Praticamente todo mundo, em algum momento de seus estudos, já ouviu as seguintes frases: “‘Fulano’ foi fazer pós no exterior”; “‘Ciclano’ foi estudar nos Estados Unidos”; e “‘Beltrano’ virou professor na Argentina”. Se você se identifica com estas situações, saiba que é totalmente normal ouvir isso pelos corredores das universidades e empresas hoje em dia.
O Brasil, atualmente, enfrenta problema em manter seus profissionais qualificados trabalhando no país. Devido a enorme desvalorização, falta de oportunidades, pífios investimentos na área da ciência e descaso com diversas esferas públicas fundamentais, como segurança e saúde, milhares de profissionais deixam o Brasil em busca de oportunidades de emprego em países como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e China.
Se você tem vontade de saber como é feita a ciência fora do Brasil e deseja respirar novos ares na pesquisa em outro país, o PB veio ajudar com algumas dicas para você se preparar para essa nova jornada.
1 – Liste as instituições e os países que deseja estudar
Este primeiro passo é fundamental para que você possa começar a se organizar em busca de sua viagem internacional. A escolha das instituições deve levar em consideração diversas questões, que variam desde cultura às possibilidades de bolsa, caso seja desejado. Aqui vão algumas perguntas que você deve conseguir responder ao achar uma instituição, seja ela universidade ou empresa:
- É fácil encontrar moradia nos entornos da instituição?
- Qual é o custo de vida nesta cidade?
- A instituição tem o costume de aceitar alunos internacionais?
- Qual é a língua oficial deste país e como é a cultura local? O que é permitido e o que não é?
- Existe alguma oportunidade de financiamento ou salário?
Existem muitas outras considerações a serem feitas antes de colocar uma instituição como meta. O melhor a se fazer é ter o máximo de informações possíveis para que você não seja pego desprevenido após começar sua aplicação.
2 – Verifique os requisitos
Os requisitos de inscrição são extremamente importantes para a escolha da oportunidade e a continuidade da sua aplicação. Geralmente, eles delimitam o que é necessário para que você esteja apto a concorrer a vaga e contém informações sobre os documentos necessários e o processo seletivo. Dessa forma, é necessário atenção, principalmente, aos requisitos de nacionalidade, escolaridade e experiências prévias.
3 – Documentos pessoais
Este talvez seja o tópico mais importante e um dos que gera mais dúvidas nos aplicantes. Isso porque diversos documentos são necessários na hora da inscrição e no momento da sua viagem. Geralmente, para a inscrição, são exigidos os dados contidos no Documento de Identidade e no passaporte. Por isso, é extremamente válido que você, ao se inscrever para qualquer vaga, já tenha seu passaporte em mãos.
No entanto, o “bicho papão” de todo mundo que pensa em ir para fora é o visto. Além de possuir um valor um pouco “salgado”, para retirá-lo é preciso passar por um processo burocrático, no qual são exigidos diversos documentos e até mesmo uma entrevista, a depender do país. Apesar de assustar, os vistos só são exigidos após sua carta de aceite do programa para qual você aplicou.
Ter atenção na hora de submeter seus documentos é imprescindível, pois, muitas vezes, é necessário enviar junto deles uma tradução juramentada, caso eles estejam em uma língua diferente a do programa.
4 – Documentos para aplicação
Além dos documentos, outros “papéis” são necessários para que você oficialize a sua candidatura. Geralmente, eles são a primeira impressão dos avaliadores sobre você Ou seja, você precisa se esforçar para que esses documentos expressem quem você realmente é. Prove para quem irá ler o porquê você é apaixonado pelo que faz, o porquê você está aplicando e como esta oportunidade irá mudar sua vida. E nunca, nunquinha mesmo, minta durante o processo, pois além de chato, talvez você não poderá participar novamente.
Dessa forma, aqui são alguns dos materiais que você encontrará em praticamente toda aplicação:
- Curriculum Vitae/Resume: no Brasil, é comum utilizarmos o currículo, no entanto, quando nos tratamos do exterior, a história muda um pouco. Existem diversas regras que você deve seguir para formular um currículo que se adeque ao país e, devido a variabilidade, não conseguimos tratar aqui. Assim, vale a pena dar uma conferida antes na internet.
- Carta de recomendação (Recommendation Letter): Ela deve ser escrita por um professor ou alguém que assumiu uma posição de liderança onde você trabalhou, podendo ser seu orientador ou chefe.
- Carta de motivação (Motivation Letter): a carta de motivação é fundamental para que você diga coisas que vão além do currículo. É por meio dela que você poderá contar sua história e ressaltar o quanto aquela vaga é importante para você.
5 – Provas
Este tópico varia muito de oportunidade para oportunidade. Geralmente, as provas mais comuns são as de proficiência na língua estrangeira. Para o inglês, os exames mais comuns são o TOEFL e o IELTS, já para o espanhol é o DELE. Além disso, para vagas de mestrado e doutorado em universidades americanas, usualmente é cobrado o GRE ou GMAT. Eles se assemelham ao ENEM, porém são destinados aos alunos de pós-graduação. Vale ressaltar que todas essas provas têm um período de vigência, as quais podem ser utilizadas para as aplicações.
6 – Cuidado com as Deadlines
Durante sua aplicação, é necessário que você preste extrema atenção às Deadlines. Basicamente, elas são as datas finais em que você pode entregar todos os documentos. Dessa forma, para que nenhum imprevisto ocorra e você perca um ano de organização, entregue tudo uma semana antes da Deadline. Com isso, você estará evitando cometer erros devido à pressa de entregar no último dia e também poderá revisar todo seu material com parcimônia.
7 – Reserve um orçamento
Este talvez seja um ponto divisor de águas para sua decisão em aplicar ou não para determinada oportunidade. Obviamente, o desejo de todos nós que queremos passar um tempo fora é ter tudo bancado pela instituição. No entanto, infelizmente, nem sempre isso é possível. Dessa forma, ter uma reserva financeira para se manter em outro país é fundamental e é recomendado até mesmo para quem vai com bolsa, pois imprevistos sempre acontecem e é bom estar preparado.
Caso você tenha se apaixonado por uma oportunidade que não cobre todos os custos da sua ida, aqui vão algumas dicas que podem te ajudar a financiar essa experiência:
- Procure por bolsas governamentais/institucionais brasileiras ou do país em questão que financiam o intercâmbio de jovens estudantes. Algumas instituições relevantes: Fulbright Brasil, Fundação Estudar, Stipendium Hungaricum e Fundação Lemann.
- Em caso de estágio, converse com o orientador que te aceitou, pois ele pode te indicar para uma bolsa da universidade ou até mesmo pagar um salário (stipend) para você.
- Caso você vá estudar em universidades, procure trabalhos dentro da própria instituição.
- Por fim, você pode trabalhar no Brasil e garantir o seu “pé de meia” antes de ir. Geralmente, estudantes passam a vender doces, festas e outras mercadorias para financiar sua ida para outro país.
8 – Procure por brasileiros no local
Esta é uma dica extremamente interessante, mas que pouquíssimas pessoas se lembram na hora de estudar fora. Tente achar brasileiros que já traçaram o caminho que você deseja e faça perguntas. Descubra sobre as dificuldades, o que é necessário, quanto investiu, no que trabalha e como conseguiu chegar lá. Isso poderá encurtar seu caminho e evitar que você caia nos mesmos problemas que alguém já passou.
9 – Preste atenção no seu preparo emocional
Este é um ponto crucial a se pensar antes de viajar para outro país. Dependendo da oportunidade, você tem que estar preparado para passar bastante tempo longe da família. Além disso, haverão diferenças culturais, linguísticas e climáticas que poderão ser um dificultante nos primeiros meses de estadia.
Para se preparar para este momento, é interessante ler sobre os costumes do país e conversar muito com sua família. Ao chegar no destino, mantenha contato com as pessoas que você ama e tente fazer novas amizades. Lembre-se, que assim como você, haverão milhares de outros estudantes na mesma situação. O importante é fazer um grupo de amigos que se ajudam e potencializam o suporte emocional individual de cada um.
Bônus: onde encontrar oportunidades
Para finalizar este nosso texto, eu separei uma dica bônus que você não irá encontrar facilmente em outros blogs.
Aqui vai uma listinha de páginas da web nas quais você pode procurar por vagas internacionais:
- Atividades extracurriculares: InspiraSonho, OYA Opportunities, Youth Opportunities e Opportunities for Youth.
- Universidades: Partiu Intercâmbio, ScholarshipsCorner, Pathways to Science e Becas Santander.
- Estágios: para encontrar estágios, basta entrar no site da instituição que você deseja e clicar na aba “Careers” ou entrar em contato com pesquisadores do local.
Mas nunca se esqueça, existem milhares de outras formas de se encontrar oportunidades e cada pessoa terá seu encaixe perfeito. O processo pode ser exaustivo, mas não desista.
Cite este artigo:
ENRICI, A. W. Estudar fora: 9 dicas para fazer ciência em outro país. Revista Blog do Profissão Biotec, v. 11, 2024. Disponível em: <https://profissaobiotec.com.br/estudar-fora-9-dicas-fazer-ciencia-outro-pais>. Acesso em: dd/mm/aaaa.
Referências:
Colunista do Estudar Fora. Oito passos para estudar no exterior. Disponível em: https://www.estudarfora.org.br/oito-passos-estudar-no-exterior/. Acesso em: 14/04/2024.
DERMATINI, Maria. Falta de oportunidades mantém cientistas brasileiros no exterior. Disponível em: https://exame.com/ciencia/falta-de-oportunidades-mantem-cientistas-brasileiros-no-exterior/. Acesso em: 14/04/2024.
Hotcourses Brasil. 10 passos para conseguir a sua bolsa de estudo no exterior. Disponível em: https://vestibular.brasilescola.uol.com.br/estudar-no-exterior/como-conseguir-bolsas-estudo-no-exterior.htm. Acesso em: 14/04/2024.
MAGGI, Leticia.