As máquinas estão tomando o controle! Quer saber mais sobre a nova moda do momento: o Chat GPT? Como essa Inteligência Artificial pode influenciar a ciência, a busca por dados ou mesmo a escrita de artigos científicos! O que será dos biotecs de plantão? Venha conferir como essa AI vem influenciando a escrita, a poesia, a programação e diversas outras áreas!
Afinal, o que é o Chat CPT?
O Transformador de Atenção Hierárquica Condicional ou GPT (do inglês, Conditional Hierarchical Attention Transformer) é um tipo de inteligência artificial (IA) desenvolvido em 2018 pelo laboratório OpenAI e posteriormente adquirido pela Microsoft. Essa IA utiliza o sistema Transformador Pré-Treinado Generativo 4 ou GPT-4 (do inglês, Generative Pretrained Transformer), – lançado em 2020 e atualizado, recentemente (14 de março deste ano), – para o seu funcionamento.
Por definição, uma inteligência artificial é um sistema que simula a inteligência humana e que possui capacidade de aprendizado, de acordo com os dados recebidos. A finalidade da IA é aprimorar e automatizar tarefas que requerem grande análise de dados, como no caso de assistentes virtuais e dos algoritmos de recomendação em sites. Já o sistema GPT-4 é um modelo de linguagem baseado em redes neurais (similares às do nosso cérebro!), que calcula as possibilidades de geração de respostas coerentes, similares às humanas (e difíceis de serem distinguidas!). Então, basta fazer uma pergunta que o algoritmo rapidamente percorre a internet e entrega as informações filtradas!
Para o que vem sendo utilizado?
Quando pensamos na possibilidade de uma inteligência artificial com a capacidade de responder a quase qualquer pergunta realizada, seja ela “escreva um poema”, “simule um tweet de celebridade” ou “escreva um código de programação”, as possibilidades são infinitas! Imagine: você deseja saber se a sua pergunta científica já foi respondida? Quais profissões estão mais em alta em 2023? Ou mesmo quais são os melhores passeios a serem feitos durante uma viagem? Com o chat GPT essas respostas estão a alguns cliques de distância.
E o Chat GPT já vem sendo utilizado para diversas finalidades. Em 2020, o The Gardian pediu que a IA escrevesse um artigo para o jornal. No texto, o sistema tenta convencer o leitor de que os robôs não têm intenção de causar danos aos humanos (e que seriam, sim, nossos aliados!). Já o Scientific American pediu que o algoritmo escrevesse um artigo acadêmico sobre ele mesmo (com referências e linguajar científico!), que posteriormente foi publicado no servidor preprint HAL. O New York Times também entrou na brincadeira e pediu que a inteligência criasse histórias românticas (algumas ficaram melhores que outras). A última versão é capaz de, inclusive, interpretar imagens e textos presentes nelas! Analisou um meme!
Chat GPT e a Biotecnologia
Na área de Biotecnologia e Ciências, houveram alguns casos interessantes: Andrew Hessel conversou com a IA sobre Biologia Sintética, suas aplicações mais promissoras, seus riscos, como a IA poderia mitigar esses riscos e como uma pessoa jovem ou mesmo idosa poderia ingressar na área. Luciano Sphere utilizou o chat para estudar Biologia, fazendo perguntas como “compare células eucarióticas e procarióticas” e “que organelas são encontradas nas células eucarióticas?”, obtendo respostas corretas. Alex Berezow criou um quiz com 10 perguntas sobre microbiologia a nível de graduação. O Chat GPT alcançou cerca de 95% do quiz, valor superior ao de muitos estudantes.
Apesar de todos os avanços, o Chat GPT ainda comete alguns erros durante o seu uso, como o uso de palavras chulas, uso de discursos de ódio, machistas, sexistas ou racistas, podendo gerar textos de qualidade baixa ou sem sentido. Tudo isso se reflete nas informações que ele coleta, interpreta e traduz. Muitas dessas informações são encontradas na internet, na forma de textos ofensivos. O sistema também pode gerar informações científicas falsas, chegando ao ponto de gerar DOIs de publicações que não existem. Em um texto publicado recentemente no site, os criadores prometem que o “Chat GPT4 possui 82% menos chances de respostas com conteúdos inadequados e 40% de chance de gerar mais respostas verídicas que a versão anterior”.
Críticas e planos para a AI
Muitos cientistas vêm criticando o uso do algoritmo para a escrita de artigos científicos. Em março de 2023, pelo menos 4 artigos já creditavam autoria à IA. Eles foram publicados nas revistas Nurse Education in Pactice, Oncoscience, HAL Science Ouverte e no medRxiv. Esse movimento gera uma discussão sobre a criação de políticas que regulem o uso da IA para esses fins. Editoras e preprints argumentam que o Chat GPT não poderia ser classificado como autor, por não poder ser responsabilizado pela integridade do conteúdo exposto. Professores preocupam-se com questões como plágio e alteram a forma de aplicar avaliações. As autoridades responsáveis pela proteção de dados da Itália já proibiram o uso da máquina, pois a mesma estaria coletando dados dos usuários de forma ilegal.
No mercado, algumas empresas já vêm associando a IA ao seu próprio sistema operacional, como o GitHub, o Grammarly e o Duolingo. A versão atual do Chat GTP requer assinatura. A partir disso, o usuário pode fazer perguntas, determinar os assuntos a serem abordados, fornecer informações à máquina, definir o caminho da conversa, programar respostas e até mesmo a personalidade do robô!
Então, será o Chat GPT nosso amigo ou inimigo? A resposta ainda não está clara. Mas sabe-se que esta iniciativa é apenas a premissa de muitas outras que vêm por aí. A era das Inteligências Artificiais está se iniciando e amadurecendo. Estas tecnologias podem melhorar muito nossa qualidade de vida, como também podem trazer muitos problemas para a nossa sociedade. Como diria o ditado popular, a IA é uma ferramenta como qualquer outra. A finalidade que a nossa sociedade dá a ela que a transforma!
Cite este artigo:
FRADE, Bianca B. Chat GPT: amigo ou inimigo?. Revista Blog do Profissão Biotec. V. 10, 2023. Disponível em: <https://profissaobiotec.com.br/chat-gpt-amigo-ou-inimigo/>. Acesso em: dd/mm/aaaa.
Referências
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Fonte da imagem destacada: Alex Night/Pexels.