Os Vírus da Imunodeficiência Humana ou HIV (Human Immunodeficiency Viruses) são os agentes causadores da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS, Acquired Immunodeficiency Syndrome) e são divididos em duas espécies descritas: HIV-1 e HIV-2. Esses vírus pertencem ao gênero Lentivirus, um subgrupo da família Retroviridae, que são caracterizados por apresentarem um longo período de incubação e possuir material genético constituído apenas de RNA. É possível saber mais sobre aqui!
A AIDS é a doença que resulta da infecção do organismo pelo HIV. Ela foi identificada em 1981, enquanto que o HIV apenas em 1983. Essa doença é caracterizada pelo colapso das células imunes do tipo T CD4+ e déficit das respostas do sistema imune. A partir de então, o ser humano que está infectado passa a ser suscetível a diversas infecções oportunistas, que geram doenças graves, como a tuberculose. Isso porque, uma vez que o sistema imune está danificado, o mesmo não consegue neutralizar os outros patógenos. Aqui no Profissão Biotec você pode encontrar mais informações sobre essa doença, clicando aqui!
O tratamento atual para a AIDS é baseado no uso de medicamentos antirretrovirais (ARV). Apesar de possuírem mecanismos de ação distintos, as diferentes classes de ARV têm como objetivo evitar a replicação viral, reduzindo então a carga viral do paciente. A replicação viral é o processo pelo qual os vírus produzem novas cópias de si mesmo utilizando a maquinaria das células infectadas do hospedeiro. Aqui é possível ler um pouco mais sobre os ARV utilizados! Apesar da sua importância, a terapia com ARV apresenta diversos efeitos adversos, como vômitos, lipodistrofia e disfunções hepáticas . É importante ressaltar que o Brasil distribui os medicamentos ARV gratuitamente através do Sistema Único de Saúde (SUS) desde 1996!
Mas… há cura para a AIDS?
Em 2020 estamos cada vez mais perto dos 40 anos da primeira descrição da AIDS/HIV, mas há alguma cura? O que tem sido feito até agora?
Não, não existe uma cura para a AIDS. Mas, até o presente momento, cientistas já relataram um caso de cura completa de um paciente e a possível cura completa de outro, mas que ainda permanece em acompanhamento. O primeiro, denominado “Paciente Berlim”, foi curado em 2006 por meio de um transplante de medula óssea utilizando um doador resistente ao HIV. É possível saber mais neste link! Em março de 2020, foi anunciado o “Paciente Londres”, que também através de um transplante de medula óssea de um doador resistente ao HIV está livre do vírus mesmo após 30 meses sem utilizar a terapia ARV.
É importante ressaltar que o transplante de medula óssea é um procedimento cirúrgico de alto risco e que os pacientes só foram submetidos ao mesmo porque possuíam leucemia e linfoma, sendo, dessa forma, uma alternativa para a cura do câncer e do HIV. Entretanto, cientistas de todo o mundo ainda permanecem na busca por melhores tratamentos e a Biotecnologia é a ferramenta fundamental para isso! A seguir, alguns dos avanços relacionados ao tratamento da AIDS.
Imunoterapia Parte I
Apesar da Biotecnologia ser uma fonte de estudos para várias abordagens terapêuticas utilizando edição genética, que são as mais brilhantes nessa área, a imunoterapia é uma das mais promissoras nesse momento! O HIV é um vírus perigoso que danifica o sistema imune do paciente, deixando o mesmo exposto a diversas infecções oportunistas. Mas, e se o sistema imune do paciente fosse melhorado a ponto do mesmo combater as células infectadas pelo HIV? É isso que diversos estudos vêm mostrando.
Pesquisadores do Centro de Saúde da Universidade de Montreal, no Canadá, demonstraram que o uso de anticorpos monoclonais utilizados no tratamento do câncer são capazes de ter como alvo as células T CD4+ infectadas com HIV, e assim reduzir significativamente a carga viral dos pacientes. Isso porque o Pembrolizumab, que é um anticorpo monoclonal utilizado no tratamento de alguns tipos de câncer, como melanoma, possui como alvo três proteínas (PD-1, LAG-3 e TIGIT) que são expressas tanto na membrana de células cancerígenas quando de células infectadas pelo HIV. É importante ressaltar que é um resultado preliminar e que os pacientes continuaram com o tratamento com ART.
Imunoterapia Parte II – Vacinas Terapêuticas
Ademais, o desenvolvimento de vacinas terapêuticas é uma área muito promissora no tratamento de pacientes infectados com HIV. As vacinas terapêuticas possuem como alvo os pacientes já infectados, ou seja, não é um método de prevenção para HIV. Essas vacinas têm como objetivo a produção de uma reação imune do próprio paciente contra as células infectadas; neste sentido, então, atuam “ensinando” o sistema imune a lutar contra as células infectadas e reduzir assim a carga viral do paciente. Para mais informações, acesse os links Labiotech, Nature e Oxford University Innovation!
A prevenção e o combate à AIDS é uma tarefa de todos nós, mas a Biotecnologia pode trazer algumas boas soluções nos próximos anos. Será que essas soluções aparecerão antes dos 40 anos da descoberta do HIV? Nos acompanhe para mais informações! E não se esqueça, a prevenção ainda é a melhor forma de combater a AIDS! O Ministério da Saúde tem ótimas informações relacionadas à prevenção!
Referências:
BARRÉ-SINOUSSI, F. et al. Isolation of a T-lymphotropic retrovirus from a patient at risk for acquired immune deficiency syndrome (AIDS). Science, v. 220, p. 868-871, 1983.
Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Ministério da Saúde. Disponível em <http://www.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/o-que-e-hiv>. Acesso em 22 Fev 2020.
FROMENTIN, R. et al. PD-1 blockade potentiates HIV latency reversal ex vivo ind CD4+ T cells from ART-suppressed individuals. Nature communications, v. 10, 2019.
GUPTA, R. et al. Evidence for HIV-1 cure after CCR5Δ32/Δ32 allogeneic haemopoietic stem-cell transplantation 30 months post analytical treatment interruption: a case report. The Lancet HIV, 2020. Disponível em <https://www.thelancet.com/journals/lanhiv/article/PIIS2352-3018(20)30069-2/fulltext>. Acesso em 22 Mar 2020.
HIV/AIDS. Organização Mundial da Saúde. Disponível em <https://www.who.int/features/qa/71/en/>. Acesso em 22 Mar 2020.
SOUZA, J.; STORPIRTIS, S. Atividade anti-retroviral e propriedades farmacocinéticas da associação entre lamivudina e zidovudina. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, v. 40, n. 1, p. 1-10, 2004.TREMOUILLAUX-GUILLER, J. et al. Plant-made HIV vaccines and potential candidates. Current Opinion in Biotechnology, v. 61,p. 209-216, 2020.