Este ano aconteceu a terceira edição do Curso de Verão em Bioinformática da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), entre os dias 28 de janeiro e 1º de fevereiro. O evento é organizado pelos alunos do programa de pós-graduação e contou com a participação de professores do programa, além de pesquisadores externos. Foram oferecidos diversos cursos e palestras sobre as variadas áreas da Bioinformática.
A colaboradora Priscila Esteves compareceu ao evento e conversou com um dos organizadores, o Dr. Raphael Tavares, que participava da organização do evento pela primeira vez. Ele afirmou que o sucesso do Curso de Verão se deve ao time, que se dedica desde a primeira edição, ainda como Curso de Inverno. Alguns nomes a se destacarem nesse time são: Stellamaris Soares, Alessandra Lima, Rodrigo Kato e Heron Hilário. Fica aqui o sincero parabéns do Profissão Biotec pelo evento de excelência.
Curioso(a)?! Confira como foi!
DIA 1.
O primeiro dia do Curso começou com o credenciamento dos participantes e foi recheado de palestras! A abertura foi ministrada pela coordenadora da pós-graduação em Bioinformática da UFMG, Drª Glória Regina Franco. Sua palestra mostrou a definição da bioinformática, a importância de estudá-la, o histórico de surgimento e ampliação dessa área e quem, afinal, é o bioinformata. Essa palestra foi valiosa, tanto para aqueles que já tinham intimidade com a bioinformática quanto para aqueles que estavam em seu primeiro contato com a área. Além disso, a Drª Glória conversou com nossa colaboradora e deixou uma mensagem encorajando futuros participantes de comparecerem às próximas edições. Ela afirmou que o curso é uma ótima oportunidade para as pessoas conhecerem a bioinformática, o que é feito na área e, especialmente, dentro da pós-graduação oferecida pela UFMG.
Em seguida, a Fernanda Stussi, mestranda no programa, nos convenceu de que o casamento entre Biologia e Computação é perfeito! Ela usou analogias ótimas durante sua palestras, mas a melhor foi comparar o bioinformata à Pedra de Roseta, objeto que foi essencial para a interpretação dos hieróglifos egípcios.
A mestre em Bioinformática Alessandra Lima deu continuidade, falando sobre outro casamento: o da Bioinformática ao sistema operacional Linux. Ela mostrou alguns conceitos introdutórios da área computacional e tentou convencer a plateia a trocar o Windows por Linux! Brincadeiras à parte, ela mostrou aspectos importantes da rotina do bioinformata que se tornam mais fáceis e acessíveis por meio desse sistema operacional.
Após a palestra da Alessandra, o doutor em Bioinformática e representante da ThermoFisher Scientific, Leonardo Varuzza, tratou de uma nova tecnologia de sequenciamento e um software comercializado pela empresa, capazes de auxiliar na detecção de mutações e, assim, direcionar o tratamento de pessoas com câncer. Uma demonstração de como a tecnologia pode ser aliada ao bem-estar humano!
A Drª Natália Duarte Linhares também trouxe uma aplicação da bioinformática à saúde humana na sua palestra “Análise Bioinformática de Exomas na Prática Clínica”. Ela mostrou desafios nas análises de exomas, como, por exemplo, unir informações de diferentes áreas e testes clínicos a fim de obter resultados mais concretos.
Em seguida, a Drª Raquel Minardi, formada em Computação, falou sobre problemas computacionais em bioinformática. Ela fez uma referência ao desafio da internet “10 years challenge”, mostrando que a bioinformática é uma área mais consolidada atualmente. A palestra foi ótima para situar as pessoas que estão se inserindo na área a saberem por onde começar e em quais conhecimentos investir.
A última palestra do primeiro dia do evento foi sobre Metagenômica, ministrada pelo professor Dr. Aristóteles Góes-Neto, que faz parte do programa de pós-graduação da UFMG. Ele explicou que a metagenômica surgiu associada à ecologia de microrganismos, além de esclarecer o que essa área estuda e suas aplicações.
DIA 2.
A manhã do segundo dia foi marcada pelos primeiros minicursos: Introdução a GNU/Linux, Introdução à linguagem R e Visualização de dados em R. Pela tarde, o evento seguiu com mais palestras.
As primeiras palestras trataram da modelagem computacional de proteínas. A Drª Lucianna Santos iniciou o assunto, falando sobre Docking. Ela mostrou a definição do termo usando uma analogia bem interessante: comparou o atracamento do ligante a uma proteína ao atracamento de um navio ao porto. Em seguida, o Dr. Rodrigo Kato e o MSc. Rafael Rocha falaram sobre Dinâmica Molecular. Eles explicaram conceitos básicos que são utilizados nessa área, como campo de força, comprimento de ligação, deformação angular e estrutura secundária de proteínas. A plateia se assustou um pouco com tantas equações e contas envolvidas nas análises! Mas as palestras conseguiram esclarecer pontos cruciais nessas análises de modelagem.
A palestra seguinte foi sobre Proteogenômica, ministrada pelo Dr. Raphael Tavares. Ele explicou a importância de identificar genes a partir de seus produtos gênicos, a missão dessa área da bioinformática e bancos de dados que são essenciais a essa rotina. A palestra introduziu conceitos e elucidou pontos relevantes da proteogenômica.
A última palestra do dia foi marcada pela presença do Dr. Helder Nakaya, pesquisador na Universidade de São Paulo (USP). Ele tratou de aplicações da bioinformática para o público não-bioinformata, falando de programas desenvolvidos. Muitos dos programas têm impacto na obtenção de dados epidemiológicos e no diagnóstico de algumas doenças. Todos na plateia ficaram maravilhados com as tecnologias desenvolvidas pelo grupo do Dr. Nakaya!
DIA 3.
Já no terceiro dia de evento aconteceram, pela manhã, os cursos de Transcriptômica , Introdução à programação e Detecção de variantes. Nossa colaboradora fez o curso de Transcriptômica e adorou a forma como as ministrantes conseguiram, em curto tempo, mostrar todos os passos relevantes nessa área – da obtenção da amostra à interpretação dos resultados!
À tarde, as palestras deram continuidade ao evento, começando com o tema Filogenética, tratado pelo MSc. Cayo Dias. Ele mostrou a definição e a origem do termo, além de como inferir filogenias. A segunda palestra foi ministrada pela MSc. Stellamaris Soares e abordou a transcriptômica. Ela introduziu conceitos de biologia molecular e pontos importantes para a determinação do método de análise dos RNAs a ser escolhido.
Em seguida, o mestre Pedro Martins apresentou a palestra intitulada “A importância de aprender a programar na Bioinformática”. Nela, o público pôde conhecer diversos benefícios em aprender a programar, além de softwares usuais da Bioinformática. O palestrante também deu dicas sobre como iniciar a aprendizagem em programação – algo muito importante para as pessoas formadas em biologia ou áreas correlatas. Por fim, a última palestra do dia contou com a Drª Marta Giovanetti, que falou sobre Monitoramento genético de microrganismos, voltando-se ao futuro da epidemiologia, ecologia e evolução.
DIA 4.
No quarto dia, foram ministrados os cursos de Genômica e Evolução, Docking e Proteogenômica. A colaboradora Priscila participou do curso de Genômica e Evolução e saiu de lá querendo construir várias árvores filogenéticas! Particularmente, o curso foi muito interessante, mostrando os pontos-chave para relacionar sequências gênicas às suas histórias evolutivas.
No período da tarde, as palestras foram todas ministradas por professores/pesquisadores da pós-graduação em Bioinformática da UFMG, o que levou o dia a ser chamado de “Dia do Professor”. De acordo com o organizador, Raphael Tavares, esse dia tem como finalidade a valorização dos professores, além de uma aproximação dos (possíveis) futuros alunos aos possíveis orientadores da pós-graduação.
Entre os professores que participaram desse dia, estavam: Dr. Carlos Tagliati (toxicogenômica), Dr. Douglas Pires (medicina personalizada), Dr. Lucas Bleicher (bioquímica e evolução), Dr. João Cunha (doenças infecciosas), Dr. Thiago Braga (proteômica funcional), Drª Liza Felicori (produção de antivenenos; foto) e Drª Mariana Quezado (peptídeos bioativos).
DIA 5. (e, infelizmente, o último)
No última dia do Curso de Verão, aconteceram os cursos de Metagenômica, Montagem e análise de genomas e Dinâmica molecular. As palestras da tarde envolveram muitos assuntos motivacionais! Novamente de acordo com o organizador Raphael Tavares, essas palestras mais voltadas para o empreendedorismo visam inspirar à inovação e ao desenvolvimento de novas tecnologias.
Começando pelo Dr. Rodolfo Giunchetti, que falou sobre Startups e Empreendedorismo. Ele falou da importância da pós-graduação quando se trata de empreender na área de ciências da vida, além de ressaltar os principais desafios durante essa jornada. Em seguida, abordando um tema um pouco diferente do anterior, o Dr. Luiz Del Bem falou sobre o surgimento de plantas terrestres, reforçando que a evolução de plantas e animais é intimamente ligada.
As palestras seguintes foram voltadas ao desenvolvimento pessoal e profissional. Primeiro, o Thiers Ferreira, representante da empresa de marketing digital Rock Content, falou sobre marketing de conteúdo e redes sociais. Ele deu dicas de como aumentar a visibilidade de conteúdos postados nas redes sociais de uma forma orgânica – nada daquelas propagandas que brotam no meio da sua tela 5 minutos depois de você ter buscado o produto na internet!
Para encerrar o evento (mesmo que todos quisessem que ele durasse mais), o egresso do programa de pós-graduação em Bioinformática da UFMG, Dr. Thiago Mafra, mostrou seu ponto de vista após 4 anos do fim de seu doutorado. A palestra contou com o levantamento de questões políticas, sociais e educativas no Brasil, levando o público a refletir sobre seu papel como futuros pesquisadores no país.
Quem se interessar em participar da edição de 2020 tem que ficar ligado no site do Curso de Verão e também nas redes sociais do evento – Facebook e Instagram (@bioinfo_ufmg)! Eles fazem uma pré-inscrição para o Curso e só quem for selecionado nesta etapa pode se inscrever. E é concorrido, hein, tem mesmo que ficar sondando os meios de comunicação deles! A quem se interessar na pós (que, diga-se de passagem, tem a nota máxima da CAPES), esse é o link do site: http://www.pgbioinfo.icb.ufmg.br/index.php.
O evento superou as expectativas da autora, que o recomenda a todos que se interessem pela Bioinformática.