Era uma vez o resfriado? Nova molécula se mostra promissora no combate ao principal causador do resfriado comum

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Aquela tosse incomodando, o nariz escorrendo, mal estar pelo corpo. Todos nós já tivemos um, ou melhor, vários deles. Popularmente conhecidos como resfriados, as infecções virais das vias respiratórias acometem milhões de pessoas no mundo todo, chegando a afetar 3,5 milhões de brasileiros todos os anos [1]. Pesquisadores no Reino Unido, no entanto, podem estar mais perto de encontrar a cura para boa parte delas.

Antes de mais nada, vale ressaltar que um engano comum feito nas conversas do dia-a-dia é entre resfriado e gripe. Ambos são condições distintas, a começar pelos sintomas. De acordo com o pneumologista do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) Hisbello da Silva Campo, a gripe é caracterizada por febre alta, dores no corpo, dor de cabeça e calafrios. O resfriado, em geral, tem sintomas parecidos: espirro, coriza, congestão nasal e mal-estar, mas que aparecem de forma mais branda. Além disso, a febre não é frequente e costuma ser baixa”.

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Semelhanças e diferencças entre o vírus da gripe e do resfriado. Para ler a imagem em tamanho legível, confira a fonte. Fonte: Tratamento Alternativo.

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O que os diferencia, no entanto, são seus agentes causadores: para a gripe temos o vírus influenza, enquanto o resfriado pode ser causado por três espécies de Rhinovirus distintas, cada uma contendo diversas variantes [2]. Ambos, porém, compartilham a característica de possuírem um código genético altamente recombinante, ou seja, que sofre muitas mutações.

“Além de causar os sintomas do resfriado em adultos saudáveis, o Rhinovirus também foi associado com exacerbações de asma e outras condições respiratórias como fibrose cística, podendo ser uma infecção perigosa para pessoas com o sistema imune comprometido.” – disse o Dr. Peter Barlow, porta-voz da Sociedade Britânica de Imunologia e professor associado de Imunologia e Infecção na Universidade de Napier Edimburgo [3].

Graças aos esforços de diversos pesquisadores, já temos a vacina para influenza, mas ainda assim precisamos ir todos os anos tomar uma nova versão. Para o resfriado, no entanto, seguimos na dependência dos bons e velhos lenços para o nariz e remédios paliativos.

Não há atualmente drogas ou vacinas para Rhinovirus que foram licenciadas para uso em humanos. Isso é principalmente porque existem cerca de 160 tipos diferentes desse vírus, então criar uma vacina efetiva contra todos esses tipos é extremamente desafiador.” – continuou o Dr. Peter Barlow.

Apesar das limitações mencionadas, devemos manter nossa esperança acesa, pois talvez estejamos um passo mais perto da cura. Uma pesquisa publicada na revista Nature [4] em maio deste ano mostrou que uma nova molécula [IMP-1088] é capaz de combater os resfriados mais comuns prevenindo o Rhinovirus de sabotar as células do nosso corpo. A grande jogada dos pesquisadores foi mirar em uma proteína do hospedeiro, no caso do ser humano, em vez de tentar atacar o vírus diretamente.

Para entendermos o porquê, vale lembrar que o Rhinovirus utiliza nossos ribossomos para traduzir seu genoma de RNA em uma única cadeia polipeptídica. A longa cadeia proteica produzida será processada pelas proteases virais para realizar todo o ciclo de vida do vírus, sendo que algumas das proteínas geradas são precursoras do capsídeo viral, a camada protetora do vírus, que é necessária para a replicação do mesmo.

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Fonte: Stapleford & Miller, 2010.

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Uma dessas proteínas que dará origem a camada protetora do vírus (capsídeo viral) sofre uma modificação por uma enzima do nosso próprio corpo, conhecida como N-miristoil-transferase (NMT), altamente conservada em organismos eucariotos. Foi demonstrado em outros estudos5,6 que esta enzima participa na montagem do capsídeo viral e no poder de infecção do vírus.

A descoberta dos pesquisadores foi uma outra molécula, denominada IMP-1088, capaz de bloquear esta nossa enzima NMT, prevenindo a ligação de ácidos graxos, ou ácidos gordos, para a formação do capsídeo viral. Sem esta enzima funcionando, o vírus é incapaz de sabotar nossas células e se multiplicar.

“Todas as variantes do vírus precisam da mesma proteína humana para fazerem mais cópias delas mesmas, então esta molécula [IMP-1088] deve funcionar contra todas elas.” – disse o Dr. Jim Brannigan, do Departamento de Química da Universidade de York/UK em uma declaração7  – “A droga inibe uma proteína do hospedeiro [NMT], então o vírus não consegue evadir seu mecanismo de ação através de mutação e é incapaz de desenvolver resistência.

O pesquisador líder Professor Ed Tate, do Colégio Imperial de Londres, também comentou: “O resfriado comum é um inconveniente para a maioria de nós, mas pode causar sérias complicações em pessoas com condições como asma e DPOC. Uma droga como esta poderia ser extremamente benéfica se ministrada cedo na infecção, e nós estamos trabalhando em fazer uma versão que possa ser inalada para chegar aos pulmões mais rapidamente.”

A droga, além de ser 100 vezes mais potente que outros medicamentos que também tinham como alvo proteínas humanas, não demonstrou sinais de efeitos tóxicos adversos em experimentos in vitro. Mesmo assim, os pesquisadores afirmam que extensos estudos toxicológicos ainda devem ser feitos para determinar até que ponto a eficácia deste medicamento é benéfica e superior aos potenciais riscos de se inibir a maquinaria de modificação proteica do hospedeiro.

Ainda que por ora só testada na bancada de laboratório, os pesquisadores esperam logo moverem seus esforços para testes em animais, e então testes clínicos. Enquanto isso, seguimos com as esperanças altas, de logo podermos dar um alívio para nossos narizes e anotar mais um nome na longa lista de doenças curadas pela ciência.

E você, já sabia da diferença entre gripe e resfriado?

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Referências
1. OMS: gripe afeta gravemente 3,5 milhões de pessoas por ano. Governo do Brasil. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/editoria/saude/2014/07/oms-gripe-afeta-gravemente-3-5-milhoes-de-pessoas-por-ano>. Acesso em: 18 de maio. 2018.
2. JACOBS, S. Human Rhinoviruses. Clin. Microbiol. Rev. 26(1). 135–162. 2013 Jan. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3553670/. Acesso em: 18 de maio. 2018.
3. SCIENCE MEDIA CENTRE. Expert reaction to lab study looking at a molecule targeting a human protein involved in the common cold. Disponível em: <http://www.sciencemediacentre.org/expert-reaction-to-lab-study-looking-at-a-molecule-targeting-a-human-protein-involved-in-the-common-cold/>. Acesso em: 18 de maio. 2018.
4. MOUSNIER, A. Fragment-derived inhibitors of human N-myristoyltransferase block capsid assembly and replication of the common cold virus. Nature Chemistry volume 10. Pages 599–606. 2018. Disponível em: <https://www.nature.com/articles/s41557-018-0039-2>. Acesso em: 18 de maio. 2018.
5. MARC, D. Lack of myristoylation of poliovirus capsid polypeptide VP0 prevents the formation of virions or results in the assembly of noninfectious virus particles. J. Virol. Vol. 64 no. 9 4099-4107. 1990. Disponível em: <http://jvi.asm.org/content/64/9/4099.short>. Acesso em: 18 de maio. 2018.
6.  MARC, D. Role of myristoylation of poliovirus capsid protein VP4 as determined by site‐directed mutagenesis of its N‐terminal sequence. The EMBO Journal, 8: 2661-2668. 1989. Disponível em: doi:10.1002/j.1460-2075.1989.tb08406.x. Acesso em: 18 de maio. 2018.
7. UNIVERSITY OF YORK. Molecule that acts on human cells might provide hope for cold cure. 2018. Disponível em: <https://www.york.ac.uk/news-and-events/news/2018/research/molecule-might-provide-hope-for-common-cold/>. Acesso em: 18 de maio. 2018.

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Revisado por Carolina Bettker e Mariana Pereira

 

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