Beijar é uma das formas que usamos para demonstrar respeito, carinho, amor e afeto a outras pessoas. Beijar é o ato de encostar os nossos lábios em outra pessoa, seja na bochecha, na testa, no nariz ou na boca. Independente do tipo de beijo que damos, o simples ato de beijar já é o indício de que gostamos daquela pessoa, seja de forma romântica ou não. Esse ato é tão popular em nossa cultura que temos um dia exclusivo para comemorar o dia do beijo! Esse dia é o 13 de abril.
A história comumente disseminada sobre a origem do dia do beijo surgiu lá na Itália no século XIX. No dia 13 de abril de 1882, um padre resolveu premiar as jovens solteiras que ainda não tivessem beijado, pois havia rumores que um jovem rapaz tinha beijado todas elas. O prêmio era um tesouro que só teria seu esconderijo revelado para aquelas que perante a Deus jurassem nunca terem beijado. No entanto, diz-se que até hoje o tesouro está escondido em algum lugar da Itália, pois nenhuma jovem solteira foi ao seu encontro. Aparentemente, o rapaz havia beijado todas elas e então o dia 13 de abril ficou conhecido como o dia do beijo.
O que nem todo mundo sabe é que por trás do ato de beijar o outro há ciência e envolvimento de neurotransmissores. Isso demonstra que dar um beijo não é algo tão simples assim. Quer saber mais sobre como a ciência e os neurotransmissores estão envolvidos nesse processo? Então vem comigo que vou te explicar.
Por que nós beijamos?
Beijar é um ato ao qual muitas vezes atribuímos a existência de algum sentimento pela pessoa beijada. No entanto, nós humanos não somos os únicos animais a beijar, apesar de atribuirmos significado diferente a esse ato comparado aos demais animais que também o realizam. A exemplo de outros animais que também beijam, temos outros mamíferos (bonobos – espécie de primatas – e cão-da-pradaria) e formigas, que são insetos com comportamento social.
Ao beijar o outro, seja esse beijo entre seres humanos ou entre animais, há troca de informações entre esses seres. Isso ocorre devido a saliva carregar informações e haver um contato mais próximo, sendo possível sentir o outro de forma mais intensa, como a exemplo do cheiro.
O beijo na boca entre duas pessoas é um momento de troca e pode ser o início de uma relação amorosa. Um estudo apontou que há influência entre gostar do beijo e a possibilidade de desenvolver uma relação com a pessoa. Tudo bem que isso é imaginável, pois quando gostamos de beijar alguém tendemos a querer repetir outras vezes, não é mesmo?
Tipos de beijos
No subtópico anterior foi falado sobre o beijo na boca, mas esse não é o único tipo que existe. Nem todos os beijos são dados por acharmos a pessoa atraente ou termos interesse nela, alguns são dados unicamente para demonstrar o afeto, carinho e/ou amor que sentimos pelo outro. Veja alguns tipos de beijos praticados:
- Beijo na bochecha: é quando alguém encosta os lábios na bochecha do outro. Esse tipo de beijo é comumente praticado entre pessoas que se gostam, mas não há envolvimento romântico, apesar de também ser praticado entre casais. Nesse beijo também pode não se utilizar os lábios e ser usado como forma de cumprimento social aproximando as bochechas.
- Beijo esquimó: esse tipo não envolve o uso dos lábios e se dá pelo encontro dos narizes, sendo mais praticado entre pais e seus filhos pequenos ou entre casais.
- Beijo na testa: quando uma pessoa encosta os lábios na testa de outra. Em geral expressa respeito, afeto, carinho e cuidado.
- Beijo na boca: quando os lábios de duas pessoas se encontram. É realizado entre casais e também entre pessoas que possuem atração entre si.
Onde está a ciência do beijo?
Como já dito anteriormente, beijar uma outra pessoa normalmente indica ter afeto por ela, mas também pode ser apenas um indício de atração/desejo (beijo na boca). No beijo em si não há ciência, no entanto ao beijar alguém ocorrem alterações químicas (liberação de neurotransmissores) em nossos corpos. Além disso, um beijo na boca que utiliza a língua é capaz de movimentar cerca de 23 músculos do nosso corpo.
A paixão, o amor e o beijo muitas vezes estão “de mãos dadas”. Quando se está apaixonado o corpo sofre algumas modificações, sendo duas delas o aumento de energia e a motivação para conquistar o outro. Durante o beijo existem dois neurotransmissores que são liberados pelo cérebro, a oxitocina e a dopamina. A oxitocina é conhecida como “hormônio do amor” pois quando em altos níveis está relacionada a manutenção de vínculo entre as pessoas. A dopamina é conhecida como “hormônio do prazer” por ser capaz de proporcionar bem-estar que irá motivar a pessoa a querer beijar novamente.
A oxitocina, apesar de ser conhecida como “hormônio do amor”, também atua em comportamentos sociais e reprodutivos e é produzida durante a lactação e as contrações do parto. Ela auxilia na escolha de parceiros, sejam eles românticos ou não. Um estudo administrou-a em indivíduos e observou que as pessoas com as quais tiveram maiores níveis desta foram as que quiseram se aproximar mais. A presença de oxitocina também é liberada durante a excitação sexual e o orgasmo.
A dopamina é conhecida como “hormônio do prazer” por ter sua produção induzida após o ato sexual. No entanto, esse neurotransmissor muitas vezes atua juntamente com a oxitocina, sendo os dois capazes de induzir a formação de casais e comportamentos sexuais. A denominação da dopamina como “hormônio do prazer” pode estar associada a sua liberação quando o sexo ocorre conforme as preferências sexuais. Essas alterações neuroquímicas que ocorrem no corpo demonstram que a escolha de um parceiro está ligada a alterações químicas provocadas durante as interações.
Beijar é uma ação que provoca sensações boas e prazerosas em nossos corpos. Não apenas o beijo na boca, mas os demais tipos de beijos também. Apesar de ser algo tão comum para a maioria dos seres humanos, o “simples ato de beijar” não é tão simplório por envolver modificações químicas. E aí, você já tinha parado para pensar que querer beijar ou repetir um beijo não era apenas uma simples vontade?
Cite este artigo:
LOPES, N. R. Especial dia do beijo – Um pouco da ciência por trás do beijo. Revista Blog do Profissão Biotec, v.10, 2023. Disponível em: <>. Acesso em: dd/mm/aaaa.
Referências
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Fonte da imagem destacada: Pixabay.