O que seria a vida de um pesquisador sem o microscópio? Provavelmente seria quase impossível realizar as mais variadas pesquisas que fazemos hoje em dia. Isso porque a microscopia é uma técnica básica que nos permite observar aquilo que é invisível a olho nu por meio da utilização de lentes ópticas.
A ideia por trás do funcionamento dos microscópios atuais data de 1590 e provém do fabricante de óculos Zacharias Janssen. Por meio de uma combinação de lentes, Zacharias conseguiu produzir uma ampliação de cerca de 30 vezes. Já no século XVII, o físico holandês Antoni van Leeuwenhoek criou um microscópio simples capaz de ampliar em até 200 vezes, o que, para a época, foi um feito impressionante, já que ele permitiu a visualização de bactérias e protozoários.
Com o passar do tempo, os objetos ópticos foram se aprimorando cada vez mais e, com isso, milhares de registros e imagens foram sendo criados pelos cientistas ao redor do mundo. Visando preservar esse conhecimento e apresentá-lo à população, o museu Micropia em Amsterdã, Holanda, possui milhares de estandes onde são exibidas placas de Petri, imagens, vídeos, esculturas e representações 3D contendo os mais variados organismos desse mundo “invisível”.
Exposições do museu
A ciência e a tecnologia na Holanda têm uma longa história, produzindo muitas conquistas e descobertas notáveis nos mais variados campos de conhecimento. O país abriga um cenário inovador para o progresso científico e tecnológico, conforme demonstrado pelo seu segundo lugar no Índice de Inovação Global em 2018. Esse ambiente levou a muitos avanços importantes ao longo da história.
O Micropia é o primeiro museu totalmente destinado a esse tipo de apresentação. Foi inaugurado em setembro de 2014 e possui dois focos principais: estabelecer uma visão positiva acerca dos micróbios e se tornar uma plataforma internacional de microbiologia que reúne diversos grupos de interesse para preencher a lacuna entre a ciência e o público em geral.
Além das diversas exposições, os designers do museu fizeram questão de conectar as informações sobre micróbios aos humanos. Com esse fim, existem exibições contendo telas interativas, na qual o corpo dos visitantes é escaneado e, ao apontar para qualquer parte do corpo, as características e imagens dos microrganismos presentes são apresentadas.
Uma réplica de um dos microscópios superlativos de Leeuwenhoek é a primeira coisa em exibição após as barreiras de ingressos da Micropia. Ele fica em uma jarra de vidro e montado de cabeça para baixo. Ao seu redor estão amostras das coisas que Leeuwenhoek examinou em seu microscópio, incluindo infusões de pimenta, uma lentilha (uma espécie de planta) de um lago local e uma placa dentária.
Em uma pequena sala, uma imersão em diversos locais ao redor do mundo é proporcionada aos visitantes. São realizadas viagens por locais com condições extremas, como: a região da antiga usina de Chernobyl, vulcões, gêiseres, etc. Com isso, por meio de simulações computadorizadas, as telas mostram o que aconteceria caso um humano estivesse presente nesses ambientes.
Já no segundo andar, os visitantes podem acompanhar um show produzido por microrganismos fluorescentes. Na parede, eles formam a frase: “Quando você olha de perto, um novo mundo é revelado a você, mais bonito e espetacular do que você jamais imaginou” / “Bem-vindo à Micropia.”
Imersão no mundo invisível
Dada a facilidade com que as pessoas tendem a associar micróbios à doenças, as informações oferecidas no museu são notavelmente um afastamento dessa visão, e os visitantes se acostumam rapidamente à ideia de que seus corpos não são inteiramente seus.
Além disso, não poderia deixar de falar sobre uma das exposições científicas mais bonitas que se pode encontrar, as paredes de Petri. A sala mais famosa do museu Micropia contém milhares de placas de Petri cuidadosamente rotuladas, mostrando crescimento microbiano de diferentes formas. Os microrganismos possuem cores e formas completamente diferentes, o que permite a criação de lindos desenhos dentro das placas. Uma placa, por exemplo, mostra o que cresceu depois que a mão suja de uma criança o tocou. Outro mostra o que cresceu depois que a mão limpa de uma criança o tocou.
A instituição ainda conta com um programa educacional para alunos do ensino médio e de graduação. Essa é a descrição do projeto apresentada no site (em tradução livre): “O programa de educação da Micropia nos permite entrar em um mundo desconhecido. O micromundo é enorme e ainda assim invisível. A microbiologia é parte integrante do currículo escolar. No entanto, a falta de conhecimento especializado entre os professores e de equipamentos em sala de aula faz com que as escolas tenham dificuldade em cobrir o assunto. Micropia pode ajudar.”
Dessa forma, o Micropia está continuamente proporcionando a interação da sociedade com a Ciência. Além de fornecer conhecimento, o museu ainda contribui para o despertar da curiosidade em crianças e adolescentes que poderão se tornar cientistas magníficos no futuro. A parte mais interessante relacionada a esse projeto é que qualquer pessoa no mundo pode aprender de sua casa. A aba educacional do site conta com experimentos que podem ser feitos fora do laboratório, vídeo aulas e desenhos para colorir.
Para quem está na Europa, ou pretende ir no futuro, e ama biotecnologia, a visita ao museu Micropia é indispensável. As exposições ficam abertas ao público todos os dias da semana e o preço do ingresso é de 16 euros, aproximadamente 90 reais. Com toda certeza, esta será uma experiência que ficará na memória.
Cite este artigo:
ENRICI, A. W. Micropia: Uma aventura pelo mundo microscópico. Revista Blog do Profissão Biotec, v.9, 2022. Disponível em: <https://profissaobiotec.com.br/micropia-uma-aventura-pelo-mundo-microscopico/>. Acesso em: dd/mm/aaaa.
Referências
Shweta Mahajan. Most Unique Museum In The World – Amsterdam Vlog (2/3) | Indian Girl In Netherlands.Youtube, 09/2021. Disponível em: https://www.youtube.com/results?search_query=micropia+amsterdam. Acesso em: 10/03/2022