Medicamentos biossimilares são produtos de origem biológica com alta similaridade aos seus medicamentos de referência, os biofármacos. Além disso devem apresentar praticamente a mesma segurança, pureza e eficácia do medicamento de referência.
Mas o que é um medicamento de origem biológica?
São compostos que possuem atividade biológica e são produzidos por seres vivos, como plantas, algas e bactérias. Exemplos destes medicamentos são anticorpos para o tratamento de doenças autoimunes e alguns tipos de câncer, como o câncer de mama. A insulina também é um exemplo classico de medicamento de origem biológica.
E onde os organismos geneticamente modificados (OGMs) se encaixam nessa produção?
A produção de biofármacos e biossimilares pode ser realizada por meio de um organismo OGM – ou seja, um organismo que possui uma alteração no seu material genético, como por exemplo, o aumento da produção de uma proteína de interesse. Tanto biossimilares quanto o medicamento de referência podem ser produzidos através de OGMs.
Exemplo de como produzir um transgênico, um dos exemplos de OGM. No esquema, as etapas necessárias para a produção de uma planta transgênica. Fonte: Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB).
Como são produzidos os biossimilares e os biofármacos?
De modo geral, os medicamentos biossimilares podem ser comercializados de acordo com as seguintes etapas: a primeira é a identificação da sequência genética da molécula de interesse (geralmente proteínas) e geração da linhagem produtora. Essa linhagem pode ser células de bactérias, leveduras ou células animais. Linhagens celulares muito utilizadas são a levedura Pichia pastoris e as células CHO, derivadas de ovário de hamster chinês.
A próxima etapa é escalonar a produção da molécula de interesse a fim de se obter grandes quantidades da mesma. Nesse processo geralmente são utilizados biorreatores industriais que aumentam o processo de produção. Para atingir a formulação que será comercializada, o produto da célula nos biorreatores deve ser purificado com técnicas de alta qualidade, com o intuito de obter a molécula em seu estado mais puro.
A etapa final é a formulação do produto que será comercializado, ou seja, a molécula será estabilizada, processada e envasada, a fim de ser comercializada.
A biossimilaridade entre o biossimilar e o medicamento de referência deve ser comprovada através de diversos testes de segurança, pureza e eficácia.
As principais vantagens da produção de biossimilares, principalmente em empresas nacionais, é a redução dos preços e a maior acessibilidade dos mesmos para a população em geral. Isto porque são produzidos nacionalmente e também podem ser utilizadas matérias-primas nacionais. Além disso, se dá em menos etapas tecnológicas, como menos etapas pré-clínicas e clínicas, devido ao conhecimento prévio sobre molécula do biofármaco de referência. Mais ainda, a concorrência entre os diferentes similares e o referência no mercado também é um fator que colabora para a redução dos custos.
O Brasil produz biossimilares?
O primeiro biossimilar introduzido no Brasil foi o Remsima (Infliximabe), em 2015. Ele é utilizado no tratamento de doenças autoimunes, como a artrite reumatoide, doença de Crohn, colite ulcerativa e psoríase. Para ser possível a entrada do medicamento no Brasil, foram realizado meticulosos testes de comparabilidade com seu medicamento de referência, o Remicade, para obter a aprovação pela Anvisa. Entretanto, o Remsima não é produzido nacionalmente, um fator que é refletido no seu preço.
O primeiro biossimilar de produção nacional foi lançado no mercado em 2018 pela Libbs Farmacêutica, uma empresa brasileira. Trata-se de um biossimilar oncológico, o trastuzumabe, vendido sob o nome comercial de Zedora. Ele é um antineoplásico utilizado no tratamento de câncer de mama metastático com tumores com superexpressão do gene HER2. Além disso, também é indicado para o tratamento de câncer de mama inicial e câncer gástrico avançado.
Além disso, em 2019, a Libbs Farmacêutica começou a produção de um biossimilar de anticorpo monoclonal utilizado no tratamento de cânceres hematológicos, o rituximabe, vendido sob o nome comercial de Vivaxxia. Essa empresa utiliza a Biotecnologia como a base do desenvolvimento dos fármacos, tendo inaugurado a primeira fábrica de medicamentos biossimilares monoclonais para produção em escala industrial. É uma ótima oportunidade para os Biotecnologistas brasileiros!
Bônus!
Além da produção de biossimilares, os medicamentos transgênicos podem ter outras aplicações. Em 2017, um trabalho coordenado pelo pesquisador Elibio Rech da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia recebeu o prêmio internacional do Consórcio Federal de Laboratórios do Médio-Atlântico (FLC MAR). Esse trabalho visou obter uma formulação tópica para combater o HIV, expressando na soja uma proteína da cianobactéria Nostroc ellipsosporum, a cianovirina, com capacidade de eliminar o vírus do HIV. Após a purificação da proteína, o produto final seria em forma de gel ou spray a ser utilizado por mulheres antes do ato sexual, evitando a contaminação.
Com o avanço no desenvolvimento de biotecnologias, a tendência é que a produção de medicamentos biológicos e biossimilares se torne cada vez mais acessível para a população. Nosso blog possui diversas matérias abordando transgênicos. Continue nos acompanhando para novidades nesses temas!
Quero deixar registrado que foi por acompanhar o trabalho de vocês pelo site e publicações que ne inspirei em estudar esta área. Fiz Vestibular numa Universidade Federal de minha cidade e passei em terceiro lugar.
Em 2020 vou iniciar estudos nesta área tão promissora e desafiadora.
Será minha terceira graduação e estou muito confiante, pois já iniciarei minha pesquisa científica, já no primeiro ano.
Quem sabe daqui há alguns anos eu possa contribuir com um artigo meu para o site.
Sucesso sempre a todos da equipe!