Se você está entrando pela primeira vez no laboratório, seja iniciando seus estudos ou no primeiro emprego, e está se sentindo em outro planeta com jaleco, luvas e óculos, ou sem saber o que é béquer ou erlenmeyer, nós temos a solução para os seus problemas! O Profissão Biotec preparou um guia, dividido em duas partes, para ajudar os cientistas de primeira viagem com alguns conceitos básicos sobre laboratórios e os principais equipamentos e vidrarias encontrados.
Tanto na universidade quanto na indústria, algumas regras são básicas. Elas devem ser seguidas para a segurança das pessoas e para a execução correta do trabalho. Em todo laboratório existe (ou deveria existir) uma pasta ou livro, que é o Manual de Boas Práticas de Laboratório. Nele podemos encontrar algumas recomendações para que a segurança das pessoas ali presentes seja mantida. Conhecer esse manual é um bom início para saber como pequenas atitudes resultam em boas práticas.
Este primeiro texto abordará os conceitos básicos sobre laboratório. Venha com a gente aprender um pouco sobre esse famoso ambiente!
Manual de Boas Práticas de Laboratório
O ambiente de trabalho deve estar sempre limpo e a área de circulação organizada para evitar acidentes. As superfícies sujas com reagentes, por exemplo, podem causar danos à próxima pessoa que se aproximar e se encostar ali, como urticárias e queimaduras. Além disso, experimentos podem ser contaminados por bancadas ou vidrarias que não foram bem higienizadas. Já os materiais fora do lugar podem causar acidentes com danos físicos, além de atrasar a execução dos trabalhos.
Quanto aos equipamentos, estes devem ser regularmente calibrados, e os reagentes conferidos quanto à validade e condições de uso. O dia deve ser previamente programado para evitar imprevistos, e os registros de atividades e resultados devem ser compreensíveis e atualizados para que outras pessoas, ou até mesmo o seu “eu do futuro”, possam ler e entender o que foi realizado. Isso ajuda na eficiência do trabalho e nos bons resultados dos experimentos, evitando processos desnecessários ou repetidos.
Dentro do laboratório todos devem utilizar os equipamentos de proteção individual (EPIs), como jaleco, óculos, máscara e luvas, conforme o risco da atividade realizada. Os estudantes ou trabalhadores que ali circulam devem receber treinamento adequado para a localização e utilização de equipamentos de emergência, descarte de reagentes e operação de equipamentos especializados. Antes de iniciar suas atividades em um laboratório, procure se informar sobre o treinamento oferecido e se programe para participar de um assim que possível.
Esses são alguns pontos simples, porém essenciais, que requerem organização e tempo disponível diariamente de quem convive no ambiente laboratorial. Para quem está começando, é bom consultar os responsáveis para se adaptar aos procedimentos daquele local. Cada laboratório possui uma rotina e pode apresentar diferentes riscos, a depender do que é realizado nele, então sempre procure se informar.
Alguns dos riscos existentes em laboratórios e que podem ser evitados com as Boas Práticas são:
- Risco de acidentes: está presente na maior parte dos ambientes de trabalho, não só dos laboratórios. Pode ocorrer por desorganização do local, iluminação inadequada, matéria-prima fora de validade, uso inadequado de EPIs, entre outros.
- Risco ergonômico: esse risco também não é exclusivo de laboratórios. Pode ser causado por esforço físico intenso, disposição errada de equipamentos, repetitividade de movimentos, entre outros.
- Risco físico: envolve, por exemplo, trabalhos em temperaturas extremas e sem uso de luvas adequadas, presença de ruídos e sem o uso de abafador, entre outros.
- Risco químico: manuseio de substâncias químicas sem luvas e jaleco, armazenagem em local incorreto, rotulagem inadequada, entre outros.
- Risco biológico: descarte incorreto de amostras biológicas, lixo hospitalar, materiais perfurocortantes, entre outros.
Equipamentos de proteção
Os EPIs são dispositivos de uso individual que protegem contra riscos que podem ameaçar a segurança e a saúde do indivíduo. No Brasil, o uso de EPIs ganhou destaque no governo Getúlio Vargas, com o surgimento das grandes companhias como a Fábrica Nacional de Motores, Companhia Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional. O número de trabalhadores expostos a riscos ocupacionais se elevou junto com o crescimento industrial, o que aumentou a relevância do uso desses equipamentos de segurança.
Alguns exemplos de EPIs são óculos, luvas, máscara e jaleco (avental). Ao escolher seu EPI fique atento ao material de que ele é confeccionado. O jaleco pode ser de algodão ou sintético, as luvas nitrílica, de látex ou de vinil. Em laboratórios onde se utilizam reagentes altamente reativos e inflamáveis, o jaleco de algodão é recomendado devido à sua resistência ao fogo, além de maior resistência à diversas lavagens. Quanto às luvas, as nitrílicas são as mais resistentes a pequenos cortes e perfurações e são hipoalergênicas. As luvas de vinil apresentam resistência intermediária e as de látex são as menos resistentes porém, em geral, mais em conta no mercado. A escolha do EPI depende da atividade a ser desenvolvida. Por isso, mais uma vez, reforçamos a importância da informação e treinamento.
Além dos EPIs, existem os equipamentos de proteção coletiva (EPCs). Esses são dispositivos utilizados no ambiente de trabalho para proteger os trabalhadores, de um modo geral, dos riscos inerentes aos processos produtivos. A ventilação dos locais de trabalho, proteção de partes móveis de máquinas e equipamentos, sinalização de segurança, chuveiro lava-olhos e extintores de incêndio são alguns exemplos de EPCs.
O uso correto de EPIs e EPCs é muito importante para a segurança no laboratório e em ambientes de trabalho e, caso não sejam utilizados, podem acarretar em advertências. É importante revisar os EPCs periodicamente para que estejam em condições de uso quando houver necessidade, assim como oferecer treinamento para que as pessoas conheçam a forma de utilizá-los corretamente. Todos os recém-chegados devem passar pelo treinamento, e o técnico responsável ou supervisor devem saber como fazê-lo para auxílio e retirada de dúvidas a qualquer momento.
O primeiro passo foi dado
Agora que você já sabe os cuidados referentes à limpeza, organização e segurança no laboratório, pode começar a conhecer um pouco mais desse novo mundo. Em breve, na parte 2 do nosso guia, vamos apresentar algumas das peças de vidraria e equipamentos mais utilizados no dia a dia do cientista para que você não se perca com tantos nomes e funções diferentes. Fique ligado que vem mais dica boa por aí!
Cite este artigo:
CARDIAS, B. B. Guia para iniciantes no laboratório: de boas práticas ao kitassato (Parte 1). Revista Blog do Profissão Biotec. V. 10, 2023. Disponível em: <>. Acesso em: dd/mm/aaaa.
Referências
COSTA, Ingrid Ferreira. 2022. Boas Práticas de Laboratório (BPL). Disponível em: https://www.linkedin.com/pulse/boas-pr%C3%A1ticas-de-laborat%C3%B3rio-bpl-ingrid-ferreira-costa/?trk=pulse-article&originalSubdomain=pt. Acesso em 15 de maio de 2023.
PANTALEÃO, Sergio Ferreira. 2023. EPI – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – NÃO BASTA FORNECER, É PRECISO FISCALIZAR. Disponível em: https://www.guiatrabalhista.com.br/tematicas/epi.htm. Acesso em 15 de maio de 2023.
SITE Pontotel. 2023. EPI: para que serve, o que diz a legislação, principais tipos e a importância do uso de equipamentos de proteção! Disponível em: https://www.pontotel.com.br/epi/. Acesso em 15 de maio de 2023.
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