Dengue: entenda tudo sobre a doença e a nova vacina

As doenças tropicais, cada vez mais, têm a atenção voltada para si, devido a sua alta abrangência territorial. Essas enfermidades são assim chamadas por conta de sua posição geográfica, pois se mostram maiores nos trópicos e subtrópicos, além de se caracterizarem por doenças negligenciadas nas quais há menor investimento. A dengue é uma destas tantas mazelas que se alastra pelo mundo há muitos anos.

A dengue, arbovirose transmitida pelo mosquito Aedes aegypti ou, em alguns casos, pelo Aedes albopictu, tem sua disseminação explicada por alguns fatores: as características climáticas, a intensa urbanização, o aumento da produção de lixo, a situação de saneamento básico local, o modo de vida da população, entre outros. A rápida proliferação do mosquito em questão é a principal causa do espalhamento da patologia.

Infecção e sintomas

A infecção acontece pela picada da fêmea do mosquito, que precisa se alimentar de sangue para que seus ovos amadureçam. Neste caso, se a fêmea for portadora de um vírus do gênero Flavivírus, causador da doença, este será transmitido para o nosso corpo. É uma doença que pode ser sintomática ou assintomática. Seus principais sintomas são: febre, dor de cabeça, dores musculares, dor atrás dos olhos, mal estar e manchas vermelhas no corpo. Essas manifestações clínicas variam de acordo com o sorotipo. Existem quatro: DEN-1, DEN-2, DEN-3, DEN-4. Alguns indivíduos apresentam quadros mais graves, com sintomas de cardiomiopatia e hemorragia, por exemplo.

Diagnóstico

A união entre aspectos clínicos e laboratoriais é fundamental para um diagnóstico preciso. A detecção de sinais e a procura rápida de acompanhamento médico contribuem para o diagnóstico e futuro tratamento da dengue.

Primeiramente, a atenção às manifestações clínicas é crucial. Elas podem apontar uma dengue clássica, de acordo com sua gravidade e frequência. A confirmação desse diagnóstico pode ser feita por meio de testes sorológicos, que identificam anticorpos IgM. Esse tipo de teste deve ser feito após o sexto dia de sintomas. 

Alguns métodos virológicos, como o isolamento viral e RT-PCR (PCR em tempo real), ou anatomopatológicos, como imuno-histoquímica, também podem ser utilizados no diagnóstico laboratorial. Destes, o único que detecta o vírus em um menor espaço de tempo é o RT-PCR (reverse transcription polymerase chain reaction). Todos esses métodos são válidos e eficazes no diagnóstico da dengue, no entanto o mais empregado atualmente é o sorológico.

Tratamento

Não existe um tratamento específico para essa doença. O Ministério da Saúde disponibiliza um guia “Dengue: diagnóstico e manejo clínico” que classifica os pacientes em quatro grupos e dita as devidas recomendações de tratamento para cada um deles.

No geral, as principais ações terapêuticas de rotina são ingerir bastante líquido e diminuir o quadro de febre e dores, por meio de medicamentos.

Prevenção

Ao falar de dengue, é importante destacar os meios de prevenção. Por isso, o PB elencou algumas ações essenciais para evitar a proliferação do mosquito:

·   Mantenha recipientes com água fechados;

·   Não deixe a água da chuva acumulada;

·   Deixe as lixeiras tampadas;

·   Feche os ralos;

·   Deixe as garrafas vazias de cabeça pra baixo;

·   Não deixe água parada!

Vacina contra Dengue

A busca pelo desenvolvimento de uma vacina acontece desde o momento em que perceberam a gravidade desta doença, há mais de 60 anos. Desde então, diversos centros de pesquisa e empresas privadas têm investido bastante dinheiro na expectativa de obter este imunizante.

A vacina é, de fato, o melhor meio para a prevenção da dengue. Para esse desenvolvimento, fatores epidemiológicos, socioeconômicos, tecnológicos, e de custos devem ser analisados.

Atualmente existe uma vacina disponível no Brasil, a Dengvaxia. Ela é recomendada para pessoas que já foram infectadas pelo vírus da dengue.

Bom, a novidade é que…

Há alguns dias, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro de uma nova vacina contra a dengue. A Qdenga (TAK-003) foi produzida pelo laboratório japonês Takeda Pharma. De acordo com os dados do Jornal Folha de São Paulo, ela apresentou eficácia de mais de 80% nos testes realizados. O diferencial dessa vacina é que ela pode ser aplicada tanto em quem já teve contato com o vírus, quanto em quem nunca teve a doença, diferente da citada anteriormente.

Este imunizante é composto pelos quatro sorotipos do vírus e é aplicado em duas doses, com intervalo de três meses. A indicação é para a faixa etária de 4 a 60 anos.

Com a aprovação da Anvisa, a vacina já pode ser liberada comercialmente na rede privada. No Sistema Único de Saúde (SUS), apenas com a decisão do Ministério da Saúde.

Vale reforçar que as vacinas são meios de prevenção totalmente comprovadas pelo enorme esforço de milhares de cientistas do mundo inteiro. Acreditem no poder da Ciência, pois, inegavelmente, ela é responsável por salvar milhares de vidas todos os anos. Dessa forma, vacinem-se! Essa é a melhor ação em prol da saúde humanitária.

Cite este artigo:
MOUSINHO, L. Dengue: entenda tudo sobre a doença e a nova vacina. Revista Blog do Profissão Biotec, v.10, 2023. Disponível em: <https://profissaobiotec.com.br/dengue-entenda-tudo-sobre-doenca-nova-vacina/>. Acesso em: dd/mm/aaaa.

Referências

BIASSOTI, AMABILE VISIOTI; ORTIZ, MARIANA APARECIDA LOPES; DA DENGUE, DIAGNÓSTICO LABORATORIAL. Diagnóstico laboratorial da dengue. Uningá Review, v. 29, n. 1, 2017.
BRICKS, Lucia Ferro. Vacinas para a dengue: perspectivas. Pediatria, v. 26, n. 4, p. 268-281, 2004.
CHIARELLA, Josely Marchi. Vacina da dengue: um desafio nacional. Revista da Faculdade de Ciências Médicas de Sorocaba, v. 18, n. 2, p. 123-124, 2016.
DIAS, Larissa BA et al. Dengue: transmissão, aspectos clínicos, diagnóstico e tratamento. InCID: Revista de Ciência da Informação e Documentação, v. 43, n. 2, p. 143-152, 2010.
FOLHA DE SÃO PAULO. Folha de São Paulo, 2023. O que se sabe sobre a nova vacina contra a dengue. Disponível em: < https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2023/03/o-que-se-sabe-sobre-a-nova-vacina-contra-a-dengue.shtml>
MACIEL, Ivan José; JÚNIOR, João Bosco Siqueira; MARTELLI, Celina Maria Turchi. Epidemiologia e desafios no controle do dengue. Revista de Patologia Tropical/Journal of Tropical Pathology, v. 37, n. 2, p. 111-130, 2008.
MENDONÇA, Francisco de Assis; SOUZA, Adilson Veiga; DUTRA, Denecir de Almeida. Saúde pública, urbanização e dengue no Brasil. Sociedade & natureza, v. 21, p. 257-269, 2009.VALLE, Denise; AGUIAR, Raquel; PIMENTA, Denise. Lançando luz sobre a dengue. Ciência e Cultura, v. 67, n. 3, p. 4-5, 2015.
Fonte da imagem destacada: Flickr.