parceiros da PDP.
Atualmente, as PDPs têm sido utilizadas por praticamente todas as empresas nacionais do setor biofarmacêutico para subsidiar suas operações. Apesar de inúmeros pontos de melhoria na política pública, as parcerias já possuem resultados positivos e efetivos no desenvolvimento da Indústria Biofarmacêutica Nacional. Nos próximos textos, poderemos ver com mais detalhes sobre as PDPs e como ela pode impactar o Brasil e as nossas vidas de biotecnologistas!
Até lá, espero que este texto tenha proporcionado uma nova perspectiva sobre as indústrias e políticas públicas de biotecnologia da saúde no Brasil. Lembre-se: estas parcerias são políticas governamentais, logo, busque no próprio site do Ministério da Saúde (link no início do texto) para saber mais sobre o assunto, inclusive quais empresas nacionais já participam de PDPs.