Desde 2015, para incentivar a participação feminina na ciência, o dia 11 de fevereiro foi instituído pela Assembléia das Nações Unidas como Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência. Para celebrar essa data e também o Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, o Profissão Biotec traz os resultados de uma pesquisa sobre a participação das mulheres na ciência e mostra projetos que incentivam as futuras gerações de cientistas. Vamos conferir?
Perfil das mulheres brasileiras na ciência
No dia 12 de fevereiro deste ano foi divulgado o Open Box da Ciência, uma cartografia que retrata a participação das mulheres na ciência brasileira. Esse levantamento, realizado a partir da análise dos currículos das pesquisadoras na Plataforma Lattes (base de dados preenchida pelos próprios pesquisadores que reúne seus currículos e linhas de pesquisa), considera a quantidade de artigos publicados, premiações recebidas, participação em eventos científicos entre outros. O projeto é apoiado pela Organização Gênero e Número e pelo Instituto Serrapilheira.
O projeto destacou o trabalho de 250 pesquisadoras brasileiras, consideradas protagonistas em suas áreas de estudo: Ciências Biológicas, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Exatas e da Terra, Engenharia e Ciências da Saúde (você pode conferir quem são essas pesquisadoras clicando aqui!).
Os resultados do Open Box da Ciência destacam que ainda temos um grande desequilíbrio de gênero no acesso à ciência no Brasil: dos 77,8 mil pesquisadores brasileiros com doutorado, 59,69% são homens e 40,3% são mulheres. Além disso, a maioria das pesquisadoras encontra-se na área da saúde, onde 56% do total dos especialistas são mulheres. Contudo, em outras áreas a participação feminina ainda é pequena: nas ciências exatas e da terra, elas são 31% dos pesquisadores e nas engenharias são apenas 26% do total.
Docentes mulheres no ensino superior. O gráfico demonstra a prevalência de docentes brancas (em comparação com pesquisadoras pardas, pretas, amarelas e indígenas) em todas as regiões do país. Fonte: Open Box da Ciência.
A maioria das pesquisadoras destacadas no estudo atua como docente no ensino superior, onde orientam alunos que contribuem para suas pesquisas e produções científicas. Porém apenas 15% destas pesquisadoras/docentes recebem bolsas de apoio à pesquisa (que possibilitam investimentos em suas pesquisas científicas) e possuem como principal fonte de renda os salários das universidades e de centros de pesquisa onde trabalham (ou seja, embora trabalhem com docência e pesquisa, recebem apenas como docentes).
Os resultados do Open Box Ciência também revelam que é baixo o número de mulheres negras, amarelas e indígenas entre as 250 pesquisadoras citadas no levantamento. Dados do Censo da Educação Superior 2018 (Ministério da Educação) indicam que apenas 2,4% entre as docentes da pós-graduação são pretas, 2% são amarelas e 0,3% são indígenas. As mulheres brancas ainda são 82,7% e as pardas são 12,7% das docentes de pós-graduação no país demonstrando que além da igualdade de gênero, as mulheres ainda precisam alcançar também a igualdade racial na ciência.
Incentivar é preciso!
Embora as mulheres sejam a maioria da população brasileira (51,7% segundo dados do IBGE), e representarem 57,2% dos estudantes matriculados em cursos de graduação no país, elas ainda não ocupam o espaço que deveriam na área científica. Por isso, prêmios, projetos e eventos que incentivam a participação de meninas e mulheres no “mundo científico” são tão importantes! O Profissão Biotec destaca agora algum desses exemplos que existem pelo Brasil:
FIOCRUZ (Fundação Oswaldo Cruz)
A instituição tem uma série de projetos gratuitos, em diferentes estados, que visam incentivar a participação de meninas na ciência.
Dentre eles estão o projeto “O Verão das Meninas na Fiocruz”, que estimula o interesse científico na juventude feminina e o projeto “Meninas baianas na ciência: conectando passado, presente e futuro”, que tem como objetivo incentivar meninas de escolas públicas a se interessar pelas áreas de ciência e tecnologia a partir de exemplos de outras mulheres cientistas.
Meninas na Robótica
Desde 2015, o projeto da equipe de robótica BODETRONIC busca aumentar o número de mulheres no curso de graduação de engenharia do CEFET/RJ (Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, campus Nova Iguaçu, Rio de Janeiro). O projeto leva para escolas públicas palestras que demonstram que a engenharia não é exclusivamente para homens.
Meninas SuperCientistas
O programa acontece na UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas, Campus de Campinas, em São Paulo), é gratuito e, por meio de palestras, oficinas e minicursos, visa incentivar alunas do ensino fundamental II (de escolas públicas e privadas) a ingressarem na carreira científica.
Programa “Para Mulheres na Ciência”
Promovido pela L’Oréal Brasil em parceria com a UNESCO Brasil e a Academia Brasileira de Ciências. Desenvolvido no Brasil desde 2006, o programa pretende motivar a participação das mulheres no cenário científico brasileiro e global, contemplando as premiadas com uma bolsa-auxílio para suas pesquisas. Até hoje o programa já reconheceu 96 cientistas (confira as brasileiras premiadas em 2019).
Fórum mundial para mulheres na ciência
Em fevereiro de 2020, o Rio de Janeiro sediou o fórum mundial para mulheres na ciência. O evento, promovido pela Academia Brasileira de Ciências, pretende dar mais visibilidade para as mulheres na ciência, estimulando a cooperação com outros pesquisadores, homens e mulheres, em toda a comunidade científica.
Iniciativas como essas ajudam a ampliar a participação feminina na ciência do nosso país. O Profissão Biotec tem muito orgulho de contribuir para isso através de um time de colaboradores majoritariamente feminino!
E você, se interessou por algum projeto citado? Conhece algum projeto que incentive a participação de mulheres na ciência? Conta pra gente!