Nós, seres humanos, possuímos dois tipos de DNA dentro de nossas células: o DNA cromossomal presente no núcleo e herdado metade de nosso pai e metade de nossa mãe no momento da fertilização; e o DNA mitocondrial (DNAmt), presente na organela mitocôndria do óvulo materno e que depois é copiado para as demais células do nosso corpo.
O que os cientistas sabiam até o momento é que o DNA mitocondrial é herdado por herança materna, durante a fecundação do óvulo. No entanto, pesquisadores americanos e chineses publicaram na última semana de novembro um artigo mostrando, através de sequenciamento de DNA, que em algumas famílias houve transmissão de DNA mitocondrial paterno durante a fecundação do óvulo e esse DNA não foi apagado no futuro embrião.
Testes do DNA mitocondrial vinham sendo utilizados para identificar ancestralidade materna. A evidência de que pode existir herança paterna do DNAmt pode alterar a forma como médicos e cientistas analisam doenças mitocondriais, mas segundo os autores do estudo, essa “herança paternal” não deve prejudicar a habilidade de utilizar o DNAmt para rastrear a história da humanidade. “Enventos ocasionais de transmissão paternal parecem não ter deixado marcas detectáveis no registro genético humano”, segundo os autores (tradução livre). A herança exclusivamente materna desse material genético é tão aceita que existe a ideia do Gene da Eva (the Eve gene), na qual todo indivíduo poderia ser ligado genealogicamente a alguma mãe primitiva de todos os seres humanos.
Leia o artigo original em inglês na revista científica PNAS, ou a repercussão no briefing da Revista Nature e do site IFLScience.