Não tem como se falar em Biotecnologia e não pensar imediatamente em Engenharia Genética. De fato, elas estão diretamente atreladas, podendo-se afirmar que esta é um dos pilares de sustentação daquela, sendo um assunto referência, usado com frequência na própria definição de Biotecnologia.

Para começar, podemos definir Engenharia Genética como o conjunto de técnicas que envolvem a modificação de ácidos nucleicos, assim como a transferência de material genético entre organismos distintos. Teve início no começo dos anos 70, mas os conhecimentos e ferramentas desenvolvidos posteriormente foram essenciais para sua consolidação e desenvolvimento  como campo de estudo. Dentre essas técnicas, podemos citar a descoberta de enzimas de restrição que cortam o DNA em sítios específicos, plasmídeos que são naturalmente trocados entre bactérias, e DNA-ligases, enzimas capazes de unir fragmentos de DNA entre  si.

A ideia de que se tem de “copiar e colar” o material genético

Além de técnicas para “copiar e colar” material genético, técnicas para introduzi-lo em outros organismos também tiveram que ser elaboradas. Já se sabia que as bactérias eram naturalmente capazes de internalizar material genético presente ao redor delas, porém com frequência e eficiência menores do que era necessário. Essa capacidade é chamada de Competência, e pode ser induzida artificialmente em células de várias formas, dentre elas, através de tratamento com sais, choques térmicos e eletroporação.

Entre 1972 e 1973, no auge do desenvolvimento das primeiras técnicas de engenharia genética, foi criado o primeiro organismo geneticamente modificado: uma bactéria, Escherichia coli, resistente ao antibiótico Canamicina. Tal conquista rendeu um Prêmio Nobel, em 1980, ao pesquisador Paul Berg, que conduziu os estudos em conjunto com muitos outros cientistas da área. Essa conquista levou à consolidação da técnica do DNA-recombinante e à criação do que muitos chamam de “Biotecnologia Moderna”. Em seguida, o primeiro camundongo geneticamente modificado foi criado, expandindo ainda mais as fronteiras da Engenharia Genética.

Bactéria E. coli, primeira a ser modificada

Atualmente a Engenharia Genética alcançou níveis de desenvolvimento extraordinários e clonar um gene de interesse ainda não é uma tarefa fácil, mas com certeza é menos complexa do que era há 40 anos. O desenvolvimento da técnica da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) e a evolução das ferramentas de sequenciamento de DNA permitiram que organismos geneticamente modificados fizessem parte do nosso dia-a-dia, desde a nossa alimentação, como soja, feijão e milho, até na produção de medicamentos, como a insulina recombinante, e em vacinas.  

A Engenharia Genética é crucial para a Biotecnologia, permitindo e auxiliando o desenvolvimento de outras áreas da esfera biotecnológica. É importante valorizar sua  importância, e prezar para que o seu desenvolvimento continue contribuindo para a Ciência e a Humanidade de modo responsável, sempre visando impactos positivos na sociedade.  

Referências:

CANDEIAS, J. A. A engenharia genética. Revista de Saude Publica, v. 25, n. 1, p. 3–10, 1991.

“What is genetic engeneering?” disponível em <http://www.yourgenome.org/facts/what-is-genetic-engineering>  acessado em 28/08/2016.

“History of genetic engineering” disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/History_of_genetic_engineering> acessado em 28/08/2016

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