Não fique aí de bobeira e vem entender esse bafafá da mídia sobre a trombose e por que ela está sendo considerada uma das maiores causas de morte dos últimos tempos.

Além do câncer, abordado no texto anterior desta série, a mudança no padrão de vida nos últimos anos alterou o perfil de outras doenças. A trombose, por exemplo, bombou como uma das maiores causas de morte no mundo, sem nem ser sequer notada.

Não, você não leu errado. Está escrito trombose. E não é papo furado não, ela é mais comum do que você pode imaginar.

Galera barra pesada

Mesmo que você não tenha ouvido falar muito da trombose ultimamente, já deve estar acostumado com o burburinho de alguns dos seus parças, como é o caso dos derrames (AVCs) e dos infartos.

E esses termos não inundaram só a mídia nos últimos anos; eles também estiveram bem presentes nos hospitais e clínicas de saúde. As Isquemias cardíacas e os AVCs são líderes mundiais de mortalidade há mais de duas décadas. No Brasil, essas e outras doenças do aparelho circulatório foram a maior causa de mortes em 2017.

Em 2017, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou dados do GBD (Global Burden of Disease) que mostram que aproximadamente 27% de todas as mortes no mundo são causadas por tais doenças. No Brasil, esse índice é de aproximadamente 22%, um pouco menor que a estimativa mundial – mas ainda assim alarmante. 

Mortes por acidentes vasculares cerebrais (AVC) e Isquemias cardíacas em 2017 segundo o GBD. Fonte: Autoria própria (2019).

O que muitas pessoas não sabem é que uma das causas dos quadros de AVC e de isquemia cardíaca é a trombose arterial. Ou seja, a trombose está correlacionada aos maiores indicadores de mortalidade do mundo.

Para você não achar que eu estou viajando na maionese, vamos entender melhor a correlação entre a trombose, AVCs e infartos.

Entrando pelo cano

Quando acontece alguma lesão no nosso corpo, como um corte na pele por exemplo, é comum que ocorra vazamento de sangue. Como muitas das nossas funções vitais dependem do próprio sangue, é de se esperar que o nosso organismo tenha mecanismos para estancar o sangramento, e um deles é a coagulação.

A coagulação acontece pela atuação de vários agentes que juntos formam um coágulo para bloquear a saída do sangue por ferimentos. Apesar de sermos muito eficientes nesse processo, em alguns casos, pode ocorrer a formação de coágulos dentro dos vasos sanguíneos. Este coágulo, chamado de trombo, acaba dificultando ou bloqueando a passagem de sangue no vaso. Esse processo é chamado de trombose.

Dependendo de onde esse trombo é formado podemos classificar a trombose em dois tipos: a trombose arterial, que acontece nas artérias (vasos que carregam sangue rico em oxigênio), e a trombose venosa, que acontece nas veias (vasos que carregam sangue pobre em oxigênio).

O maior problema acontece quando os trombos, ou parte deles, se desprendem e são carregados pela corrente sanguínea. Viajando pelo corpo eles podem chegar em regiões delicadas e dificultar o fluxo de sangue para órgãos vitais.

Doenças e complicações relacionadas à formação de coágulos na corrente sanguínea. Fonte: Autoria própria. Imagens: People vector created by photoroyalty – freepik

Uma trombose arterial pode levar aos casos que mencionamos anteriormente de AVC e isquemia cardíaca, por exemplo. Se o trombo bloquear uma artéria que vai para uma região do cérebro, ela fica paralisada e ocorre um AVC (acidente vascular cerebral). Se caso esse trombo bloquear o fluxo de sangue que vai para o coração, aí lascou! Temos uma isquemia cardíaca!

Bobeou dançou!

Além dos quadros consagrados das tromboses arteriais, as tromboses venosas também apresentam risco de mortalidade considerável. A Trombose venosa profunda (VTP), responsável pelo bloqueio de veias profundas das pernas, é um exemplo delas.

A VTP, que no Brasil é popularmente chamada apenas por trombose, acaba se tornando perigosa por conta de suas possíveis complicações: as embolias pulmonares. A embolia pulmonar acontece quando um coágulo bloqueia o fluxo sanguíneo de parte do pulmão. A principal forma de evitar esses episódios é o diagnóstico ainda na fase inicial, e é aí que está o problema.

Segundo o Ministério da Saúde, os sintomas da VTP são dor, vermelhidão, calor e rigidez da musculatura na região em que se formou o trombo, geralmente localizado nos membros inferiores. Com sintomas iniciais tão genéricos, muitas vezes os pacientes não procuram atendimento médico e por consequência podem ter uma embolia pulmonar.

Mas também não é preciso desespero. Em alguns casos, na trombose aguda, o próprio corpo se encarrega de dissolver o trombo antes que ele evolua para casos mais graves. 

Além disso, também é possível prevenir ou ao menos diminuir a chance de ser acometido pela doença – uma forma simples de prevenir a trombose é saber quais são as principais causas da doença. Para isto, o Ministério da saúde listou uma série de fatores que aumentam o risco de trombose, como:

  • Uso de anticoncepcionais ou tratamentos hormonais;
  • Tabagismo;
  • Ficar sentado ou deitado por muito tempo;
  • Obesidade;
  • Gravidez;
  • Presença de varizes;
  • Idade avançada;
  •  Insuficiência cardíaca;
  •  Tumores malignos;
  • Distúrbios de hipercoagulabilidade hereditários ou adquiridos;

Ficou chocado ao ver que alguns destes elementos estão presentes na sua vida? Como será que isso aconteceu?

Tanto chá de cadeira deu nisso…

Não adianta ficar borocoxô. Fora os fatores hereditários, idade e derivações de outras doenças, muitos dos itens na lista do Ministério da Saúde podem ser considerados “males modernos”. O tabagismo, o aumento da morbidez e a obesidade são exemplos disso.

Conforme visto no artigo anterior NO MEU TEMPO NÃO ERA ASSIM” – O CÂNCER, os índices de obesidade e morbidez entre os brasileiros nunca foram tão alarmantes. Grande parte disso se deu por conta de eventos sociais como a mudança no padrão de emprego, locomoção e entretenimento nos últimos anos.

Em 2018, pesquisadores da OMS divulgaram dados que mostram que, em 2016, 27,5% da população mundial não atingiu os níveis de exercício recomendados.

Pode parecer muito, mas não é nada impressionante dizer que eu, você e outras 1,4 bilhão de pessoas estamos passando muito tempo sentados, até mesmo para produzir e ler este artigo.

Índices de insuficiência de atividade física em 2016  mundial e por região segundo a OMS. Fonte: Autoria própria (2019)

Na escola, passamos horas estudando; na faculdade, repetimos o mesmo, e quando nos formamos muitas vezes só mudamos de mesa ou de bancada. Chegamos ao trabalho sentados no carro, ou ônibus, e não vemos a hora de chegar em casa para deitar e relaxar.

Depois de refletir sobre isso tudo até perdeu o barato dizer que uma das causas de trombose é a Síndrome da Classe Econômica, que pode ocorrer quando se passa muito tempo sentado em voos de longa duração.

 E agora, tá ligado?

Dizer que fazer exercícios é necessário caiu de moda mais rápido do que as gírias usadas neste artigo. Nunca é tarde para relembrar os conselhos do arco da velha, e pensando bem, não custa nada levantar para esticar as pernas e ficar atento aos sintomas da trombose, não só em você, mas também nos familiares mais próximos.

E já que não podemos mudar tanto assim nossas rotinas de trabalho e estudo, talvez valha o esforço tentar um exercício de vez em quando, e quem sabe fazer novos amigos, como a Silvia que me falou sobre os casos de trombose frequentes no hospital depois da nossa corridinha, afinal… a vida seria muito simples se fosse feita apenas ATGC.C

[Se você está achando essa série de artigos do balacobaco,  não perca os outros textos da série “No meu tempo não era assim”.]

Texto revisado por Letícia Cruz e Ísis Venturi
Referências:
Ministério da Saúde. Trombose: causas, sintomas, diagnóstico, tratamento e prevenção. Disponível em:  http://saude.gov.br/saude-de-a-z/trombose. Acesso Setembro, 2019.

SCHERES, Luuk JJ; LIJFERING, Willem M.; CANNEGIETER, Suzanne C. Current and future burden of venous thrombosis: Not simply predictable. Research and practice in thrombosis and haemostasis, v. 2, n. 2, p. 199-208, 2018.

Global Burden of Disease Collaborative Network. Global Burden of Disease Study 2017 (GBD 2017) Results. Seattle, United States: Institute for Health Metrics and Evaluation (IHME), 2018. Available from http://ghdx.healthdata.org/gbd-results-tool.

GUTHOLD, Regina et al. Worldwide trends in insufficient physical activity from 2001 to 2016: a pooled analysis of 358 population-based surveys with 1· 9 million participants. The Lancet Global Health, v. 6, n. 10, p. e1077-e1086, 2018.

BRASIL, Vigitel. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2016. Brasília: MS, 2017.

LYGIA REBELLO. Síndrome da Classe econômica. Disponível em: http://www.vascular.med.br/sindrome-da-classe-economica/ Acesso: Setembro 2019.

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