Saiba quais são as etapas comuns a muitos processos seletivos para ingresso no mestrado ou doutorado e como se preparar para cada uma delas.

Depois de escolher o programa de pós-graduação e elaborar o projeto de pesquisa, é hora de se preparar para o processo seletivo para ingresso no mestrado ou doutorado. De modo geral, cada programa de pós-graduação tem autonomia para estabelecer os critérios para a seleção de novos alunos. Mas há pontos em comum, e é deles que vamos falar neste texto da série “Vida acadêmica na Biotec”.

Requisitos gerais: planeje-se com antecedência

Geralmente, os programas de pós-graduação demandam, durante o processo seletivo, uma série de documentos dos candidatos. Há também programas nos quais os candidatos devem fazer uma prova de conhecimentos específicos da área. Para saber quais etapas são necessárias para o curso de mestrado ou doutorado que você escolheu, é necessário consultar o edital vigente. Se ainda não estiver disponível porque o processo seletivo não foi aberto, acesse a página virtual do programa. Nela, geralmente são encontrados os editais de seleções anteriores. Embora possam haver modificações entre um processo e outro, os editais encerrados podem dar uma boa ideia de por onde começar.

Os documentos frequentemente solicitados, além daqueles relacionados à identificação do candidato, incluem o diploma de graduação, para o mestrado, e o diploma de mestrado, para ingresso no doutorado. Se você ainda não obteve o respectivo diploma, consulte a secretaria ou coordenação do programa que você escolheu. Há casos em que uma declaração afirmando que você concluirá a graduação ou o mestrado em tempo, ou que já concluiu o curso e está apenas à espera do diploma, é suficiente.

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Confira nos editais do programa de pós-graduação quais os documentos necessários e etapas de seleção e prepare-se com antecedência. Fonte: mohamed_hassan/Pixabay. #PraTodosVerem: na ilustração, vistos de cima, há um celular e uma pilha de documentos. Há uma mão segurando um deles, enquanto outra mão aponta uma lupa para o papel. Há, ainda, uma lapiseira e uma xícara de café.

Além disso, muitos programas exigem conhecimento de um, ou mais, idiomas estrangeiros, sendo o inglês o mais comum. Portanto, pode ser que você precise apresentar um comprovante de suficiência ou proficiência: a suficiência serve para avaliar se o nível do candidato é suficiente para determinada finalidade (por exemplo, para leitura e interpretação de textos acadêmicos no idioma), enquanto o exame de proficiência visa detectar se o candidato é capaz de se comunicar plenamente no idioma estrangeiro, incluindo capacidade de ler, compreender, falar e escrever. 

Em algumas instituições, você pode realizar a prova de idioma estrangeiro durante o próprio processo seletivo, não sendo necessária a apresentação de um comprovante de suficiência ou proficiência. Porém, independentemente do caso, aí está a importância de começar a se preparar com antecedência e consultar editais passados: você conhece os requisitos e pode se preparar em tempo. 

Caso não disponha de recursos financeiros para estudar o(s) idioma(s) exigidos ou realizar as provas comprobatórias, procure na própria universidade à qual o curso de mestrado ou doutorado é associado, ou em instituições similares. Muitas delas, como as universidades federais, realizam provas de suficiência ou proficiência a preços menores que os de outros testes reconhecidos. Há, também, instituições que realizam cursos preparatórios gratuitos para ingresso na pós-graduação. Um exemplo é a Superintendência de Inclusão, Políticas Afirmativas e Diversidade (SIPAD) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que oferta, anualmente, um curso preparatório para a pós-graduação aberto para candidatos de todo o Brasil.

Outro requisito comum cobrado por muitos programas é a apresentação de um projeto de pesquisa. Este projeto será o “mapa” do que você pretende realizar e, em geral, deverá conter introdução, objetivos, métodos, cronograma e resultados esperados a partir do desenvolvimento da dissertação ou tese. 

O projeto de pesquisa receberá uma pontuação, que ajudará o programa a classificar os candidatos. Além disso, é possível que você precise defender seu projeto durante uma entrevista (falaremos mais dela daqui a pouco). Para elaborar o projeto de pesquisa, é importante que você entre em contato com o potencial orientador com antecedência, porque ele ou ela geralmente deverá aprová-lo, além de poder dar dicas valiosas para a realização desta etapa. E, novamente, não se esqueça de consultar o edital do processo seletivo, que deverá informar os requisitos e formato exigido para a entrega do documento. 

Finalmente, caso tenha dúvidas sobre a documentação ou edital, não hesite em contatar o programa de pós-graduação. Lembre-se que o ingresso na pós não é interessante apenas para você, mas também para o programa, que contará com o desenvolvimento de novas pesquisas. Assim, o atendimento e esclarecimento de dúvidas costumam ser rápidos.

Currículo: o resumo da sua trajetória

Há programas de pós-graduação que solicitam o envio do Currículo Lattes do candidato. Por isso, se você ainda não tem uma conta, ou se seu Lattes não está atualizado, é bom dedicar tempo para criá-lo ou refiná-lo, afinal, seu currículo é o “espelho” da sua formação e experiência. Caso o programa requeira um currículo em um formato diferente, como um Curriculum Vitae, procure destacar sua formação e suas experiências, incluindo participação em eventos e cursos. Lembre-se que estamos falando de mestrado e doutorado acadêmicos e, por isso, o foco do seu currículo deve estar em apresentar o seu histórico e envolvimento com atividades acadêmicas e científicas.

Novamente aqui, a leitura cuidadosa do edital vigente e dos anteriores será muito importante. Preste atenção na pontuação dada a cada tipo de experiência, informação que deverá constar nesses documentos. Muitos programas atribuem pontos às atividades como iniciação científica, estágios e até mesmo apresentações em congressos e eventos acadêmicos. Por isso, ao elaborar seu currículo, não se esqueça de incluir todas essas experiências relevantes. Além disso, há programas que requerem, além do currículo, a apresentação dos documentos comprobatórios de cada atividade. Por isso, nesse caso, organize-se com antecedência e tenha em mãos os arquivos correspondentes a cada experiência relatada.

Também inclua as atividades extracurriculares, que não necessariamente estarão elencadas no edital. Exemplos de experiências “a mais” são trabalhos voluntários, intercâmbio, participação em instituições como centros acadêmicos, premiações, entre outros. Mesmo que não sejam diretamente contabilizadas na sua pontuação, essas atividades demonstrarão para os avaliadores que você tem proatividade e outras características que pode aplicar no desenvolvimento de uma dissertação ou tese. Caso o currículo solicitado pelo programa de pós-graduação seja o Lattes, você pode incluir essas informações adicionais na seção “Outras informações relevantes”. Por outro lado, se o modelo de currículo adotado for o tradicional, crie uma seção apenas para reportar essas atividades.

Imagem ilustrativa de currículos
Seu currículo deve fazer “brilhar” sua trajetória acadêmica. Fonte: coffeebeanworks/Pixabay. #PraTodosVerem: na ilustração, sobre um fundo azul, há três folhas de papel, cada uma apresentando o currículo de uma pessoa.

Entrevista: hora de defender seu projeto

Alguns programas realizam entrevistas com os candidatos à pós-graduação. A entrevista para ingresso no mestrado ou doutorado é similar à uma entrevista de emprego, porém focada na sua carreira acadêmica.

Durante a entrevista, é comum solicitar ao candidato que retome aspectos relevantes da sua formação acadêmica e apresente seu projeto de pesquisa. Por isso, por mais que você se conheça bem, faça o dever de casa e estude seu currículo e seu projeto.

Geralmente, os editais dos processos seletivos trazem a informação de como será composta a banca avaliadora, quantos membros estarão presentes e qual o formato da entrevista. Portanto, leia cuidadosamente e atente-se a todos os detalhes do edital. Além disso, valem as mesmas dicas para processos seletivos de emprego: conheça a instituição (o programa de pós-graduação, nesse caso) e demonstre saber seus valores, objetivos e visão.

Algumas perguntas comuns em bancas de entrevista para o mestrado e doutorado, além daquelas sobre seu histórico acadêmico, são:

  • Qual sua motivação para desenvolver o seu projeto de pesquisa?
  • Como você pode contribuir para a área escolhida e para o programa de pós-graduação?
  • Quais suas expectativas em relação à pós-graduação e como se alinham aos objetivos do programa?
  • Por que seu projeto de pesquisa é relevante?
  • Você dispõe dos recursos (incluindo recursos financeiros  e material) necessários ou sabe onde procurá-los para desenvolver sua pesquisa? 
  • Você pretende contar com parcerias e colaborações com outros grupos de pesquisa?
  • Qual seu plano de carreira e como o mestrado ou doutorado se encaixam nele? Para responder a essa pergunta, lembre-se que a pós-graduação não é um fim em si, mas um meio para traçar um caminho profissional. 
  • Qual sua experiência com as técnicas que serão utilizadas para o desenvolvimento da pesquisa? Caso não tenha experiência, você sabe como e com quem aprender?
  • Você teria condição de se manter sem bolsa? Essa pergunta, infelizmente, não é incomum, visto que as bolsas não atendem a todos os pós-graduandos e apresentam, em muitos casos, valores defasados.

É possível, ainda, que os membros da banca avaliadora te façam perguntas provocadoras, que demandarão pensamento crítico. Procure manter-se firme e lembre-se que você é a pessoa que melhor conhece seu projeto. Se precisar, peça alguns instantes para refletir e responder. O intuito da banca, nesses casos, é avaliar se você é capaz de apresentar não somente seu projeto, mas as potencialidades e pontos de atenção da sua pesquisa, além da sua capacidade de se expressar e pensar criticamente, habilidades necessárias à pós-graduação. Além disso, durante a entrevista, a banca não espera apenas que você apresente seu projeto, mas sim que o defenda. Por isso, não subestime a importância de treinar e praticar a entrevista antes dela realmente acontecer!

Três pessoas sentadas
Na entrevista, você deverá defender seu projeto, além de mostrar que conhece o programa e suas linhas de pesquisa. Fonte: mohamed_hassan/Pixabay. #PraTodosVerem: na ilustração, aparece a silhueta de três pessoas, que estão sentadas. Duas delas estão próximas a uma mesa, sobre a qual há um notebook.

No próximo texto da série “Vida acadêmica na Biotec”, falaremos das etapas após o ingresso na pós-graduação e traremos dicas para o desenvolvimento da sua pesquisa. Siga-nos nas redes sociais e fique por dentro do conteúdo!

Perfil de Elaine Latocheski
Texto revisado por Luísa Valério e Bruna Lopes

Cite este artigo:
LATOCHESKI, E. C. Como ingressar na pós-graduação: o processo seletivo. Revista Blog do Profissão Biotec, v.10, 2023. Disponível em: <https://profissaobiotec.com.br/como-ingressar-pos-graduacao-processo-seletivo/>. Acesso em: dd/mm/aaaa.

Referências:

Fonte da imagem destacada: Unsplash.

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