As flores são um dos símbolos mais populares de beleza e elegância, presentes em diversas ocasiões especiais. No entanto, as flores possuem vida útil limitada após serem cortadas, o que tem sido uma preocupação para a indústria produtora de flores e para os consumidores. A biotecnologia surge como uma ferramenta promissora para aumentar a durabilidade das flores cortadas, oferecendo técnicas que vão desde o uso de agentes antibacterianos até a aplicação de compostos químicos e técnicas de melhoramento genético.
Agentes antibacterianos: o segredo para flores cortadas sempre saudáveis
A utilização de agentes antibacterianos é uma técnica bastante comum para prolongar a vida útil de flores cortadas, uma vez que as bactérias são consideradas um dos principais fatores que aceleram o processo de senescência e morte dessas plantas. Esses agentes atuam por meio de mecanismos bioquímicos, como a ruptura da membrana celular e a inibição da síntese de proteínas bacterianas, e podem ser adicionados diretamente na água do vaso ou aplicados nas hastes das flores. Dentre os agentes antibacterianos mais utilizados estão a prata coloidal, o hipoclorito de sódio (cloro comum), o cloreto de benzalcônio, o cloreto de cetilpiridínio e o etanol. No entanto, é importante ressaltar que a utilização desses agentes deve ser feita com cautela, seguindo as recomendações dos fabricantes, pois sua concentração em excesso pode prejudicar a saúde das flores e até mesmo o meio ambiente.
Aplicação de ácidos em flores
A aplicação de compostos químicos como ácido salicílico e ácido ascórbico é uma técnica amplamente utilizada para prolongar a durabilidade das flores cortadas. O ácido salicílico, um composto orgânico que atua como hormônio vegetal, é responsável por regular processos fisiológicos em plantas, incluindo a defesa contra patógenos e estresses ambientais. Quando aplicado em flores cortadas, atua como antioxidante, inibindo a formação de radicais livres que aceleram a senescência, e também inibe a produção de etileno, um hormônio vegetal que estimula o envelhecimento das plantas.
Por sua vez, o ácido ascórbico, também conhecido como vitamina C, é um poderoso antioxidante que ajuda a prevenir o dano oxidativo nas células das plantas. Quando aplicado em flores cortadas, atua como agente redutor, ajudando a estabilizar as moléculas de clorofila e proteínas das flores. Adicionalmente, o ácido ascórbico também é capaz de inibir a ação do etileno, retardando o processo de envelhecimento das flores.
Flores produzidas biotecnologicamente
Além disso, a biotecnologia também tem sido usada para criar variedades de flores mais duráveis. Estudos mostram que genes relacionados à produção de enzimas que degradam a parede celular das células das flores, como a poligalacturonase e a celulase, estão envolvidos no processo de senescência. Por meio de técnicas de silenciamento gênico, ou seja, engenharia metabólica de plantas, é possível reduzir a atividade desses genes e prolongar a vida útil das flores. Outra abordagem é a utilização de moduladores de sinalização de etileno, como os inibidores de biossíntese de etileno e os inibidores de ação do etileno, que podem retardar o processo de senescência.
Por fim, é importante destacar que, embora as técnicas biotecnológicas para prolongar a durabilidade das flores sejam promissoras, ainda existem desafios a serem superados. Um dos principais é a necessidade de desenvolver técnicas de aplicação práticas e economicamente viáveis para a indústria. Ademais, é crucial levar em conta os aspectos de segurança alimentar e ambiental envolvidos nessas técnicas.
Em suma, a biotecnologia apresenta diversas abordagens para aumentar a vida útil das flores, incluindo o uso de agentes antibacterianos, compostos químicos e técnicas de melhoramento genético. A implementação dessas técnicas pode trazer benefícios econômicos e ambientais para a indústria das flores, proporcionando plantas mais duráveis e atraentes para os consumidores.
Cite este artigo:
LEAL, G. C. Flores imortais: como a biotecnologia está prolongando a vida útil das flores. Revista Blog do Profissão Biotec. V. 10, 2023. Disponível em: <https://profissaobiotec.com.br/flores-imortais-biotecnologia-prolongando-vida-util-das-flores/>. Acesso em: dd/mm/aaaa.
Referências
dos Santos Soares, A. M., & Machado, O. L. T. (2007). Defesa de plantas: sinalização química e espécies reativas de oxigênio. Revista Trópica–Ciências Agrárias e Biológicas, 1(1), 10.
Fermiano, A. P., Kaseker, J. F., Nohatto, M. A., de Oliveira, J. D., da Rosa, E. D. F. F., & Nunes, D. H. (2018). Aplicação de ácido salicílico em plantas de arroz submetidas a competição com arroz-vermelho. Agropecuária Científica no Semiárido, 14(3), 198-203.
Noodén, L. D. (Ed.). (2012). Senescence and aging in plants. Elsevier.
Yamamoto, E. L. M., de Araújo Ferreira, R. M., de Oliveira Fernandes, P. L., Albuquerque, L. B., & de Oliveira Alves, E. (2011). Função do cálcio na degradação da parede celular vegetal de frutos. Revista verde de agroecologia e desenvolvimento sustentável, 6(2), 6.
Fonte da imagem destacada: Pixabay.