A higienização correta e manutenção periódica e planejada dos equipamentos é a melhor forma de manter a eficiência dos bioprocessos.

Assim como precisamos manter rígido controle sobre as condições de cultivo ou fermentação dos microrganismos para obter um bioproduto de qualidade, também precisamos manter os equipamentos utilizados em bom estado de funcionamento, a fim de garantir a qualidade do bioprocesso. E é aí que a manutenção dos equipamentos laboratoriais e industriais se encaixa. 

A manutenção de qualquer equipamento é fundamental para mantê-lo em ótimas condições, garantir o seu pleno funcionamento ao longo do período de uso e promover o melhor aproveitamento dos recursos financeiros. A manutenção deve ocorrer com a periodicidade correta, especificada pela fabricante dos equipamentos ou de acordo com as características do seu bioprocesso.

Neste texto, abordaremos os tipos de manutenção que são incorporadas nas boas práticas de utilização de equipamentos de bioprocessos, como é o caso de incubadoras e biorreatores. Também apresentaremos os métodos de limpeza que devem ser utilizados e que colaboram com o bom funcionamento desses dispositivos. 

Tipos de manutenção de equipamentos

Basicamente, os equipamentos laboratoriais exigem dois tipos de manutenção: a preventiva e a corretiva. 

A manutenção preventiva, como o próprio nome indica, visa preservar a integridade e o funcionamento dos equipamentos enquanto eles ainda estão funcionando “normalmente”. Essa prática evita danos graves ao equipamento e aumenta a  sua vida útil, sem a necessidade de parar o bioprocesso inesperadamente e por um longo tempo. Para tanto, equipes especializadas monitoram as características e condições do equipamento e, se necessário, realizam as alterações antes que o estrago esteja completo. Esse tipo de manutenção é planejado e programado, e alguns exemplos são: a troca de óleos e filtros, trocas de pequenas peças desgastadas pelo uso, avaliação do sistema eletrônico, limpeza do sistema de refrigeração e calibração dos sensores. 

Por outro lado, a manutenção corretiva é utilizada para solucionar problemas inesperados dos equipamentos laboratoriais. Esse tipo é usado quando nos deparamos com problemas ou danos no momento de ligar ou durante o uso do equipamento, como a queima de algum componente eletrônico. A correção do problema geralmente é feita imediatamente e no próprio local. Porém, em casos nos quais o dano é maior, pode haver a necessidade de levar o equipamento para o lugar apropriado, no qual as equipes especializadas trabalharão no conserto. Apesar de possuir grande importância, a manutenção corretiva deve estar associada à preventiva, caso contrário, se torna mais cara com o envelhecimento do equipamento.

Além disso, também existe a manutenção preditiva, que também é conhecida por manutenção sob condição. Esse tipo de manutenção possui caráter preventivo e visa antecipar e prevenir os possíveis danos e falhas dos equipamentos. Nesse modo, não há um calendário fixo para a manutenção, uma vez que dados dos equipamentos são monitorados de forma constante, a fim de prever o estado desses. A manutenção preditiva aumenta os intervalos de reparos dos equipamentos (manutenção corretiva) e também das manutenções planejadas (manutenção preventiva). Além de também reduzir custos e atrasos no fluxo produtivo.

Tabela de comparação entre a manutenção preventiva e a corretiva. Fonte: adaptado de Exata Consultoria Júnior

Tabela de comparação entre manutenção preventiva e corretiva

Uma das formas mais indicadas para gerenciar a manutenção de equipamentos, tanto em nível de bancada quanto industrial, é associar a manutenção preventiva e a corretiva. Isso porque:

  1. em longo prazo, os custos da manutenção corretiva tendem a ser maiores, enquanto os da preventiva tendem a diminuir; 
  2. a durabilidade, ou vida útil, dos equipamentos tende a ser preservada; 
  3. paradas longas na linha de produção são evitadas; 
  4. as manutenções fornecem maior segurança no trabalho, e
  5. a eficiência operacional das máquinas é aumentada.

Além da realização de manutenções periódicas, outro fator de grande importância para a qualidade do bioprocesso e eficiência da linha de produção é a rotina de limpeza dos equipamentos laboratoriais, que contribui para a redução no número de danos que podem ser causados por contaminação ou acúmulo de sujidades.

Rotina de limpeza dos equipamentos

Antes mesmo das manutenções, uma das mais importantes tarefas nos laboratórios e nas indústrias é a higienização adequada e periódica dos equipamentos.

A rotina de limpeza e organização é essencial para a segurança e bem-estar dos profissionais que ali trabalham, pois auxiliam a evitar acidentes e riscos de todos os tipos. Além disso, ao se trabalhar com bioprocessos, grandes esforços devem ser feitos para evitar contaminações por outros microrganismos, o que pode inviabilizar o bioproduto gerado.

Porém, devemos nos atentar aos diferentes níveis de limpeza e saber determinar qual deve ser utilizado em cada equipamento e momento adequado. Os níveis de limpeza consistem em: sanitização, desinfecção e esterilização. 

A sanitização é a mais comumente utilizada nas rotinas de limpeza, e consiste em limpar superfícies para reduzir a carga microbiana. Por sua vez, a desinfecção é utilizada para matar ou inativar microrganismos das superfícies. Por fim, a esterilização é utilizada para fazer a remoção total das contaminações, eliminando todos os microrganismos e esporos viáveis.

Tabela indicativa dos objetivos de cada nível de higienização e dos agentes utilizados em cada um. Fonte: Adaptado de INFORS HT por Bruna Pereira Lopes/Profissão Biotec.

SanitizaçãoDesinfecçãoEsterilização
Redução da carga microbiana das superfícies;Prática comum na rotina do laboratório com a utilização de sabão e detergentes;Podem ser usados panos macios, como microfibra, e um enxágue pode ser necessário para a remoção de possíveis resíduos.Remoção ou inativação dos microrganismos (com exceção de esporos);Pode ser realizada com álcool 70% ou compostos de amônio quaternário (que não danificam materiais metálicos ou plásticos, mas podem deixar manchas ou resíduos);Compostos de amônio quaternário podem conter aditivos (como inibidores de corrosão) e devem ser aplicados sobre a superfície previamente limpa e, instantes depois, removidos;A radiação ultravioleta também pode ser uma alternativa para a desinfecção e alguns equipamentos já possuem essa opção como um recurso.Remoção total de qualquer contaminação, incluindo esporos;Realizada por meio de agentes oxidantes como peróxido de hidrogênio e alvejantes, que não devem ser usados em materiais metálicos ou plásticos, pois são corrosivos.

Os protocolos de higienização dependem do tipo de material a ser limpo, e a escolha das substâncias indicadas varia de acordo com o nível de limpeza necessário

O ambiente onde os equipamentos se encontram também deve ter as paredes e o teto higienizados com certa periodicidade, além da necessidade de realizar a limpeza diária das superfícies e o descarte correto de resíduos. Também é importante salientar que a limpeza deve ser bastante minuciosa, garantindo a remoção das sujidades e contaminações de todos os compartimentos e da estrutura geral do laboratório.

Um  exemplo da combinação de higienização e manutenção é a retomada do uso de equipamentos que estão a demasiado tempo parados. O equipamento desse exemplo não pode, simplesmente, ter seu uso reativado. Antes disso, as etapas essenciais a realizar incluem a sanitização e esterilização interna e externa, bem como a manutenção corretiva de componentes que possam estar com danos e a calibração das suas medições, realizada por pessoal capacitado. 

A inteligência artificial (IA), por meios de softwares, pode auxiliar na gestão de equipamentos e bioprocessos. Um exemplo é a plataforma de software eve®, da INFORS HT que atua diretamente com a manutenção preditiva e corretiva dos equipamentos, uma vez que através da coleta de dados que realiza, em tempo real, pode verificar equipamentos que apresentam defeitos e, com a aprendizagem da IA, é capaz de fornecer informações essenciais para o cronograma de manutenção preditiva.

Nesse texto, abordamos os dois principais tipos de manutenção para equipamentos laboratoriais, a preventiva e a corretiva, bem como os níveis de higienização e a importância da limpeza de todos os materiais, equipamentos e ambientes de trabalho. Por fim, salientamos que a melhor forma de garantir o correto funcionamento do seu bioprocesso, com a redução de riscos de contaminação e de acidentes, é a gestão correta, planejada e periódica da limpeza associada à manutenção preventiva e corretiva, quando necessária.

Texto produzido em parceria com a INFORS HT

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Texto revisado por Elaine Latocheski e Natália Videira

Cite este artigo:
LOURENÇO, D. A. A importância da manutenção dos equipamentos laboratoriais.  Revista Blog do Profissão Biotec, v.10, 2023. Disponível em: <https://profissaobiotec.com.br/importancia-manutencao-equipamentos-laboratoriais/>. Acesso em: dd/mm/aaaa.

Referências

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RAMOS, L. F. B. Porque dar mais atenção a manutenção dos equipamentos na sua empresa? Exata Junior Consultoria. Disponível em: <https://exatajunior.com/blog/post/700550/porque-dar-mais-aten-o-a-manuten-o-dos-equipamentos-na-sua-empresa>. Acesso em 13 Jul 2022.TIPOS de de Manutenção: tudo o que você precisa saber. MANUSIS 4.0. Disponível em: <https://manusis4.com/tipos-de-manutencao-tudo-o-que-voce-precisa-saber/>. Acesso em: 13 Jul 2022.
Fonte da imagem destacada: INFORSHT.

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