O Biotecnologista possui tarefas além da bancada. Longe do laboratório, está a sua tarefa mais fascinante, e também mais simples de ser executada. Tão simples que talvez alguns nem percebam.
Falamos da responsabilidade atribuída ao biotecnologista de realizar ações e participar de conversas com a finalidade de espalhar a biotecnologia da forma correta pela sua rede. Essa atividade não vai pro currículo e nem conta horas, mas o seu impacto positivo é imensurável.
Fonte: Microbiologia-Bioanalisis®
A impressão que a comunidade tem a respeito de pesquisa e inovação é, com frequência, desviada ou exagerada com relação ao propósito verdadeiro. Distorções, histórias pela metade ou apenas a versão que a pessoa entendeu, são episódios que acontecem a todo momento. A razão disso pode estar em diversos fatores, um deles: a própria comunidade científica foca no trabalho da porta do laboratório para dentro e se poupa da parte do contato real da tecnologia com os verdadeiros beneficiados – pessoas comuns.
Outro fator complicador é a forma como os meios de comunicação lidam com notícias a respeito da biotecnologia. Algumas descobertas que seriam apenas o início de um estudo aprofundado e promissor já são tidas como “a solução definitiva” e tratadas de uma forma que beira o sensacionalismo. São casos pontuais em que o real papel da ciência fica abafado por trás de uma manchete um pouco (ou totalmente) exagerada.
E todos temos também uma pequena forma de distorção de informações dentro da nossa casa. Quem nunca viveu uma situação onde o pai ou a mãe (super orgulhosos de você) contam a versão deles sobre a sua pesquisa? Você apenas observa?
Fonte: Pixabay
O nosso papel como biotecnologistas, neste contexto, é atuar além disso. Reconhecer nossa função e sermos ativos na construção do conceito da biotecnologia no dia-a-dia, para pessoas comuns. Hoje em dia, a população usufrui e depende de inúmeros produtos e processos biotecnológicos, mas poucos são aqueles que realmente reconhecem o que acontece. E a culpa não é deles, pois a tarefa de demonstrar isso é nossa.
Nos referimos a coisas simples. O “bichinho do iogurte”, ou kefir, que foi muito popular e era entendido apenas como uns animaizinhos que faziam iogurte. Quem tinha um desses em casa, experimentava a biotecnologia clássica em ação, no campo dos alimentos. E aquela linha nova de ônibus que possivelmente foi implantada na sua cidade, com um adesivo imenso escrito BIODIESEL no veículo. Será que todos sabem do que é feito e dos benefícios ambientais de operar uma frota de ônibus movida a um biocombustível? Ou então o rapaz que passa vendendo lanches feitos em casa, citando seus benefícios para alérgicos: sem lactose, sem glúten, sem transgênicos. Este último foi um caso real, onde colegas dedicaram um tempo para conversar com a pessoa com atenção, até que fosse possível compreender que não fazemos “sementes do mal”, mas sim “sementes do bem”. Veja que é mais simples do que parece.
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Podemos mudar o mundo ao nosso redor. Podemos mudar a percepção de ciência, desmistificar e conscientizar. Na universidade, a tarefa é produzir conhecimento e demonstrar à comunidade científica. Em empresas, o papel é desenvolver tecnologias para resolver problemas gerando retorno financeiro. Tudo com foco no benefício de algum problema da população, direta ou indiretamente. Mas será que ela sabe disso? A pessoa sentada ao seu lado, neste momento, sabe disso?
Nossa missão vai além de trabalhar 8h por dia, ou de escrever um artigo para uma revista científica. Temos muito poder além da bancada. Entender o impacto que pequenas práticas desse poder são capazes de causar é o primeiro passo para ir além. Cultive e propague informações pela sua rede, a biotecnologia está em todos. Converse com os que estão ao seu redor, com aqueles que você vê todos os dias, o segredo é simples.