Pesquisadores brasileires publicaram no último dia 13 um trabalho em que utilizaram um acelerador de partículas para fazer uma microtomografia de raio X de neurônios em três dimensões.
Entender como os neurônios se comunicam e como a estrutura neural está montada é importante para a compreensão de doenças neurodegenerativas, como o mal de Alzheimer e o de Parkinson.
Com a técnica utilizada, os pesquisadores obtiveram a imagem dos neurônios em um estado íntegro, sem a necessidade de nenhum tipo de manipulação do cérebro de camundongo em estudo. O órgão foi apenas mergulhado em uma solução de mercúrio e submetido a uma microtomografia, muito semelhante ao processo de tomografia realizado no hospital. No entanto, os pesquisadores utilizaram a radiação gerada pelo acelerador de partículas do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) em Campinas – SP para a obtenção das imagens 3D a partir da microtomografia.
Veja o vídeo das imagens 3D veiculado pela UOL/Folha.
Explicando de maneira resumida, o cérebro de camundongo analisado foi girado em frente a um feixe de raio X gerado pelo acelerador. Depois, como em um quebra-cabeça, as 2048 imagens são montadas, por meio de análises matemáticas e computação, gerando a imagem do cérebro e dos neurônios em 3D.
O acelerador de partículas do LNLS é o único em funcionamento na América Latina. O LNLS é um dos quatro laboratórios nacionais do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) em Campinas. Uma segunda fonte de luz síncrotron (radiação produzida pela aceleração de partículas), o Sirius, está em construção também em Campinas e espera entrar em atividade até o final do ano. O Sirius será um acelerador de quarta geração, um dos mais modernos do mundo, e com ele espera-se que seja possível obter resoluções até dez vezes superiores às obtidas hoje com o acelerador atual, ou seja, alcançar a escala de 100 nanomêtros.
O estudo foi publicado na segunda (13) na revista Scientific Reports, do grupo Nature e foi realizado por pesquisadores do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) também do CNPEM, em parceria com pesquisadores do LNLS (CNPEM) e da UNIFESP.
Confira a repercursão em português no site da Folha e a matéria veiculada no Jornal Nacional da Globo.