Assim como tudo na vida exige equilíbrio, a glicose (o famoso “açúcar”) também precisa ter seus níveis controlados em nosso sangue. Quem regula os níveis de açúcar no nosso corpo é a insulina. A insulina é um hormônio produzido no nosso pâncreas que tem como função de sinalizar para a célula permitir a entrada de glicose, como uma chave que permite sua entrada em um local. Mas quando essa produção de insulina é insuficiente ou quando as células deixam de responder a esse hormônio, ocorre uma doença chamada de Diabetes.
O que é diabetes?
A diabetes mellitus é uma doença crônica na qual o corpo não produz insulina ou não consegue utilizar a insulina que produz. Essa doença é dividida em Tipo 1, Tipo 2 e Gestacional.
A do Tipo 1 geralmente ocorre na infância e adolescência; neste caso, o pâncreas não produz insulina e o paciente se torna insulinodependente.
A do Tipo 2 se dá por meio do estilo de vida. Neste caso, o indivíduo começa com um quadro de resistência à insulina, não sendo tratado, o organismo não consegue produzir o suficiente para controlar a taxa glicêmica, ou a falha da atuação do hormônio sobrecarrega o pâncreas, que entende que não tem insulina suficiente no sangue e produz mais e mais o hormônio, aumentando a taxa no sangue e assim evoluindo para diabetes. Fatores como má alimentação e sedentarismo podem influenciar que isso aconteça.
A do tipo Gestacional ocorre durante a gravidez, e um dos principais motivos é o ganho de peso da gestante.
Segundo a Federação Internacional de Diabetes, existem aproximadamente 463 milhões de adultos (entre 20 e 70 anos) no mundo vivendo com a diabetes, e estima-se que em 2045 esse número chegue a 700 milhões. A pesquisa mostra que a prevalência dos casos é a do Tipo 2, onde uma a cada cinco pessoas com mais de 65 anos têm diabetes no mundo. Os dados também mostram que mais de 1,1 milhão de crianças e adolescentes tem diabetes do tipo 1.
Na América do Sul, o Brasil é o país que ocupa o primeiro lugar do ranking, com cerca de 16 milhões de pessoas portadoras da diabetes entre 20 e 79 anos.
Como saber se estou com diabetes?
Os sintomas da diabetes são muitos similares entre seus diferentes tipos e o diagnóstico necessita de testes adicionais para confirmar o quadro. A diabetes é caracterizada principalmente pela hiperglicemia constante, sede excessiva e boca seca, perda repentina de peso, fome constante, visão embaçada, formigamento ou dormência nas mão e nos pés, feridas com cicatrização lenta, micção frequente (fazer xixi muitas vezes) e infecções frequentes na pele.
É importante sempre fazer um check up, não só para prevenir a diabetes como também outras doenças silenciosas.
Qual tratamento o para diabetes?
Além da administração de medicamentos, a alimentação e atividade física são fundamentais para o controle da diabetes.
Você já deve ter ouvido falar que as pessoas com diabetes recebem injeções de insulina diariamente para ficarem bem. Esse tratamento é para pacientes com diabetes do Tipo 1, os insulinodependentes e, eventualmente, para aqueles com diabetes Tipo 2. Lá em cima a gente viu que a insulina vai ser responsável por ativar mecanismos que levam a quebra das moléculas de glicose para que possamos ter energia.
Existem diferentes tipos de insulina e cada uma vai agir de formas diferentes. Temos insulinas de ação rápida, curta, intermediária e prolongada. A de ação rápida é tomada antes ou após a refeição; elas agem rapidamente para limitar o aumento de açúcar no sangue. A de ação curta é tomada antes da refeição, como ela não age tão rapidamente é prescrita de acordo com o quadro do paciente. A de ação intermediária tem duração com média de 7 horas e começa a atuar dentro da 1ª hora após a injeção. A prolongada é aplicada apenas 1 vez ao dia e tem ação por 24 horas.
Além das seringas e agulhas como veículo de administração da insulina, existem também as bombas de infusão de insulina.
A bomba de insulina é um dispositivo eletrônico ligado ao corpo por uma agulha na ponta. A liberação da insulina ocorre durante 24 horas de acordo com a recomendação médica e é muito precisa. A agulha e o cateter devem ser trocados no máximo a cada 3 dias. Por não ser a prova d’água, é necessário tirar no momento do banho mas esse tempo não pode ultrapassar 2 horas.
No diabetes do tipo 2 o tratamento mais importante é o estilo de vida, como dieta saudável, atividade física regular, não fumar e manter o peso ideal. Nesse tipo, ocorre a necessidade de medicação oral, a qual vai ajudar a reduzir a resistência do corpo a insulina, ou estimular o pâncreas a aumentar sua produção. Caso o esse tratamento não seja eficaz, o paciente precisará de injeções de insulina.
O que acontece se não tratar a Diabetes?
Diabéticos têm um maior risco de desenvolver vários problemas de saúde graves. O aumento no nível de glicose afeta o coração, vasos sanguíneos, olhos, rins e dentes, além do risco de desenvolver infecções.
Você deve conhecer alguém que que perdeu a visão ou teve algum membro amputado por causa da diabetes, mas sabe o por quê?
A retinopatia diabética, nome dado a pacientes que têm problemas de visão causados pela diabetes, ocorre devido ao aumento constante da glicemia, a Hiperglicemia Crônica, e esse aumento constante danifica os vasos sanguíneos da retina. Os sintomas iniciais são áreas escuras na visão, borrões e dificuldade de distinguir cores, podendo levar a cegueira.
Assim como os vasos sanguíneos são afetados, os nervos também são, isso gera a neuropatia diabética. Essa doença ocorre quando os nervos responsáveis pela sensação de dor e toque são afetados pela diabetes, o que causa a perda da sensibilidade dos membros, causando maior probabilidade de machucados, feridas e em casos extremos devido o dano desses nervos e vasos, a amputação de membro.
Diabetes tem cura?
Infelizmente não!
Além do tratamento citado anteriormente, alguns centros de pesquisa do mundo buscam alternativas para aliviar as complicações que a diabetes traz e também para reverter o quadro de resistência a insulina da Diabetes tipo .
Para a retinopatia diabética, existem alguns tratamentos usados p.ara retardar o avanço da doença. Esses tratamentos são realizados com medicamentos, tratamento a laser e a cirurgia ocular. Como os vasos estarão inchados, o laser e a cirurgia atuarão diminuindo esses vasos e parando o sangramento.
Como a biotecnologia pode ajudar no tratamento da Diabetes?
Aqui no blog já vimos outros textos que trazem as inovações que a biotecnologia permitiu na área farmacêutica, como os biossensores, biofármacos, antibióticos, impressão de orgãos, e não seria diferente no caso da diabetes. Os biossensores são pequenos dispositivos que utilizam reações biológicas para detectar um alvo, esses componentes podem ser enzimas, anticorpos, receptores, entre outros.
Até os anos 80, a insulina administrada nos pacientes era de origem animal. Os pâncreas dos animais abatidos eram retirados e após alguns processos, dava-se origem a uma insulina purificada. Mas esse processo começou a gerar reações adversas nos pacientes, como a produção de anticorpos contra o hormônio, diminuindo seu tempo de vida após a administração. Com o avanço da biotecnologia, pesquisadores conseguiram abandonar esse método e após estudos utilizando a engenharia genética foi possível produzir insulina a partir de uma cepa de Escherichia coli, gerando a primeira insulina recombinante do mundo.
Em 2018 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou do registro de insulina humana Gargilin, produzida pela farmacêutica brasileira Biomm. Confira mais informações no post do Profissão Biotec.
Além disso, uma insulina de nova geração tem gerado expectativa de pesquisadores e pacientes. Diferente do método tradicional onde o paciente aplica a de longa duração pela manhã e controla os níveis durante o dia, com essa nova insulina é possível ter apenas uma aplicação por dia através de um aparelho em forma de caneta. Como se não bastasse reduzir o número de furadas durante o dia, foi agregado a essa insulina o hormônio GPL-1, que é responsável por estimular a produção de insulina no organismo. Os estudos mostraram que mais de 70% dos pacientes que utilizaram essa tecnologia mantiveram seus níveis controlados. Agora é só esperar pelos resultados finais e sua chegada nas prateleiras das farmácias.
Além da produção Pesquisadores da Universidade de Goiás mostraram em probióticos, produtos que contém microrganismos benéficos à saúde, possuem potencial de trazerem benefícios para pacientes diabéticos. Há relatos científicos de que os probióticos reduzem a resposta inflamatória e o estresse oxidativo, além de aumentarem a expressão de proteínas de adesão no epitélio intestinal humano, reduzindo a movimentação de algumas substâncias no intestino. Esses efeitos aumentam a sensibilidade à insulina e reduzem a resposta autoimune. Mas ainda é necessário de mais estudos para comprovar isso.
Mesmo ainda não havendo uma cura, muitas pesquisas estão sendo realizadas para amenizar os danos causados pela diabetes, mesmo com cortes de bolsas e muitas vezes pouca infraestrutura a ciência está presente, confiem em nós.
Bom, por hoje é isso. Espero que tenham gostado e aprendido mais sobre a Diabetes, não esqueça de visitar seu médico para um check up. Compartilhe esse texto com amigos e familiares, pois divulgando informação também lutamos contra a diabetes!