Você sabia que é possível usar organismos vivos ​​para fazer roupas sustentáveis? Confira como!

  Não é novidade para ninguém que a biotecnologia possui importância fundamental na indústria têxtil. O Profissão Biotec já falou sobre a biotecnologia presente na fabricação de tecidos, como microorganismos podem produzir corantes para a indústria têxtil e sobre como as enzimas são utilizadas na indústria têxtil. Hoje vamos explorar quais são as ideias que algumas empresas estão tentando implantar para o uso da biotecnologia na biofabricação de roupas. Acompanhe com a gente neste texto!

1- Cultivar  bactérias para produzir fibras sustentáveis 

A seda de aranha é uma fibra proteica composta por biopolímeros de espidroína, um tipo de proteína que confere as características de leveza flexibilidade e força. Sabendo destas características e das dificuldades que teriam se tentassem criar aranhas em escala industrial, o dono da empresa alemã AMSilk pensou: E se eu usasse bactérias geneticamente modificadas para contornar esse problema? E tem sido assim que eles cultivam bactérias em biorreatores de fermentação para produzir a proteína da seda da aranha, que é então transformada em fibras, que foram utilizadas para fabricação desta  pulseira de relógio. Além disso, eles possuem outros projetos para as fibras em parcerias com empresas renomadas como a Adidas, para a confecção de tênis biodegradáveis. Essas fibras são ecológicas e sustentáveis, pois no processo produtivo não é utilizado nenhum insumo animal ou de petróleo. Veja esse vídeo para entender melhor sobre o processo. 

2- Usar algas sobre a pele 

A empresa alemã-israelense Algalife está produzindo fibras e corantes têxteis usando algas, cultivando-as em um  sistema de circuito fechado com luz solar e água. Essa produção está em fase piloto, porém o processo produtivo já ganhou vários prêmios, como o Prêmio Global de Mudança 2018 em Estocolmo, na Suécia, e o Prêmio Visão 2018 em Munique, na Alemanha, como uma das empresas mais promissoras do mundo. Além do processo apresentar vantagens ambientais por ser sustentável ​​em termos de reduzir a poluição e o uso de terra, água e energia, as roupas também são desenvolvidas para liberar sobre a pele compostos naturais nutritivos produzidos pelas algas marinhas, sem uso de produtos químicos, pesticidas ou substâncias alergênicas. 

Imagem comparativa entre a quantidade de compostos utilizados no processo convencional de produção têxtil versus processo utilizando algas. Fonte: https://finder.startupnationcentral.org/company_page/algalife

3- Uso de micélios fúngicos na indústria têxtil

A empresa NEFFA já criou vários protótipos de vestidos, jaquetas e bolsas usando tecidos obtidos pelo cultivo de micélios fúngicos, conhecidos como raízes de cogumelos. Os fungos são cultivados em placas de Petri para criar roupas personalizadas sem costuras, com o objetivo de pular as etapas de fiação, tecelagem, corte e costura a fim de reduzir o desperdício de recursos como água, terras agrícolas para plantio de algodão e transporte. O material é altamente biodegradável e para descartar uma peça você pode simplesmente enterrá-la para se  decompor.

Placas de Petri com tecidos produzidos por fungos. Fonte: https://neffa.nl/portfolio/mycelium-textile/

 

4- Roupas tingidas por bactérias

No Reino Unido, a empresa Faber Futures está desenvolvendo um método alternativo de tingimento por fermentação, usando bactérias como Streptomyces coelicolor. Neste processo, utiliza-se cerca de 500 vezes menos água que o tingimento convencional porque o corante é aplicado diretamente no tecido e não é adicionado nenhum produto químico.  

Bactéria Streptomyces coelicolor Fonte: Maestro Virtuale

A empresa está desenvolvendo corantes que não desbotem com o tempo ou com a lavagem, testando diferentes abordagens de fermentação e extração de pigmentos para obter vários acabamentos.

Conforme dito no início do texto, todas essas ideias ainda inda estão na fase de testes e os detalhes dos processos industriais da bioprodução não foram revelados, porém acredita-se que eles serão a chave para substituir os métodos tradicionais de produção e tingimento de tecidos

Um dos grandes desafios é transformar os processos biológicos em escala industrial, os quais geralmente são testados em bancadas laboratoriais. Além disso, como em qualquer produto novo, o preço inicial é bem elevado e aos poucos torna-se mais acessível, à medida que o processo vai sendo difundido entre as empresas do setor.  

Assim como o nylon foi desenvolvido por volta de 1930 e hoje é tão popular, em breve nossas roupas poderão ser fabricadas e tingidas por microorganismos vivos, descartando muitos dos processos químicos que tornam a indústria da moda uma das mais poluentes do mundo, pois muitos produtos químicos usados ​​para fabricar e tingir tecidos são tóxicos e podem ser agressivos para seres humanos e meio ambiente. 

E você? Já está ansioso para usar uma roupa totalmente biotecnológica? Não se esqueça de curtir e compartilhar o texto nas redes sociais, principalmente com aqueles que amam comprar roupas.

Texto revisado por Tayná Costa e Luana Lobo
Referências:
Link do texto inspirador: https://www.labiotech.eu/industrial/biofabrication-fashion-industry/
Notícia do Blog Ciência e Arte: https://www.cienciarte.com.br/noticia-1494165407-novos-corantes-naturais-feitos-de-algas-e-bacterias-poderao-substituir-os-corantes-sinteticos-no-tin.
Texto explicativo sobre o uso de micélio têxtil: https://neffa.nl/portfolio/mycelium-textile/

Sobre Nós

O Profissão Biotec é um coletivo de pessoas com um só propósito: apresentar o profissional de biotecnologia ao mundo. Somos formados por profissionais e estudantes voluntários atuantes nos diferentes ramos da biotecnologia em todos os cantos do Brasil e até mesmo espalhados pelo mundo.

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